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terça-feira, 17 de outubro de 2017

Temer agora vê conspiração contra ele. Para Dilma, golpe ficou escancarado

Um dia em que tudo pode acontecer e tudo pode ser adiado. Esta é a avaliação de analistas legislativos sobre esta terça-feira (17) na capital do país, que tem as atenções voltadas para a abertura, às 10h, da reunião da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara – que vai começar a apreciar o relatório da denúncia contra o presidente Michel Temer. É grande também a expectativa, no Senado, sobre adiamento ou não, da votação que vai decidir sobre a suspensão do senador Aécio Neves(PSDB-MG).
Está sendo aguardada ainda, a apresentação de um pedido da defesa da ex-presidenta Dilma Rousseff ao Supremo Tribunal Federal (STF) relacionado à ação que solicita a anulação do impeachment. A defesa considera que o processo de destituição de Dilma está a cada dia mais desmoralizado e o golpe, escancarado. Ela pretende solicitar que o conteúdo da delação do lobista Lúcio Funaro, divulgado no último final de semana, seja juntado aos autos do mandado de segurança que pede anulação do impeachment, em tramitação na Corte. Funaro afirmou ter entregue R$ 1 milhão ao ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, hoje preso, para a compra de votos de deputados com o intuito de que votassem pelo afastamento da presidenta, no ano passado.
Já no STF, saiu esta manhã a determinação do tribunal de que a votação sobre o caso Aécio Neves no Senado seja aberta.
Conspiração
Embora tenha liderado, ao lado do es-deputado Eduardo Cunha e do senado Aécio Neves o golpe que derrubou Dilma Rousseff, atolado em denúncias e com taxas de aprovação na casa de 3%, Michel Temer se diz agora vítima de um golpe.  Temer escreveu carta a deputados e senadores se defendendo de acusações e se diz vítima de “uma campanha implacável com ataques torpes e mentirosos” e que há uma “conspiração” para derrubá-lo do cargo.
A carta foi enviada a parlamentares da base aliada e da oposição no momento em que a segunda denúncia da Procuradoria-geral da República (PGR) contra ele está sendo analisada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Os últimos dias foram também de aparente desgaste na relação entre Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), seu sucessor imediato caso o peemedebista seja afastado. Pelo portal das Câmara foram vazados trechos da delação do doleiro Lúcio Funaro e até o número do telefone privativo do presidente, encontrado em agenda do amigo e ex-ministro, agora prisioneiro, Geddel Vieria Lima.
Depois da delação de Funaro, que disse que todas as ações de Cunha estavam ligadas a Michel Temer, o Palácio do Planalto passou a adotar a estratégia de fazer com que a denúncia seja votada no plenário da Câmara o quanto antes.
Se tudo correr dentro do prazo previsto, a votação do relatório será feita na quinta-feira (19). Mas para isso, é preciso que a Câmara realize, a partir das 9h de hoje, a última sessão plenária que permitirá o cumprimento do prazo regimental para apreciação da denúncia. Se não houver quórum suficiente, o trabalho da CCJ sofrerá atrasos – o que a base aliada do governo tenta evitar.
Se forem postergados os trabalhos de discussão do relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) sobre a denúncia contra o presidente e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-geral da Presidência), as discussões podem até ser iniciadas, mas a votação do texto na CCJ pode ficar para a próxima semana, o que levará a votação da matéria no plenário da Casa para meados de novembro.
Voto aberto no Senado
Fonte: https://www.carosamigos.com.br/index.php/politica/11038-temer-agora-ve-conspiracao-contra-ele-para-dilma-golpe-ficou-escancarado

terça-feira, 4 de abril de 2017

TSE inicia nesta terça o julgamento da cassação da chapa Dilma-Temer

TSE inicia nesta terça o julgamento da cassação da chapa Dilma-Temer
Foto: Lula Marques / Agência PT
 
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) inicia nesta terça-feira (4) o julgamento da cassação da chapa presidencial Dilma Rousseff-Michel Temer, eleita no pleito de 2014. O rito será o mesmo utilizado na análise de outros processos, inclusive, com a possibilidade de suspensão do julgamento por um pedido de vista ou para a concessão de mais prazo para a defesa se manifestar. De acordo com a Agência Brasil, a sessão começará com a leitura do relatório, o resumo de toda a tramitação do processo, pelo relator ministro Herman Benjamin. Em seguida, o presidente Gilmar Mendes passará a palavra aos advogados da ex-presidente Dilma Rousseff, do presidente Michel Temer e do PSDB. COm a argumentação das defesas, o representante do Ministério Público Eleitoral (MPE) apresentará o parecer pela cassação da chapa. Após as manifestações, o relator deverá analisar questões preliminares apresentadas pelos advogados antes de proferir seu voto. Benjamin também deverá se pronunciar sobre a aceitação da cassação e se as contas de Temer podem ser julgadas separadamente, como pede sua defesa. Os ministros Napoleão Nunes Maia, Henrique Neves, Luciana Lóssio, Rosa Weber, Luiz Fux e Gilmar Mendes votam em seguida. Se a chapa for cassada, o TSE deverá decidir se eleições indiretas serão convocadas pelo Congresso e se Temer poderá continuar com os direitos políticos - Dilma ficará inelegível por oito anos, por encabeçar a chapa.

Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/noticia/205529-tse-inicia-nesta-terca-o-julgamento-da-cassacao-da-chapa-dilma-temer.html

segunda-feira, 20 de março de 2017

Viagem de Lula e Dilma ao São Francisco se transforma em comício

 Dilma e Lula: camelôs já vendiam camisetas com a inscrição "Lula 2018" (Ricardo Stuckert/Facebook Lula/Reprodução)

Tanto o ex-presidente quanto Dilma Rousseff e o governador da Paraíba falaram das eleições em seus discursos


