segunda-feira, 9 de maio de 2022

Talibã ordena que mulheres voltem a cobrir rosto e corpo

O Talibã ordenou neste sábado (7) que mulheres usem um véu que as cubra dos pés à cabeça, de preferência a burca, em locais públicos no Afeganistão. Trata-se de um novo episódio da escalada de restrições e um retorno a uma política já praticada pelo grupo em período anterior no poder.
 

Um decreto do líder supremo do Talibã, Haibatullah Akhundzada, afirma que se uma mulher não cobrir o rosto fora de casa, seu pai ou parente homem mais próximo pode ser preso ou demitido de cargos públicos.
 

"Pedimos ao mundo que coopere com o regime e o povo do Afeganistão... Não nos incomode. Não faça mais pressão, porque a história é testemunha: os afegãos não serão afetados pela pressão", disse em uma entrevista Mohammad Khalid Hanafi, ministro da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício.
 

Segundo o grupo, a cobertura ideal a ser usada é a burca azul, que foi obrigatória para as mulheres em público durante o período anterior do Talibã no poder, entre 1996 e 2001.
 

O Ministério para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício já havia publicado várias determinações sobre como as mulheres devem se vestir. Mas até agora, a exigência era que as mulheres usassem ao menos um véu para cobrir a cabeça, enquanto recomendava o uso da burca.
 

Muitas mulheres no Afeganistão usam lenço para cobrir a cabeça por motivos religiosos, mas em áreas urbanas, como Cabul, não cobrem o rosto.
 

O Talibã enfrentou intensas críticas da comunidade mundial, mas também de alguns países e estudiosos islâmicos por limitar os direitos das mulheres, incluindo a determinação anterior de manter as escolas femininas secundárias fechadas.
 

Como resposta, os Estados Unidos e outros países cortaram verbas destinadas ao desenvolvimento do país e aplicaram sanções ao sistema bancário afegão.
 

De volta ao poder, o Talibã vem determinando regras que limitam a liberdade de mulheres --que não podem viajar sem um acompanhante masculino, por exemplo.
 

"Hoje temos muitos outros problemas, como ataques suicidas, pobreza... Pessoas morrem todos os dias, nossas meninas não podem ir à escola, as mulheres não podem trabalhar... Mas eles [Talibã] só pensam, falam e fazem leis sobre vestes para mulheres", disse Mahbouba Seraj, defensora dos direitos das mulheres de Cabul.
 

De volta ao poder em agosto do ano passado, ao final de duas décadas de presença militar dos Estados Unidos e seus aliados no país, o Talibã prometeu estabelecer um regime mais tolerante e flexível -porém rapidamente tomou medidas que afetaram as mulheres.
 

Desde então, o Talibã e a Frente de Resistência Nacional (FNR) travam oposição -mas neste sábado a FNR anunciou uma ofensiva em 12 províncias do Afeganistão, em especial ao norte do país, incluindo Panshir, onde alega ter libertado três distritos.
 

Esta seria a primeira ofensiva lançada pelo principal grupo de oposição desde a queda em setembro de sua fortaleza no vale de Panshir, 80 quilômetros ao norte de Cabul.
 

A FNR, que se apresenta como o último reduto democrático no Afeganistão, não conseguiu impedir que o Talibã tomasse Panshir no início de setembro. A província, porém, não caiu sob ocupação soviética na década de 1980, nem durante a ascensão do Talibã ao poder uma década depois.
 

O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, entretanto, negou que qualquer "incidente militar" tenha ocorrido.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/165326-taliba-ordena-que-mulheres-voltem-a-cobrir-rosto-e-corpo.html


 

Obesidade deve atingir 30% da população adulta no Brasil em 2030, aponta projeção

O Brasil deverá ter, até 2030, quase 30% de sua população adulta com obesidade. A projeção foi feita pela World Obesity Federation, uma organização internacional voltada para redução, prevenção e tratamento da obesidade.
 

Atualmente, dados da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) de 2021, uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde, indicam que 22% da população brasileira adulta apresenta obesidade.
 

A condição é calculada por meio do IMC (índice de massa corporal), que consiste na divisão do peso pela altura ao quadrado.
 

Quando o resultado fica entre 25 e 30, considera-se que há sobrepeso —condição que atinge 57% da população adulta no país, segundo a Vigitel.
 

Se o IMC for maior que 30, o caso é categorizado como obesidade.
 

Os números da World Obesity Federation também apontaram que a condição pode ser uma realidade para mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo até 2030. Para efeito de comparação, em 2010 o número era aproximadamente a metade.
 

"Alguns fatores relativamente conhecidos para obesidade estão impactando países que anteriormente não tinham altas taxas, como um largo acesso a comidas muito industrializadas e de alimentos refinados", diz Carlos Schiavon, cirurgião bariátrico e coordenador da ONG Obesidade Brasil.
 

