A maior parte das soluções apresentadas pelos moradores era bastante acessível. Foi sugerido o fim das queimadas, a construção conjunta de uma igreja, a pavimentação coletiva das ruas por um mutirão de homens, a sistematização de reuniões da Associação. Uma mulher mais nova, de pouco mais de trinta anos, cujas duas irmãs estavam presentes e admiravam com atenção sua fala, propôs que as mulheres de Moita Redonda se organizassem tal como um grupo de mulheres de Inhambupe e começassem a fazer bordado, ponto cruz, corte e costura para arrecadar dinheiro. “Não é só o homem que tem que trabalhar; a mulher não pode ficar em casa sem fazer nada!”, sentenciou.
Terminada a exposição das soluções, os estudantes de agronomia encaminharam a atividade para o final. Diante de um quadro branco com o logotipo da Bandeira Científica, foram listadas as principais ações possíveis de serem realizadas pelos moradores, ao lado do nome de um responsável por organizar-las em um dado prazo de tempo. Prender cachorros doentes (são 56 cachorros na comunidade), encaminhar o lixo todo para um mesmo local específico – mais próximo à entrada da comunidade, único local por onde o caminhão de lixo da prefeitura passa – fazer uma composteira, marcar reuniões com autoridades para discutir a pavimentação das ruas e uma confraternização entre os moradores estavam entre as medidas finais.
Já cansados, tamanho era o calor daquele dia de sol na zona rural no interior da Bahia, os moradores estavam, no entanto, muito felizes com o resultado das atividades e com a estadia da Bandeira na comunidade. André Delgado, estudante de agronomia, parecia muito satisfeito quando conversamos pouco mais tarde, na frente da creche onde a equipe da Bandeira está hospedada. “A Esalq preza muito pela não pontualidade das ações, discutimos desde março como não ser pontual, como não ir lá e plantar uma horta, as pessoas plantarem e acabou; a minha expectativa foi completamente superada, foi fantástico, está sendo fantástico aqui”, afirmou.
Apesar de reconhecer a dificuldade política que algumas demandas implicam, Flávia também estava otimista com o resultado da atividade. “É claro que o lado político a gente fica triste porque a gente não pode resolver – calçamento, igreja, escolas, é complicado para nós. Mas várias coisas que são fáceis de resolver eles podem fazer; todos entraram no consenso das dificuldades que têm e que eles conseguem conversar, eles conseguem chegar a um foco”, avalia. Talvez seja como Maria Olga, que é uma das fundadoras da Associação junto a sua família de 21 filhos, me disse no começo da atividade: “é preciso muita luta, muito calor e muita chuva pela frente”.
Equipe de Comunicação da Bandeira Científica
Por Tulio Bucchioni