São Paulo – A cerimônia popular de inauguração das obras de transposição das águas do Rio São Francisco realizada em Monteiro (PB), na tarde deste domingo, 19, transformou-se em um comício pela candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 2018.
A ex-presidente Dilma Rousseff, o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), e o próprio Lula fizeram referências às eleições de 2018 em seus discursos.
Além dos discursos, a praça lotada de pessoas aos gritos de “Lula, Lula, olê, olê, olá” e “Fora, Temer”, a caravana de políticos e autoridades que contou com 15 senadores, dezenas de deputados, os presidentes do PT e do PCdoB, entre outros, e até os camelôs que já vendiam camisetas com a inscrição “Lula 2018” também remetiam a cenas típicas de campanha eleitoral.
Dilma, a primeira a falar, alertou para a possibilidade de Lula ser impedido de participar das eleições. O ex-presidente é réu em 5 processos referentes à Lava Jatoe seus desdobramentos e, se for condenado em primeira e segunda instâncias, pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
“Não vamos permitir um segundo golpe. O objetivo deles é impedir que candidatos populares sejam colocados à disposição do povo. O lula é esse candidato”, afirmou Dilma.
“No tapetão, não”, completou a ex-presidente dizendo que os brasileiros têm um encontro marcado com a democracia em outubro de 2018.
No discurso feito a uma multidão na cidade de Monteiro, Dilma afirmou que o projeto da construção foi de Lula para contrapor ao discurso do presidente Michel Temer de “paternidade” da obra.
“Eu tenho a honra de ter dado prosseguimento ao projeto que Lula deixou pronto. E este País assistiu a mais uma mentira depois do meu impeachment. Vejam vocês a cara de pau em dizerem que uma obra de transposição desse tamanho podia ser feita em seis meses. Esses que deram o golpe baseado numa mentira. Essa obra não é só um canal, é trazer a água lá de baixo por seis estações que correspondem a 92 andares. Alguém já viu um prédio de 92 andares ser construído em seis meses? Ninguém porque é mentira”, disse Dilma respondendo ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco.
Na sexta-feira, Moreira Franco usou o Twitter para rebater a entrevista de Dilma ao jornal Valor Econômico. A ex-presidente afirmou que impediu o ministro de “roubar” em seu mandato.
Na rede social, o ministro escreveu: “Em 6 anos, Dilma não conseguiu entregar as obras de transposição do Rio São Francisco. Nós entregamos em 6 meses”.
Temer esteve na semana passada na inauguração da obra e, na ocasião, afirmou que não queria ter a paternidade da transposição do Rio São Francisco. “Não quero a paternidade desta obra, ninguém pode tê-la. A paternidade é do povo brasileiro e do povo nordestino”, disse, em uma indireta ao ex-presidente Lula, em cujo governo foi iniciada a construção do canal.
Embora seja do PSB, partido que apoiou o impeachment de Dilma, o governador Ricardo Coutinho – que sempre se posicionou pessoalmente contra o afastamento da petista – citou trecho da música Divino Maravilhoso, composta por Caetano Veloso em 1969, para falar sobre a possibilidade de Lula ser impedido de disputar a eleição de 2018.
“É preciso estarmos atentos e fortes. É preciso dar condições para o povo expressar o que realmente ele quer. E eu sei o que o povo quer”, disse o governador, se voltando para Lula.
Em seu discurso o próprio ex-presidente se referiu à possibilidade de ser candidato em 2018. “Vocês sabem o que eles (adversários) estão tentando fazer com a esquerda neste País, fizeram com a Dilma e querem fazer comigo. Se eles quiserem brigar comigo, que venham brigar nas ruas”, desafiou o petista.
Animado com a presença de milhares de pessoas na praça de Monteiro, Lula disse que se for candidato vai entrar na disputa para ganhar. “Eles peçam a Deus para eu não ser candidato. Porque se eu for é para ganhar e trazer de volta a alegria deste País. Eu sei colocar o povo para sonhar com emprego e salário”, afirmou.
A exemplo do que havia feito quarta-feira diante de dezenas de milhares de pessoas que participaram de um ato contra a reforma da Previdência na Avenida Paulista, em São Paulo, Lula usou a cerimônia deste domingo, no agreste nordestino, para encaixar trechos de seu discurso de pré-candidato.
Ele lembrou dos pontos positivos de seus oito anos de governo, do bom desempenho da economia, e fustigou as políticas impopulares de ajuste fiscal adotadas pelo governo Michel Temer.
Lula voltou a dizer que a melhor forma para combater o déficit da Previdência é aumentar a base de contribuintes através da criação e formalização de empregos e do aumento de salários.
O ex-presidente, que desde o final do ano tem trabalhado ao lado de economistas petistas em um programa para contrapor o governo atual, explorou o fato de já ter governado para criticar a gestão Temer.
“Se eles, diplomados, não sabem fazer isso, peçam um conselho porque eu sei como é que faz”, provocou Lula.
O ex-presidente fez questão de destacar a presença do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad no evento e o papel de Ciro Gomes (PDT), possível candidato à Presidência, na execução da transposição.
Dias depois de Temer ter dito, na cerimônia oficial de inauguração, que não queria a “paternidade” do projeto, Lula, ao lado de Dilma, capitalizou para si a obra.
“Dilma e eu, Ricardo e outros governadores temos o orgulho de dizer que somos pai, mãe, irmão, tio, primo e sobrinho da transposição das águas do Rio São Francisco.”

Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/viagem-de-lula-e-dilma-ao-sao-francisco-se-transforma-em-comicio/

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

O que mudou com Temer nos programas sociais como o Bolsa Família


Há o temor de encolhimento do Estado, mas, por enquanto, Michel Temer manteve principais vitrines sociais BBC Brasil
 
A criação de programas sociais foi uma das principais marcas dos 13 anos de governos petistas. Para seus apoiadores, a troca de governo traria uma incerteza sobre a continuidade de iniciativas como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos, Prouni e Fies.
Mas seis meses depois da queda de Dilma Rousseff e ascensão de Michel Temer ao comando do País o que aconteceu com esses programas?
Se hoje há um temor de que o ajuste fiscal proposto pelo novo presidente trará um encolhimento do tamanho do Estado brasileiro, potencialmente reduzindo serviços de saúde e educação, as principais vitrines sociais têm sido mantidas pela nova administração federal.
O Bolsa Família, por exemplo, teve seu valor reajustado pouco após a posse de Temer, enquanto o Minha Casa Minha Vida segue em marcha lenta no atendimento às famílias mais pobres — o que já acontecia desde o ano anterior, ainda no governo Dilma.

Confira abaixo o que aconteceu com cada programa.
Bolsa família
Menos de dois meses após sua posse, Temer anunciou um aumento médio de 12,5% do benefício do Bolsa Família — a última correção havia sido feita dois anos antes. O presidente constantemente cita o reajuste para rebater as críticas de que seu governo não prioriza a área social.
Na semana passada, o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário anunciou ter feito "o maior pente-fino já realizado em toda a história do Bolsa Família" para combater "irregularidades" e "garantir que o benefício seja destinado a quem realmente precisa".
Após realizar o cruzamento de diferentes bancos de dados —como INSS, Caged (registros formais de trabalho), registros de óbitos, entre outros —, a pasta anunciou o cancelamento de 469 mil benefícios e o bloqueio de outros 654 mil, o que representa 8% do total de 13,9 milhões de benefícios.
Ex-ministra da área social no governo Dilma, Tereza Campello refuta o ineditismo da medida. Segundo ela, desde 2007, as administrações petistas promoveram cruzamento de dados para identificar inconsistências no programa. Em 2014, por exemplo, 1.290 milhão de benefícios foram cancelados ou bloqueados ainda antes da eleição, afirmou.
Para Campello, o tom do anúncio do novo governo "criminaliza os mais pobres".
"Todo ano temos a malha-fina do Imposto de Renda e não há esse escarcéu, não chamam de fraude. Esse tom atrapalha a política pública, criminaliza os pobres e incita um ambiente de ódio. Me preocupa que esse ambiente esteja preparando para uma redução do Bolsa Família", afirmou.
À BBC Brasil, o ministério afirmou que não pretende realizar mudanças no programa.
"Não estamos cortando recursos. Todo esse dinheiro voltará para a área social, seja para aqueles que estão na fila de espera e até, quem sabe, para melhorar os valores repassados", disse o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, ao anunciar o "pente-fino".

Minha Casa, Minha Vida
O Minha Casa, Minha Vida - programa que subsidia casas para grupos de menor renda — já havia encolhido no governo Dilma e segue reduzido no de Temer. O principal problema está na faixa 1 do programa, justamente a que atende o segmento mais pobre (famílias com renda mensal de até R$ 1.800, segundo as novas regras do programa).
Nessa faixa, as contratações de novas unidades estão quase paralisadas desde 2015 devido aos cortes de gastos do governo.
As novas unidades contratadas caíram de um recorde de 537 mil em 2013 para apenas 16,9 mil no ano passado e 32,5 mil neste ano, até setembro. O grosso de 2016 foi contratado em maio, justamente quando houve a troca de governo.
A razão da forte queda das contratações é que a faixa 1 custa bem mais caro para a União (que banca até 90% do imóvel) do que as faixas 2 e 3 (renda familiar de R$ 2.351 a R$ 6.500, segundo as novas regras). Nesses dois grupos, a redução das contratações tem sido bem menor.
O atual governo acaba de implementar uma nova faixa (1,5), que já havia sido anunciada por Dilma, para atender famílias com renda até R$ 2.350 - ela vai oferecer menos subsídio que a faixa 1, mas mais do que as 2 e 3.
"Nesse momento, o Minha Casa Minha Vida está em uma completa paralisia enquanto programa social. Enquanto crédito habitacional, ele continua funcionando", critica Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).
Responsável pelo programa, o Ministério das Cidades informou que "em virtude do atual cenário macroeconômico do País, que impôs restrições de natureza orçamentária e financeira", a prioridade neste ano é retomar as obras paralisadas e entregar moradias contratadas.
Segundo o presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), José Carlos Martins, o governo tem retomado as obras paradas a um ritmo de 4.000 a 5.000 unidades por mês.
"Teve muito atraso de pagamento no governo Dilma, muita empresa não aguentou, teve dificuldade e abandonou as obras", observa.
Para o próximo ano, a previsão da proposta de Orçamento que tramita no Congresso é de contratação de 170 mil unidades na faixa 1 e 400 mil nas demais.
A expectativa de Boulos e Martins, porém, é que a aprovação da PEC do teto (que prevê que os gastos do governo não poderão subir acima da inflação por vinte anos) deve impactar o futuro do programa. Isso porque, mesmo que a arrecadação se recupere, as despesas não poderão subir no mesmo ritmo.
"Isso é um drama para o setor", observa Martins.
"Não se trata apenas de dizer que não têm recurso agora, mas de apontar para um congelamento de investimento social pelos próximos 20 anos. A situação com certeza representa um agravamento", afirma Boulos.
Desde a criação do programa, em 2009, foram contratadas 4,4 milhões de unidades (40% na faixa 1) e entregues 3,076 milhões (35% na faixa 1).

