Em entrevista à BBC Brasil,
Gepstein explicou que "com um mecanismo sofisticado de engenharia
genética, conseguimos levar as plantas a aumentar o nível do hormônio
citocinina nos períodos em que esse hormônio tende a baixar".
De
acordo com o cientista, as plantas envelhecem e morrem quando o nível
desse hormônio baixa. Por intermédio do novo mecanismo, o ciclo de vida
das plantas é prolongado e sua biomassa aumenta, fazendo com que elas
produzam frutos mais resistentes e em maior quantidade.
"Em vista
da crise global dos alimentos que tende a se agravar, o mecanismo que
desenvolvemos pode ser muito útil para combater a fome no planeta."
Ele
conta ainda que, "por acaso", também descobriu que as plantas que
passam pela intervenção genética são mais resistentes à seca.
"Esqueci
de regar as plantas, na quais já havíamos aplicado o novo mecanismo
hormonal, por três semanas. Elas ficaram expostas ao sol durante esse
período, e quando me lembrei tive certeza que já tinham morrido", conta.
"Fiquei
muito surpreso ao constatar que as plantas estavam intactas, haviam
sobrevivido sem água e não sofreram quaisquer transformações."
´Hormônio da juventude´
Após
esse incidente, Gepstein começou a regar as mesmas plantas com 30% da
quantidade de água que geralmente é necessária para plantas normais.
Os resultados foram positivos. As plantas continuaram crescendo, mesmo com um terço da água.
"Essa
experiência demonstra que, além de resolver o problema da fome, o novo
mecanismo genético também pode ser a resposta para o problema da
escassez de água no planeta", afirma.
Agora, o biólogo também se
dedica ao desenvolvimento de plantas para a produção de biocombustível.
"A maior resistência das plantas à escassez de água possibilita que o
biocombustível seja cultivado em áreas áridas, e assim poderemos poupar
as áreas férteis para a produção de alimentos."
Gepstein garante que esse tipo de intervenção genética não é prejudicial à saúde humana.
"Concordo
que a intervenção genética muitas vezes é complicada e pode ser
prejudicial à saúde, principalmente quando se introduz hormônios
estranhos às plantas, mas neste caso não interferimos na estrutura da
própria planta, apenas estimulamos as plantas a produzirem, por si
mesmas, um hormônio que elas já têm", diz.
O departamento de
Biologia do Technion já fez experiências com o "hormônio da juventude"
em plantas de tabaco, arroz, tomate e trigo. De acordo com Gepstein,
todas elas foram bem sucedidas.
A BBC Brasil pediu a opinião de
um especialista em genética de plantas da Faculdade de Agricultura da
Universidade Hebraica de Jerusalém a respeito da manipulação genética
das plantas.
De acordo com o especialista, que preferiu não se
identificar, "o nível do hormônio citocinina é de fato um fator
significativo na capacidade das plantas de sobreviverem em condições
duras".
No entanto, ele acredita que chamar a substância de
"hormônio da juventude" seria um "exagero". "Infelizmente é necessário
bem mais do que um só gene para salvar o mundo da fome. Para aumentar a
produção agrícola é necessária uma pirâmide inteira de genes."
"O
que a citocinina faz é retardar o envelhecimento das folhas. Assim, ela
contribui para a resistência da planta em condições de escassez de
água. Mas infelizmente, nesse assunto, os avanços são mais complexos e
demoram mais".
Fonte: http://camacarinoticias.com.br/leitura.php?id=223206