A federação utilizou dados já consolidados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Banco Mundial, além de realizar as estimativas por meio do histórico de obesidade dos países.
 

No Brasil, caso se confirme a projeção para 2030, o país vai se tornar a quarta nação com maior número absoluto de pessoas com excesso de peso no mundo, atrás somente dos Estados Unidos, da China e da Índia.
 

A possível prevalência de 30% da condição em toda a população adulta brasileira foi categorizada como alta pela federação. Outras regiões, no entanto, chegam a percentuais muito maiores, como a Samoa Americana, que, em oito anos, poderá ter quase 70% da sua população com obesidade.
 

"O índice no Brasil é muito alto. Comparativamente, está um pouco melhor, mas continua sendo muito alto", afirma Schiavon.
 

As estimativas também conseguiram identificar a diferença em relação a gênero. No total, conforme a projeção, a maior parcela de pessoas com obesidade no país seriam as mulheres, algo já reconhecido pela literatura médica.
 

"Se formos ver o número de cirurgias bariátricas, são três mulheres operadas para cada homem. Então realmente há uma incidência e prevalência maior em mulheres comparada a homens" afirma Ricardo Cohen, coordenador do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
 

Segundo ele, o quadro pode ter relação com aspectos genéticos. Isso ainda está sendo investigado e pode ser de extrema importância para prevenção e tratamento da condição, já que, segundo o médico, "sabemos que o grande fundamento da obesidade é genético".
 

Os problemas de ter um maior número de pessoas obesas impactam diferentes facetas da sociedade, como no desenvolvimento de diabetes, hipertensão e colesterol alto.
 

Esse cenário reflete diretamente na situação econômica dos países, tanto em relação aos gastos no tratamento das doenças como na perda de capacidade produtiva.
 

Nesse caso, a projeção realizada pela organização também se debruçou sobre esse ponto. Para entender esses efeitos, os pesquisadores observaram os custos diretos e os indiretos que o excesso de peso acarreta.
 

Aqueles chamados diretos dizem respeito às despesas tidas no tratamento da obesidade e das doenças decorrentes dela, como diabetes, mas também às relacionadas ao processo de busca de serviço de saúde, como quando ocorre viagens para atendimento médico.
 

Os custos indiretos referem-se à perda de capacidade produtiva das pessoas obesas e às mortes prematuras relacionadas à condição de excesso de peso.
 

Com esses pontos definidos, foi mensurado que o Brasil iria mais do que quadruplicar seus custos envolvendo sobrepeso e obesidade. Estima-se que o custo total alcançou US$ 39 bilhões em 2019. A projeção é que subiria para US$ 181 bilhões em 2060.
 

Além dos adultos, a projeção observou a obesidade em crianças e adolescentes, que deve ter um incremento de quase 100 milhões entre 2020 e 2030 em todo o planeta.
 

Para o Brasil, o estudo encontrou que o aumento de crianças e adolescentes obesas entre 2010 e 2030 deve ser de 3,8% a cada ano. Esse quadro, segundo a federação, é categorizado como muito alto e deve ocasionar mais de 7 milhões de jovens obesos em oito anos.
 

"Um problema é que essas crianças e adolescentes com obesidade têm uma grande chance de também serem adultos obesos. Isso é muito preocupante porque o futuro já estaria comprado, ou seja, já teríamos números ruins", diz Schiavon.
 

Tratamento e prevenção A obesidade, assim como outras doenças, tem modos diferentes de realizar o tratamento e a prevenção, mas isso ainda gera certa confusão.
 

Cohen explica que uma das principais interfaces para prevenção da obesidade é identificar os fatores genéticos que estão associados com ela, algo ainda sendo investigado pela medicina atual. Observando esses aspectos, seria possível já direcionar um estilo de vida específico para alguém que tem tendência a ser obeso a fim de evitar que isso venha a acontecer.
 

"Prevenção da obesidade e tratamento são coisas totalmente diferentes. Atividade física e orientação dietética são fundamentais para prevenção da obesidade, mas não para tratamento. O tratamento tem sempre esse binômio, faça mais atividade física e coma melhor, junto com uma intervenção medicamentosa ou cirúrgica", afirma.
 

No entanto, o médico afirma que ainda há um problema em identificar a necessidade de realizar esses mecanismos de tratamento —seja com remédio ou com cirurgia bariátrica— porque, às vezes, não se encara a gravidade da doença.
 

"A obesidade tem que ser levada a sério. A Covid é um exemplo: mortalidade, uso de respiradores e internação na UTI estão associados diretamente com a obesidade. Não adianta somente políticas de educação. Necessitamos de tratamentos eficazes e possibilitar esse acesso a população", conclui.

Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/165365-obesidade-deve-atingir-30-da-populacao-adulta-no-brasil-em-2030-aponta-projecao.html