Mais Médicos
Nascido há três anos sob críticas da classe médica brasileira, o programa Mais Médicos hoje é "muito bem avaliado, pelos gestores e pela população, principalmente os profissionais cubanos", disse à BBC Brasil o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
Com 18.240 médicos em 4.058 municípios (73% do total) e em 34 distritos indígenas, o programa está sendo mantido no mesmo tamanho que o herdado da administração petista.
Os profissionais são pagos pela União (bolsa-formação mensal de R$ 11.520) para trabalhar em localidade onde os municípios não conseguem atrair profissionais, seja porque são áreas distantes, consideradas perigosas ou porque o salário que a prefeitura pode pagar não é atrativo.
Apesar do seu sucesso, não há previsão orçamentária para ampliação, embora o ministério acredite que os novos prefeitos eleitos neste ano possam apresentar novas demandas.
Na semana passada, Barros anunciou medidas para tentar estimular o aumento da participação de brasileiros no programa. Hoje, dois terços dos profissionais do Mais Médicos são cubanos, contratados por meio de um convênio com o governo de Cuba. Outros 29% são médicos com diploma brasileiro e 8,4% com diploma de outros países (intercambistas).
Todas as vagas foram primeiro oferecidas para médicos daqui e apenas depois preenchidas por estrangeiros. Mas quando essas posições ficavam vagas novamente, por exemplo por desistência do médico de fora, ela era automaticamente preenchida por outro estrangeiro.
Agora, o governo aproveitou que parte dos cubanos está deixando o País, porque seu contrato de três anos se encerrou, para rastrear mil vagas em postos potencialmente mais atrativos para oferecer mais uma vez aos brasileiros. São vagas nas capitais dos Estados ou nas áreas metropolitanas, de todas regiões do País.
Questionado sobre porque os brasileiros aceitariam essas vagas agora, Barros disse que se trata de "um novo momento", já que mais profissionais se formaram e entraram no mercado nos últimos anos.
A meta do Ministério da Saúde é realizar 4.000 trocas de médicos estrangeiros por brasileiros em três anos. A intenção agora é abrir editais com oferta de vagas para brasileiros a cada três meses, e dar prazo de 15 dias para eventuais trocas de postos dentro do programa, entre médicos brasileiros.
No momento e ao longo dos próximos meses será realizada a troca de milhares de médicos cubanos, já que o governo de Cuba não permite que esses profissionais fiquem mais de três anos no Brasil (exceções foram abertas para aqueles que formaram família aqui).
A previsão é que a troca deixe as cidades sem médicos por cerca de 40 dias. Segundo Barros, isso é inerente ao sistema do programa, pois Cuba só envia novos médicos quando os que estão no Brasil retornam.
"Esse programa vai continuar até que tenhamos médicos suficientes para ocupar os postos aqui no Brasil. Os municípios não abrem mão", disse à BBC Brasil o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Mauro Junqueira.

Prouni e Fies
O governo Temer também está dando continuidade aos principais programas petista para acesso de estudantes de baixa renda às instituições privadas de ensino superior, mas o Fies (Financiamento Estudantil) apresentou problemas nos primeiros meses da nova administração devido a atraso nos repasses para cobrir custos administrativos dos bancos que operam os empréstimos para os alunos.
Segundo o Ministério da Educação, esse atraso foi culpa da administração anterior, que não deixou recursos suficientes para execução do programa. Por isso, foi solicitada ao Congresso em agosto, e aprovada em outubro, a liberação de R$ 700 milhões extras. Na semana passada, também foi aprovado que parte do custo administrativo dos bancos seja repassada às universidades, o que deve gerar economia anual de R$ 400 milhões ao governo.
O Fies oferece aos alunos empréstimos subsidiados e com condições especiais, como prazo de carência após a formatura para início do pagamento. A previsão é que os recursos destinados pelo governo para esses empréstimos subam de R$ 18,7 bilhões neste ano para R$ 21 bilhões em 2017, conforme a proposta de orçamento enviada ao Congresso.
Segundo a ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior), o atraso na liberação dos recursos "estava impedindo a renovação de cerca de 1,8 milhão de contratos dos alunos do programa, deixando os estudantes em situação irregular, com risco de não poderem frequentar as aulas a partir do primeiro semestre de 2017".
Ainda segundo a associação, "os alunos continuaram a frequentar as aulas, mas aproximadamente 1.400 instituições de ensino superior particulares ficaram sem o repasse por quatro meses", atraso que somaram "mais de R$ 6 bilhões".
Outro programa que está sendo mantido é o Prouni (Programa Universidade para Todos). Ele permite que as universidades deem bolsas de 50% e 100% aos alunos em troca de descontos em impostos.
Segundo dados do Ministério da Educação, o número de novas bolsas ofertadas teve pequeno aumento no segundo semestre de 2016 (125,5 mil) em comparação ao mesmo período de 2015 (116 mil), no entanto, a alta foi puxada pelo crescimento das bolsas parciais (de 47.033 para 68.437), enquanto as bolsas integrais, ou seja, que cobrem toda a mensalidade, caíram (de 68.971 para 57.141).

domingo, 4 de setembro de 2016

Recursos podem levar Dilma de volta ao poder, alerta Janaína: 'Quem tudo quer, nada tem’


Recursos podem levar Dilma de volta ao poder, alerta Janaína: 'Quem tudo quer, nada tem’
Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

A jurista Janaina Paschoal, uma das autoras do processo de afastamento de Dilma Rousseff, criticou a decisão de grupos políticos e partidos questionarem a decisão de “fatiar” a votação do impeachment no Senado, na última quarta-feira (31). No dia em que a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada definitivamente, uma análise separada definiu que a petista poderia ocupar cargos públicos nos próximos oito anos, ao contrário do que pedia o processo. Até o momento, ao menos 11 ações contra a habilitação já foram protocoladas no Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo uma do PSDB (entenda aqui). 
Para Paschoal, contudo, essa decisão pode reverter toda a decisão e fazer com que Dilma volte à Presidência. “Se o impeachment for anulado, ainda que se marque novo julgamento, Dilma voltará imediatamente para o poder, pois terão passado os 180 dias. Será que eu preciso desenhar? Estou indignada com tanta falta de visão”, criticou, em sua conta no Twitter. Janaína afirma, ainda, que conversou com os outros autores do pedido que levou ao impeachment, Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo, e que os três denunciantes estão firmes na decisão de não recorrer. Ela defendeu, ainda, que o Supremo não teria competência para alterar a decisão do Senado e chegou a sugerir que os recursos seriam uma “armação” para forçar que o processo fosse reiniciado e Dilma pudesse voltar à Presidência: “Li que partidos políticos já estão indo ao STF, para rever o julgamento. 
Novamente, o legislativo se apequena! Independentemente de concordar, ou não, com o encaminhamento feito pelo Presidente do julgamento, o Plenário votou, ao votar, corroborou. Acordem! Se houve alguma armação, talvez o objetivo era mesmo o de incentivar uma avalanche de impugnações”. A jurista ainda teceu duras críticas aos parlamentares que estão envolvidos nos pedidos de impugnação e pediu, “pelo amor de Deus”, que os grupos desistam das medidas interpostas. “Constitui uma temeridade partidos e movimentos pró-impeachment impugnarem decisão, que foi a maior conquista dos últimos tempos. Infelizmente, estão olhando para o micro e esquecendo o macro. Depois, não digam que eu não avisei. Quem tudo quer, nada tem. [...] Vocês estão cegos! Cegos pela vaidade! Cegos pela ganância! Cegos pela sanha punitiva! Reflitam!”, acusou.
Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/noticia/195604-recursos-podem-levar-dilma-de-volta-ao-poder-alerta-janaina-039quem-tudo-quer-nada-tem.html 

sábado, 3 de setembro de 2016

Em entrevista, Dilma diz que fatiamento de votação do impeachment é ‘estranhíssimo’


Em entrevista, Dilma diz que fatiamento de votação do impeachment é ‘estranhíssimo’
Foto: Reprodução / Facebook
 
Dois dias após ser afastada definitivamente pelo Senado, por 61 votos a 20, a ex-presidente Dilma Rousseff concedeu nesta sexta-feira (2) uma entrevista à imprensa internacional na qual classificou como “estranhíssimo” o fatiamento da votação do processo de impeachment, que lhe deu habilitação para, mesmo destituída, ocupar cargos públicos nos próximos oito anos. “Essa dupla votação é estranhíssima. Vota de uma vez de um jeito e vota de uma vez de outro. 
 
O segundo voto é daqueles que não consideram que de fato cabia uma punição. São senadores que estavam indecisos, sofreram pressões, mas que votaram no sentido que eu não teria a inabilitação dos meus direitos políticos por oito anos. Eu não acho que atenua ou não atenua o que fizeram. Acho que são detalhes e decorrências do que fizeram”, disse a petista. Na primeira entrevista após o afastamento, Dilma não defendeu a tese de que a decisão de não suspender seus direitos políticos seja aplicada no caso do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Não suspenderam meus direitos, mas fazer o mesmo com Eduardo Cunha? Não”, afirmou, categórica. Dilma voltou a chamar o processo de impeachment de “golpe” e a dizer que não cometeu crime de responsabilidade. “Eu acho gravíssimo o que aconteceu aqui, tem um impeachment sem crime, afasta uma pessoa inocente do cargo. Lamento profundamente que, ao mesmo tempo, esse seja um processo que tenha um impulso para se desnudar, que é uma coisa estarrecedora”. Ao lado do advogado e ex-ministro, José Eduardo Cardozo, Dilma afirmou que a “democracia foi julgada junto comigo”. “O fato, gravíssimo, é que me condenaram à pena de morte política, ao me tirar da Presidência. As pessoas aqui no Brasil têm esse hábito, ‘esqueçam o que escrevi, esqueçam o que falou’. Aqui a incoerência é muito grande. Acho gravíssimo que o programa que não é o eleito pelas urnas seja executado nos próximos anos. Tenho certeza que a democracia foi julgada comigo. Espero que nós todos saibamos reconstruí-la”, lamentou a ex-presidente. 
 
A petista defendeu, ainda, mudanças na Lei do Impeachment de 1950, que, segundo ela, “permitem esse tipo de golpe parlamentar”. “Acho que tem que ser mudada essa lei. Somos uma democracia jovem, que não pode passar pelo fato de que, de todos os presidentes eleitos, só quatro cumpriram integralmente seu mandato”, opinou. A ex-presidente também voltou a acusar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de, enquanto presidente da Câmara, tentar “desestabilizar” seu governo. “Todos os projetos que enviamos para a Câmara, ou foram negados, ou aceitos parcialmente, as chamadas pautas-bomba. Por parte do presidente da Câmara, que é não o coadjuvante, mas o grande articulador do meu impeachment, houve uma grande tentativa de desestabilizar meu mandato. No ano de 2016, foi pior ainda. A Câmara parou. Deterioram a situação econômica para que servisse de caldo, de expansão para o vírus do impeachment”, bradou. Questionada sobre quais planos teria para o futuro, a ex-presidente disse que ainda não tem nada “muito elaborado”, mas descartou se afastar da política. “Não vou fazer planos de hoje para amanhã, mas eu sempre fiz política na minha vida. Não tenho hoje nenhum projeto muito claro ou já elaborado, mas tenho a disposição de contribuir, dentro das minhas possibilidades, para que o Brasil seja um país desenvolvido e, sobretudo, mais democrático”, concluiu.  
 
Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/noticia/195557-em-entrevista-dilma-diz-que-fatiamento-de-votacao-do-impeachment-e-estranhissimo.html

Após afastamento de Dilma, PT anuncia campanha de ‘Diretas Já’

Após afastamento de Dilma, PT anuncia campanha de ‘Diretas Já’
Foto: Tahiane Stochero / G1
 
A direção do PT deliberou, nesta sexta-feira (2), pela reedição da campanha de “Diretas-Já”. A proposta foi aprovada por unanimidade pela Executiva Nacional do partido, após a ex-presidente Dilma Rousseff ter tido o mandato cassado pelo Senado na última quarta (31), por 61 votos a 20. O lema das diretas foi lançado em 1983, durante o fim do governo militar, e cobrava eleições diretas para presidente da República. "O PT vai defender eleições diretas. O texto foi aprovado em acordo", afirmou o vice-presidente do partido, Paulo Teixeira, de acordo com a Folha de S. Paulo. O partido ainda vai divulgar um texto em defesa de Dilma e Lula, que deve reiterar a fala de Dilma em seu discurso de despedida. A nota divulgada após reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende também que a bancada do partido está orientada a "enfrentar a agenda golpista" no Congresso Nacional. A proposta de lançar campanha por eleições diretas não era apoiada integralmente pelo partido antes do afastamento definitivo de Dilma. Os opositores alegavam que isso poderia representar rendição do PT. Às vésperas de ter o mandato cassado, a petista divulgou uma carta defendendo que, caso voltasse à Presidência da República, realizaria plebiscito para consultar a população sobre o desejo de novas eleições. A proposta foi rejeitada pelo PT. 
 
 Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/noticia/195561-apos-afastamento-de-dilma-pt-anuncia-campanha-de-diretas-ja.html

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Senadores decidem que Dilma poderá exercer funções públicas

Senadores decidem que Dilma poderá exercer funções públicas
Foto: Reprodução / TV Senado
 
A agora ex-presidente Dilma Rousseff (PT) poderá exercer funções públicas nos próximos oito anos. A decisão sobre a inabilidade da petista de ocupar cargos públicos seria tomada junto com a definição sobre o impeachment. Porém, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que coordena a sessão de julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff, decidiu aceitar o requerimento do líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), para que a questão fosse votada como destaque, portanto em separado (entenda aqui). Na votação, 36 senadores optaram por permitir que Dilma ocupe cargos públicos, enquanto 42 foram contra a possibilidade e 3 se abstiveram. Para que ela fosse impedida de buscar vagas públicas, seriam necessários 54 votos a favor da inabilidade. Antes da decisão ser aberta no painel, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) defendeu que Dilma não ficasse inabilitada para que os senadores não fossem "maus" e "desumanos".
 
Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/noticia/195427-senadores-decidem-que-dilma-podera-exercer-funcoes-publicas.html

Dilma se aposentará com R$ 5 mil e precisa trabalhar para ‘suprir necessidades’

Dilma se aposentará com R$ 5 mil e precisa trabalhar para ‘suprir necessidades’Foto: Reprodução / TV Senado
 
A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) pediu que os senadores votassem “pela sua consciência” ao decidir se a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) poderia ou não ocupar cargos públicos nos próximos oito anos (entenda aqui). Ao justificar a manutenção do direito, a ex-ministra exemplificou que a petista poderia trabalhar como professora de universidades públicas, opção importante para a ex-presidente se manter após o impeachment. Segundo ela, Dilma fez as contas de sua aposentadoria e deve se aposentar com cerca de R$ 5 mil. “Ela precisa continuar trabalhando para suprir suas necessidades”, alegou. Em seu discurso, Abreu pediu que os senadores esquecessem os “excessos” cometidos no processo e garantiu que Dilma podia ter cometido erros administrativos, “mas não roubou”.
 
Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/noticia/195429-dilma-se-aposentara-com-r-5-mil-e-precisa-trabalhar-para-suprir-necessidades.html 

Dilma ajuda a construir o próprio cadafalso e deixa cargo em meio à subjugação de poderes

Dilma ajuda a construir o próprio cadafalso e deixa cargo em meio à subjugação de poderes
Foto: Fernando Duarte / Bahia Notícias
 
A presidente Dilma Rousseff (PT) dá adeus ao mandato para o qual foi reeleita em outubro de 2014 após 61 senadores aprovarem o afastamento definitivo em uma denúncia de crime de responsabilidad
e fiscal. Primeira mulher eleita presidente do Brasil, Dilma tentou, até os últimos instantes, teve uma tropa de choque esforçada para reverter o quadro – seja na Câmara dos Deputados ou no Senado. A petista perdeu por escolher mal os adversários – a começar pelo ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). E ao alijar os potenciais aliados, com uma estratégia desastrosa do ponto de vista das relações políticas, acabou agravando o distanciamento entre o Executivo e o Legislativo. O resultado disso foi uma série de pautas que pouco interessava à população brasileira, mas que casavam com os interesses de um Cunha beligerante, tendo como “vértice” – para usar uma terminologia presente no processo no Senado – uma oposição derrotada nas urnas e que não consentia permanecer fora do poder por mais tempo e um grupo de parlamentares amedrontados com o avanço de investigações que podem passar as promíscuas relações políticas a limpo, via Operação Lava Jato ou outros ações dos mecanismos de controle disponíveis no sistema brasileiro. A disputa, no final das contas, não foi em torno de teses, como quis pintar a defesa de Dilma. Foi o melancólico processo em que uma figura pouco afeita à política ascendeu à condição de comandante geral da nação e viu desmoronar toda e qualquer coalização em torno de um projeto. Até porque, no Brasil, não há projetos que agrupem ideologias. Apenas nomes que pregam propor um projeto, mas que, na realidade, subjugam o interesse público em prol das próprias carreiras. Dilma está longe de ser um mártir. Caminha para entrar para a história como vítima de uma sobreposição de poderes. Porém uma vítima que também causou o próprio cadafalso.
 
Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/noticia/195413-dilma-ajuda-a-construir-o-proprio-cadafalso-e-deixa-cargo-em-meio-a-subjugacao-de-poderes.html

Por 61 a 20, Senado decide pelo impeachment de Dilma Rousseff

Por 61 a 20, Senado decide pelo impeachment de Dilma Rousseff
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
 
O plenário do Senado Federal decidiu pelo impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), por 61 a 20. A votação foi iniciada por volta das 13h30, após apresentação de quatro encaminhamentos. Os senadores decidem agora se Dilma ficará inabilitada a exercer cargos públicos pelos próximos oito anos. Os senadores baianos Lídice da Mata (PSB), Otto Alencar (PSD) e Roberto Muniz (PP) votaram contra o impeachment da presidente. A sessão de julgamento final da petista ocorre desde a última quinta-feira (25). 
 
Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/noticia/195426-por-61-a-20-senado-decide-pelo-impeachment-de-dilma-rousseff.html

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Dilma pede que senadores votem contra impeachment; veja íntegra do discurso 1

A presidente Dilma Rousseff discursa no Senado
  • A presidente Dilma Rousseff discursa no Senado
A presidente afastada, Dilma Rousseff, se comparou a ex-presidentes que deixaram o cargo ao discursar no Senado nesta segunda-feira (29) para se defender do julgamento do processo de impeachment. Ela citou três ex-presidentes: Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart. No discurso, Dilma também chamou o impeachment de "golpe" e "pena de morte política". O discurso de Dilma durou quase 50 minutos. 
Leia abaixo a íntegra do discurso:
"Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal Renan Calheiros,
Excelentíssimas Senhoras Senadoras e Excelentíssimos Senhores Senadores,
Cidadãs e Cidadãos de meu amado Brasil,
No dia 1º de janeiro de 2015 assumi meu segundo mandato à Presidência da República Federativa do Brasil. Fui eleita por mais 54 milhões de votos.
Na minha posse, assumi o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, bem como o de observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
Ao exercer a Presidência da República respeitei fielmente o compromisso que assumi perante a nação e aos que me elegeram. E me orgulho disso. Sempre acreditei na democracia e no Estado de direito, e sempre vi na Constituição de 1988 uma das grandes conquistas do nosso povo.
Jamais atentaria contra o que acredito ou praticaria atos contrários aos interesses daqueles que me elegeram.
Nesta jornada para me defender do impeachment me aproximei mais do povo, tive oportunidade de ouvir seu reconhecimento, de receber seu carinho. Ouvi também críticas duras ao meu governo, a erros que foram cometidos e a medidas e políticas que não foram adotadas. Acolho essas críticas com humildade. Até porque, como todos, tenho defeitos e cometo erros.
Entre os meus defeitos não está a deslealdade e a covardia. Não traio os compromissos que assumo, os princípios que defendo ou os que lutam ao meu lado. Na luta contra a ditadura, recebi no meu corpo as marcas da tortura. Amarguei por anos o sofrimento da prisão. Vi companheiros e companheiras sendo violentados, e até assassinados.
Na época, eu era muito jovem. Tinha muito a esperar da vida. Tinha medo da morte, das sequelas da tortura no meu corpo e na minha alma. Mas não cedi. Resisti. Resisti à tempestade de terror que começava a me engolir, na escuridão dos tempos amargos em que o país vivia. Não mudei de lado. Apesar de receber o peso da injustiça nos meus ombros, continuei lutando pela democracia.
Dediquei todos esses anos da minha vida à luta por uma sociedade sem ódios e intolerância. Lutei por uma sociedade livre de preconceitos e de discriminações. Lutei por uma sociedade onde não houvesse miséria ou excluídos. Lutei por um Brasil soberano, mais igual e onde houvesse justiça.
Disso tenho orgulho. Quem acredita, luta.
Aos quase setenta anos de idade, não seria agora, após ser mãe e avó, que abdicaria dos princípios que sempre me guiaram.
Exercendo a Presidência da República tenho honrado o compromisso com o meu país, com a Democracia, com o Estado de Direito. Tenho sido intransigente na defesa da honestidade na gestão da coisa pública.
Por isso, diante das acusações que contra mim são dirigidas neste processo, não posso deixar de sentir, na boca, novamente, o gosto áspero e amargo da injustiça e do arbítrio.
E por isso, como no passado, resisto.
Não esperem de mim o obsequioso silêncio dos covardes. No passado, com as armas, e hoje, com a retórica jurídica, pretendem novamente atentar contra a democracia e contra o Estado do Direito.
Se alguns rasgam o seu passado e negociam as benesses do presente, que respondam perante a sua consciência e perante a história pelos atos que praticam. A mim cabe lamentar pelo que foram e pelo que se tornaram.
E resistir. Resistir sempre. Resistir para acordar as consciências ainda adormecidas para que, juntos, finquemos o pé no terreno que está do lado certo da história, mesmo que o chão trema e ameace de novo nos engolir.
Não luto pelo meu mandato por vaidade ou por apego ao poder, como é próprio dos que não tem caráter, princípios ou utopias a conquistar. Luto pela democracia, pela verdade e pela justiça. Luto pelo povo do meu País, pelo seu bem-estar.
Muitos hoje me perguntam de onde vem a minha energia para prosseguir. Vem do que acredito. Posso olhar para trás e ver tudo o que fizemos. Olhar para a frente e ver tudo o que ainda precisamos e podemos fazer. O mais importante é que posso olhar para mim mesma e ver a face de alguém que, mesmo marcada pelo tempo, tem forças para defender suas ideias e seus direitos.
Sei que, em breve, e mais uma vez na vida, serei julgada. E é por ter a minha consciência absolutamente tranquila em relação ao que fiz, no exercício da Presidência da República que venho pessoalmente à presença dos que me julgarão. Venho para olhar diretamente nos olhos de Vossas Excelências, e dizer, com a serenidade dos que nada tem a esconder que não cometi nenhum crime de responsabilidade. Não cometi os crimes dos quais sou acusada injusta e arbitrariamente.
Hoje o Brasil, o mundo e a história nos observam e aguardam o desfecho deste processo de impeachment.
No passado da América Latina e do Brasil, sempre que interesses de setores da elite econômica e política foram feridos pelas urnas, e não existiam razões jurídicas para uma destituição legítima, conspirações eram tramadas resultando em golpes de Estado.
O Presidente Getúlio Vargas, que nos legou a CLT e a defesa do patrimônio nacional, sofreu uma implacável perseguição; a hedionda trama orquestrada pela chamada "República do Galeão, que o levou ao suicídio.
O Presidente Juscelino Kubitscheck, que construiu essa cidade, foi vítima de constantes e fracassadas tentativas de golpe, como ocorreu no episódio de Aragarças.
O presidente João Goulart, defensor da democracia, dos direitos dos trabalhadores e das Reformas de Base, superou o golpe do parlamentarismo mas foi deposto e instaurou-se a ditadura militar, em 1964. Durante 20 anos, vivemos o silêncio imposto pelo arbítrio e a democracia foi varrida de nosso País. Milhões de brasileiros lutaram e reconquistaram o direito a eleições diretas.
Hoje, mais uma vez, ao serem contrariados e feridos nas urnas os interesses de setores da elite econômica e política nos vemos diante do risco de uma ruptura democrática. Os padrões políticos dominantes no mundo repelem a violência explícita. Agora, a ruptura democrática se dá por meio da violência moral e de pretextos constitucionais para que se empreste aparência de legitimidade ao governo que assume sem o amparo das urnas. Invoca-se a Constituição para que o mundo das aparências encubra hipocritamente o mundo dos fatos.
As provas produzidas deixam claro e inconteste que as acusações contra mim dirigidas são meros pretextos, embasados por uma frágil retórica jurídica.
Nos últimos dias, novos fatos evidenciaram outro aspecto da trama que caracteriza este processo de impeachment. O autor da representação junto ao Tribunal de Contas da União que motivou as acusações discutidas nesse processo, foi reconhecido como suspeito pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal. Soube-se ainda, pelo depoimento do auditor responsável pelo parecer técnico, que ele havia ajudado a elaborar a própria representação que auditou. Fica claro o vício da parcialidade, a trama, na construção das teses por eles defendidas.
São pretextos, apenas pretextos, para derrubar, por meio de um processo de impeachment sem crime de responsabilidade, um governo legítimo, escolhido em eleição direta com a participação de 110 milhões de brasileiros e brasileiras. O governo de uma mulher que ousou ganhar duas eleições presidenciais consecutivas.
São pretextos para viabilizar um golpe na Constituição. Um golpe que, se consumado, resultará na eleição indireta de um governo usurpador.
A eleição indireta de um governo que, já na sua interinidade, não tem mulheres comandando seus ministérios, quando o povo, nas urnas, escolheu uma mulher para comandar o país. Um governo que dispensa os negros na sua composição ministerial e já revelou um profundo desprezo pelo programa escolhido pelo povo em 2014.
Fui eleita presidenta por 54 milhões e meio de votos para cumprir um programa cuja síntese está gravada nas palavras "nenhum direito a menos".
O que está em jogo no processo de impeachment não é apenas o meu mandato. O que está em jogo é o respeito às urnas, à vontade soberana do povo brasileiro e à Constituição.
O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos: os ganhos da população, das pessoas mais pobres e da classe média; a proteção às crianças; os jovens chegando às universidades e às escolas técnicas; a valorização do salário mínimo; os médicos atendendo a população; a realização do sonho da casa própria.
O que está em jogo é o investimento em obras para garantir a convivência com a seca no semiárido, é a conclusão do sonhado e esperado projeto de integração do São Francisco. O que está em jogo é, também, a grande descoberta do Brasil, o pré-sal. O que está em jogo é a inserção soberana de nosso país no cenário internacional, pautada pela ética e pela busca de interesses comuns.
O que está em jogo é a auto-estima dos brasileiros e brasileiras, que resistiram aos ataques dos pessimistas de plantão à capacidade do País de realizar, com sucesso, a Copa do Mundo e as Olimpíadas e Paraolimpíadas.
O que está em jogo é a conquista da estabilidade, que busca o equilíbrio fiscal mas não abre mão de programas sociais para a nossa população.
O que está em jogo é o futuro do País, a oportunidade e a esperança de avançar sempre mais.
Senhoras e senhores senadores,
No presidencialismo previsto em nossa Constituição, não basta a eventual perda de maioria parlamentar para afastar um Presidente. Há que se configurar crime de responsabilidade. E está claro que não houve tal crime.
Não é legítimo, como querem os meus acusadores, afastar o chefe de Estado e de governo pelo "conjunto da obra". Quem afasta o Presidente pelo "conjunto da obra" é o povo e, só o povo, nas eleições. E nas eleições o programa de governo vencedor não foi este agora ensaiado e desenhado pelo Governo interino e defendido pelos meus acusadores.
O que pretende o governo interino, se transmudado em efetivo, é um verdadeiro ataque às conquistas dos últimos anos.
Desvincular o piso das aposentadorias e pensões do salário mínimo será a destruição do maior instrumento de distribuição de renda do país, que é a Previdência Social. O resultado será mais pobreza, mais mortalidade infantil e a decadência dos pequenos municípios.
A revisão dos direitos e garantias sociais previstos na CLT e a proibição do saque do FGTS na demissão do trabalhador são ameaças que pairam sobre a população brasileira caso prospere o impeachment sem crime de responsabilidade.
Conquistas importantes para as mulheres, os negros e as populações LGBT estarão comprometidas pela submissão a princípios ultraconservadores.
O nosso patrimônio estará em questão, com os recursos do pré-sal, as riquezas naturais e minerárias sendo privatizadas.
A ameaça mais assustadora desse processo de impeachment sem crime de responsabilidade é congelar por inacreditáveis 20 anos todas as despesas com saúde, educação, saneamento, habitação. É impedir que, por 20 anos, mais crianças e jovens tenham acesso às escolas; que, por 20 anos, as pessoas possam ter melhor atendimento à saúde; que, por 20 anos, as famílias possam sonhar com casa própria.
Senhor Presidente Ricardo Lewandowski, Sras. e Srs. Senadores,
A verdade é que o resultado eleitoral de 2014 foi um rude golpe em setores da elite conservadora brasileira.
Desde a proclamação dos resultados eleitorais, os partidos que apoiavam o candidato derrotado nas eleições fizeram de tudo para impedir a minha posse e a estabilidade do meu governo. Disseram que as eleições haviam sido fraudadas, pediram auditoria nas urnas, impugnaram minhas contas eleitorais, e após a minha posse, buscaram de forma desmedida quaisquer fatos que pudessem justificar retoricamente um processo de impeachment.
Como é próprio das elites conservadoras e autoritárias, não viam na vontade do povo o elemento legitimador de um governo. Queriam o poder a qualquer preço.
Tudo fizeram para desestabilizar a mim e ao meu governo.
Só é possível compreender a gravidade da crise que assola o Brasil desde 2015, levando-se em consideração a instabilidade política aguda que, desde a minha reeleição, tem caracterizado o ambiente em que ocorrem o investimento e a produção de bens e serviços.
Não se procurou discutir e aprovar uma melhor proposta para o País. O que se pretendeu permanentemente foi a afirmação do "quanto pior melhor", na busca obsessiva de se desgastar o governo, pouco importando os resultados danosos desta questionável ação política para toda a população.
A possibilidade de impeachment tornou-se assunto central da pauta política e jornalística apenas dois meses após minha reeleição, apesar da evidente improcedência dos motivos para justificar esse movimento radical.
Nesse ambiente de turbulências e incertezas, o risco político permanente provocado pelo ativismo de parcela considerável da oposição acabou sendo um elemento central para a retração do investimento e para o aprofundamento da crise econômica.
Deve ser também ressaltado que a busca do reequilíbrio fiscal, desde 2015, encontrou uma forte resistência na Câmara dos Deputados, à época presidida pelo Deputado Eduardo Cunha. Os projetos enviados pelo governo foram rejeitados, parcial ou integralmente. Pautas bombas foram apresentadas e algumas aprovadas.
As comissões permanentes da Câmara, em 2016, só funcionaram a partir do dia 5 de maio, ou seja, uma semana antes da aceitação do processo de impeachment pela Comissão do Senado Federal. Os Srs. e as Sras. Senadores sabem que o funcionamento dessas Comissões era e é absolutamente indispensável para a aprovação de matérias que interferem no cenário fiscal e encaminhar a saída da crise.
Foi criado assim o desejado ambiente de instabilidade política, propício a abertura do processo de impeachment sem crime de responsabilidade.
Sem essas ações, o Brasil certamente estaria hoje em outra situação política, econômica e fiscal.
Muitos articularam e votaram contra propostas que durante toda a vida defenderam, sem pensar nas consequências que seus gestos trariam para o país e para o povo brasileiro. Queriam aproveitar a crise econômica, porque sabiam que assim que o meu governo viesse a superá-la, sua aspiração de acesso ao poder haveria de ficar sepultada por mais um longo período.
Mas, a bem da verdade, as forças oposicionistas somente conseguiram levar adiante o seu intento quando outra poderosa força política a elas se agregou: a força política dos que queriam evitar a continuidade da "sangria" de setores da classe política brasileira, motivada pelas investigações sobre a corrupção e o desvio de dinheiro público.
É notório que durante o meu governo e o do Presidente Lula foram dadas todas as condições para que estas investigações fossem realizadas. Propusemos importantes leis que dotaram os órgãos competentes de condições para investigar e punir os culpados.
Assegurei a autonomia do Ministério Público, nomeando como Procurador Geral da República o primeiro nome da lista indicado pelos próprios membros da instituição. Não permiti qualquer interferência política na atuação da Polícia Federal.
Contrariei, com essa minha postura, muitos interesses. Por isso, paguei e pago um elevado preço pessoal pela postura que tive.
Arquitetaram a minha destituição, independentemente da existência de quaisquer fatos que pudesse justificá-la perante a nossa Constituição.
Encontraram, na pessoa do ex-Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha o vértice da sua aliança golpista.
Articularam e viabilizaram a perda da maioria parlamentar do governo. Situações foram criadas, com apoio escancarado de setores da mídia, para construir o clima político necessário para a desconstituição do resultado eleitoral de 2014.
Todos sabem que este processo de impeachment foi aberto por uma "chantagem explícita" do ex-Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como chegou a reconhecer em declarações à imprensa um dos próprios denunciantes. Exigia aquele parlamentar que eu intercedesse para que deputados do meu partido não votassem pela abertura do seu processo de cassação.
Nunca aceitei na minha vida ameaças ou chantagens. Se não o fiz antes, não o faria na condição de Presidenta da República. É fato, porém, que não ter me curvado a esta chantagem motivou o recebimento da denúncia por crime de responsabilidade e a abertura deste d processo, sob o aplauso dos derrotados em 2014 e dos temerosos pelas investigações.
Se eu tivesse me acumpliciado com a improbidade e com o que há de pior na política brasileira, como muitos até hoje parecem não ter o menor pudor em fazê-lo, eu não correria o risco de ser condenada injustamente.
Quem se acumplicia ao imoral e ao ilícito, não tem respeitabilidade para governar o Brasil. Quem age para poupar ou adiar o julgamento de uma pessoa que é acusada de enriquecer às custas do Estado brasileiro e do povo que paga impostos, cedo ou tarde, acabará pagando perante a sociedade e a história o preço do seu descompromisso com a ética.
Todos sabem que não enriqueci no exercício de cargos públicos, que não desviei dinheiro público em meu proveito próprio, nem de meus familiares, e que não possuo contas ou imóveis no exterior. Sempre agi com absoluta probidade nos cargos públicos que ocupei ao longo da minha vida.
Curiosamente, serei julgada, por crimes que não cometi, antes do julgamento do ex-presidente da Câmara, acusado de ter praticado gravíssimos atos ilícitos e que liderou as tramas e os ardis que alavancaram as ações voltadas à minha destituição.
Ironia da história? Não, de forma nenhuma. Trata-se de uma ação deliberada que conta com o silêncio cúmplice de setores da grande mídia brasileira.
Viola-se a democracia e pune-se uma inocente. Este é o pano de fundo que marca o julgamento que será realizado pela vontade dos que lançam contra mim pretextos acusatórios infundados.
Estamos a um passo da consumação de uma grave ruptura institucional. Estamos a um passo da concretização de um verdadeiro golpe de Estado.
Senhoras e Senhores Senadores,
Vamos aos autos deste processo. Do que sou acusada? Quais foram os atentados à Constituição que cometi? Quais foram os crimes hediondos que pratiquei?
A primeira acusação refere-se à edição de três decretos de crédito suplementar sem autorização legislativa. Ao longo de todo o processo, mostramos que a edição desses decretos seguiu todas as regras legais. Respeitamos a previsão contida na Constituição, a meta definida na LDO e as autorizações estabelecidas no artigo 4° da Lei Orçamentária de 2015, aprovadas pelo Congresso Nacional.
Todas essas previsões legais foram respeitadas em relação aos 3 decretos. Eles apenas ofereceram alternativas para alocação dos mesmos limites, de empenho e financeiro, estabelecidos pelo decreto de contingenciamento, que não foram alterados. Por isso, não afetaram em nada a meta fiscal.
Ademais, desde 2014, por iniciativa do Executivo, o Congresso aprovou a inclusão, na LDO, da obrigatoriedade que qualquer crédito aberto deve ter sua execução subordinada ao decreto de contingenciamento, editado segundo as normas estabelecidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. E isso foi precisamente respeitado.
Não sei se por incompreensão ou por estratégia, as acusações feitas neste processo buscam atribuir a esses decretos nossos problemas fiscais. Ignoram ou escondem que os resultados fiscais negativos são consequência da desaceleração econômica e não a sua causa.
Escondem que, em 2015, com o agravamento da crise, tivemos uma expressiva queda da receita ao longo do ano — foram R$ 180 bilhões a menos que o previsto na Lei Orçamentária.
Fazem questão de ignorar que realizamos, em 2015, o maior contingenciamento de nossa história. Cobram que, quando enviei ao Congresso Nacional, em julho de 2015, o pedido de autorização para reduzir a meta fiscal, deveria ter imediatamente realizado um novo contingenciamento. Não o fiz porque segui o procedimento que não foi questionado pelo Tribunal de Contas da União ou pelo Congresso Nacional na análise das contas de 2009.
Além disso, a responsabilidade com a população justifica também nossa decisão. Se aplicássemos, em julho, o contingenciamento proposto pelos nossos acusadores cortaríamos 96% do total de recursos disponíveis para as despesas da União. Isto representaria um corte radical em todas as dotações orçamentárias dos órgãos federais. Ministérios seriam paralisados, universidades fechariam suas portas, o Mais Médicos seria interrompido, a compra de medicamentos seria prejudicada, as agências reguladoras deixariam de funcionar. Na verdade, o ano de 2015 teria, orçamentariamente, acabado em julho.
Volto a dizer: ao editar estes decretos de crédito suplementar, agi em conformidade plena com a legislação vigente. Em nenhum desses atos, o Congresso Nacional foi desrespeitado. Aliás, este foi o comportamento que adotei em meus dois mandatos.
Somente depois que assinei estes decretos é que o Tribunal de Contas da União mudou a posição que sempre teve a respeito da matéria. É importante que a população brasileira seja esclarecida sobre este ponto: os decretos foram editados em julho e agosto de 2015 e somente em outubro de 2015 o TCU aprovou a nova interpretação.
O TCU recomendou a aprovação das contas de todos os presidentes que editaram decretos idênticos aos que editei. Nunca levantaram qualquer problema técnico ou apresentaram a interpretação que passaram a ter depois que assinei estes atos.
Querem me condenar por ter assinado decretos que atendiam a demandas de diversos órgãos, inclusive do próprio Poder Judiciário, com base no mesmo procedimento adotado desde a entrada em vigor da Lei de Responsabilidade Fiscal, em 2001?
Por ter assinado decretos que somados, não implicaram, como provado nos autos, em nenhum centavo de gastos a mais para prejudicar a meta fiscal?
A segunda denúncia dirigida contra mim neste processo também é injusta e frágil. Afirma-se que o alegado atraso nos pagamentos das subvenções econômicas devidas ao Banco do Brasil, no âmbito da execução do programa de crédito rural Plano Safra, equivale a uma "operação de crédito", o que estaria vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Como minha defesa e várias testemunhas já relataram, a execução do Plano Safra é regida por uma lei de 1992, que atribui ao Ministério da Fazenda a competência de sua normatização, inclusive em relação à atuação do Banco do Brasil. A Presidenta da República não pratica nenhum ato em relação à execução do Plano Safra. Parece óbvio, além de juridicamente justo, que eu não seja acusada por um ato inexistente.
A controvérsia quanto a existência de operação de crédito surgiu de uma mudança de interpretação do TCU, cuja decisão definitiva foi emitida em dezembro de 2015. Novamente, há uma tentativa de dizer que cometi um crime antes da definição da tese de que haveria um crime. Uma tese que nunca havia surgido antes e que, como todas as senhoras e senhores senadores souberam em dias recentes, foi urdida especialmente para esta ocasião.
Lembro ainda a decisão recente do Ministério Público Federal, que arquivou inquérito exatamente sobre esta questão. Afirmou não caber falar em ofensa à lei de responsabilidade fiscal porque eventuais atrasos de pagamento em contratos de prestação de serviços entre a União e instituições financeiras públicas não são operações de crédito.
Insisto, senhoras senadoras e senhores senadores: não sou eu nem tampouco minha defesa que fazemos estas alegações. É o Ministério Público Federal que se recusou a dar sequência ao processo, pela inexistência de crime.
Sobre a mudança de interpretação do TCU, lembro que, ainda antes da decisão final, agi de forma preventiva. Solicitei ao Congresso Nacional a autorização para pagamento dos passivos e defini em decreto prazos de pagamento para as subvenções devidas. Em dezembro de 2015, após a decisão definitiva do TCU e com a autorização do Congresso, saldamos todos os débitos existentes.
Não é possível que não se veja aqui também o arbítrio deste processo e a injustiça também desta acusação.
Este processo de impeachment não é legítimo. Eu não atentei, em nada, em absolutamente nada contra qualquer dos dispositivos da Constituição que, como Presidenta da República, jurei cumprir. Não pratiquei ato ilícito. Está provado que não agi dolosamente em nada. Os atos praticados estavam inteiramente voltados aos interesses da sociedade. Nenhuma lesão trouxeram ao erário ou ao patrimônio público.
Volto a afirmar, como o fez a minha defesa durante todo o tempo, que este processo está marcado, do início ao fim, por um clamoroso desvio de poder.
É isto que explica a absoluta fragilidade das acusações que contra mim são dirigidas.
Tem-se afirmado que este processo de impeachment seria legítimo porque os ritos e prazos teriam sido respeitados. No entanto, para que seja feita justiça e a democracia se imponha, a forma só não basta. É necessário que o conteúdo de uma sentença também seja justo. E no caso, jamais haverá justiça na minha condenação.
Ouso dizer que em vários momentos este processo se desviou, clamorosamente, daquilo que a Constituição e os juristas denominam de "devido processo legal".
Não há respeito ao devido processo legal quando a opinião condenatória de grande parte dos julgadores é divulgada e registrada pela grande imprensa, antes do exercício final do direito de defesa.
Não há respeito ao devido processo legal quando julgadores afirmam que a condenação não passa de uma questão de tempo, porque votarão contra mim de qualquer jeito.
Nesse caso, o direito de defesa será exercido apenas formalmente, mas não será apreciado substantivamente nos seus argumentos e nas suas provas. A forma existirá apenas para dar aparência de legitimidade ao que é ilegítimo na essência.
Senhoras e senhores senadores,
Nesses meses, me perguntaram inúmeras vezes porque eu não renunciava, para encurtar este capítulo tão difícil de minha vida.
Jamais o faria porque tenho compromisso inarredável com o Estado Democrático de Direito.
Jamais o faria porque nunca renuncio à luta.
Confesso a Vossas Excelências, no entanto, que a traição, as agressões verbais e a violência do preconceito me assombraram e, em alguns momentos, até me magoaram. Mas foram sempre superados, em muito, pela solidariedade, pelo apoio e pela disposição de luta de milhões de brasileiras e brasileiros pelo país afora. Por meio de manifestações de rua, reuniões, seminários, livros, shows, mobilizações na internet, nosso povo esbanjou criatividade e disposição para a luta contra o golpe.
As mulheres brasileiras têm sido, neste período, um esteio fundamental para minha resistência. Me cobriram de flores e me protegeram com sua solidariedade. Parceiras incansáveis de uma batalha em que a misoginia e o preconceito mostraram suas garras, as brasileiras expressaram, neste combate pela democracia e pelos direitos, sua força e resiliência. Bravas mulheres brasileiras, que tenho a honra e o dever de representar como primeira mulher Presidenta do Brasil.
Chego à última etapa desse processo comprometida com a realização de uma demanda da maioria dos brasileiros: convocá-los a decidir, nas urnas, sobre o futuro de nosso País. Diálogo, participação e voto direto e livre são as melhores armas que temos para a preservação da democracia.
Confio que as senhoras senadoras e os senhores senadores farão justiça. Tenho a consciência tranquila. Não pratiquei nenhum crime de responsabilidade. As acusações dirigidas contra mim são injustas e descabidas. Cassar em definitivo meu mandato é como me submeter a uma pena de morte política.
Este é o segundo julgamento a que sou submetida em que a democracia tem assento, junto comigo, no banco dos réus. Na primeira vez, fui condenada por um tribunal de exceção. Daquela época, além das marcas dolorosas da tortura, ficou o registro, em uma foto, da minha presença diante de meus algozes, num momento em que eu os olhava de cabeça erguida enquanto eles escondiam os rostos, com medo de serem reconhecidos e julgados pela história.
Hoje, quatro décadas depois, não há prisão ilegal, não há tortura, meus julgadores chegaram aqui pelo mesmo voto popular que me conduziu à Presidência.
Tenho por todos o maior respeito, mas continuo de cabeça erguida, olhando nos olhos dos meus julgadores.
Apesar das diferenças, sofro de novo com o sentimento de injustiça e o receio de que, mais uma vez, a democracia seja condenada junto comigo. E não tenho dúvida que, também desta vez, todos nós seremos julgados pela história.
Por duas vezes vi de perto a face da morte: quando fui torturada por dias seguidos, submetida a sevícias que nos fazem duvidar da humanidade e do próprio sentido da vida; e quando uma doença grave e extremamente dolorosa poderia ter abreviado minha existência.
Hoje eu só temo a morte da democracia, pela qual muitos de nós, aqui neste plenário, lutamos com o melhor dos nossos esforços.
Reitero: respeito os meus julgadores.
Não nutro rancor por aqueles que votarão pela minha destituição.
Respeito e tenho especial apreço por aqueles que têm lutado bravamente pela minha absolvição, aos quais serei eternamente grata.
Neste momento, quero me dirigir aos senadores que, mesmo sendo de oposição a mim e ao meu governo, estão indecisos.
Lembrem-se que, no regime presidencialista e sob a égide da nossa Constituição, uma condenação política exige obrigatoriamente a ocorrência de um crime de responsabilidade, cometido dolosamente e comprovado de forma cabal.
Lembrem-se do terrível precedente que a decisão pode abrir para outros presidentes, governadores e prefeitos. Condenar sem provas substantivas. Condenar um inocente.
Faço um apelo final a todos os senadores: não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira.
Peço que façam justiça a uma presidenta honesta, que jamais cometeu qualquer ato ilegal, na vida pessoal ou nas funções públicas que exerceu. Votem sem ressentimento. O que cada senador sente por mim e o que nós sentimos uns pelos outros importa menos, neste momento, do que aquilo que todos sentimos pelo país e pelo povo brasileiro.
Peço: votem contra o impeachment. Votem pela democracia.
Muito obrigada."

Fonte:  http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/08/29/leia-a-integra-do-discurso-de-dilma-ao-senado.htm