sábado, 18 de dezembro de 2010

Visitas Domiciliares: dificuldades na zona rural

Foto do blog eduhistoriador.blogspot.com

Localizada na zona rural de Inhambupe, a vila de Saquinho possui um sistema de saúde deficiente. Nos últimos tempos, a situação se tornou ainda pior. Isso porque o único posto de saúde da região foi fechado há pouco mais de uma semana. Em seus arredores, muitas famílias tiveram que se adaptar com a carência de recursos médicos, descobrindo outra forma de cuidar de seus doentes ou gastando tempo e dinheiro para se tratar no cento do município, em Salvador ou Alagoinhas.

Muitas casas são distantes até mesmo do centro do vilarejo, o que dificulta o acesso para pessoas com locomoção prejudicada. É o caso da família de Mara*, 24, e Agenor*, 26. Os dois irmãos sofrem com deficiências motoras desde a infância. Geralmente, são atendidos em casa, pois não conseguem chegar ao hospital. Assim como os médicos, o projeto Bandeira Científica também optou por prestar assistência à família em seu próprio domicílio, na Visita Domiciliar ocorrida na terça-feira.

Quando a equipe chegou na casa, a mãe estava ausente e os irmãos encontravam-se sob os cuidados de Damiana, que cuida deles há dois anos. “Eu venho todo dia cuidar dos dois”, conta ela, que mora em uma região próxima. Segundo Silmara Rondon, discutidora da Fonoaudiologia, a mãe teria contribuído para o atendimento. “A gente não sabe como foi esse parto, como foi o desenvolvimento deles, motor, de fala, no andar, faltam dados”. Ela explica que a mãe poderia esclarecer detalhes sobre a história do problema, por conhecer intimamente o cotidiano dos pacientes desde seu nascimento. Apesar do trabalho já consolidado de Damiana, nada substitui o conhecimento da mãe.

Solicitados pelos agentes de saúde para analisar os casos mais graves, os médicos da Visita Domiciliar prestam um atendimento momentâneo, dificultado justamente por essa falta de informações e a rapidez da consulta. A situação é agravada pela falta de apoio oferecida pelo sistema de saúde da região. O contato com a comunidade se dá através dos Agentes Comunitários de Saúde, responsáveis por levantar os problemas de determinada área. “O trabalho como agente comunitário é cheio de dificuldades”, conta Domingos, agente que acompanhou as visitas dos médicos voluntários. “Agora, está pior”, diz ele, por causa do fechamento dos postos, que gerou uma sobrecarga para ele e outros profissionais. Domingos recolhe dados e passa para a Secretaria de Saúde, mas nem sempre vê resultado em sua atuação, que deveria passar antes pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), responsáveis pela atenção primária e constante.

Mesmo admitindo a importância da atenção freqüente aos pacientes freqüentados, Domingo relata que isso não ocorre. Segundo ele, a família já se acostumou com o cuidado dos irmãos. Damiana partilha da mesma opinião. Já se adaptou a rotina, às demandas dos dois jovens sob seus cuidados. “A gente fica conversando, assistindo TV”.

Mãe solteira de quatro filhos, ela também não costuma ir ao médico. Afirma que não possui problemas de saúde. No entanto, um dos profissionais presentes na visita detectou uma irritação de pele na cuidadora, que é beneficiária de um dos programas de assistência do governo.

Enquanto seus filhos estudam no ensino público, Damiana se esforça no Topa, programa de alfabetização de adultos. Segundo ela, o problema de Mara e Agenor tem piorado. Aos cinco anos, eles caminhavam normalmente. Hoje em dia, não conseguem andar sem apoio e sofrem muitas quedas. “Faço comida, boto no prato, eles vão para a mesa comer. Ela vem derruba o prato em cima da mesa (a menina)”. Sobre os postos, Domingos conta que, da mesma forma que não foram avisados sobre seu fechamento, não sabem quando serão reabertos.

*nomes ficticios

Equipe de comunicação Bandeira Científica

Clara Roman

Fonte:http://www.bandeiracientifica.com.br/blog/

Mar no sertão do Candomblé



O som daquele movimento leve, forçado pelo vento, lembrava o barulho do mar; ao redor, ao contrário, terra seca batida, um horizonte de matos e colinas, o calor de mais de 40º. Flutuando calmamente no ar, largas faixas vermelhas, brancas, amarelas e verdes alternavam-se e hipnotizavam a todos. Não cansávamos de admirar a beleza das faixas, compostas por milhares de bandeirinhas de festa junina fixadas com barbante no teto da varanda da casa principal. Estavam completamente justapostas às centenas em cada faixa; um verdadeiro recife de corais em pleno ar.

Estávamos em um terreiro de Candomblé, a poucos minutos do centro de Inhambupe. Mal havíamos descido do ônibus e o sacerdote da casa – popularmente conhecido como Pai de Santo – já nos recepcionava com sua habitual e, mais tarde, absolutamente reconhecida por nós, abertura contagiante. Pai Uelson era católico e converteu-se ao Candomblé aos 16 anos; aos 21, já era Pai de Santo. Em Inhambupe, caso você necessite encontrar Pai Uelson, há uma grande chance de qualquer um na rua lhe indicar o endereço de sua casa, tamanha é sua popularidade.

Participávamos de uma atividade de alunos de psicologia da USP, cujo objetivo é entrevistar personalidades da cidade tidas como referência pela população, com o intuito de se pensar em políticas públicas a partir da visão dos moradores de Inhambupe. Assim como Pai Uelson havia sido indicado por diversas pessoas, ao cabo de sua entrevista seria tarefa sua indicar mais três pessoas para serem entrevistadas.

Sentamos na sala principal do terreiro, de chão de cimento, sem muitos adereços ou móveis. Cadeiras de plástico branco espalhavam-se pela sala; nas paredes, quadros de santos e algumas fotos, além de certificados. Um deles, concedido pela Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro, garantia a um tal José Uelson de Jesus o título de Sacerdote Afro. Pai Uelson sentou-se em sua cadeira revestida por diversas camadas de panos brancos rendados. Sua expressão era sempre calma e seus óculos de metal pareciam contrastar um pouco com a bata e a calça de pano alvíssimo que trajava.

Durante mais de três horas, falamos sobre história, preconceito, saúde e religião, entre outros temas. Pai Uelson contou-nos sobre a origem indígena de Inhambupe – fator que explicaria “a alta sustentabilidade e poder de decisão da cidade desde cedo” – apesar da atual predominância de afro-descendentes, expressou sua insatisfação com a discriminação existente contra negros em Inhambupe, chegando a atribuí-la a um “feudalismo e coronelismo preconceituosos”. Com relação ao sistema de saúde da cidade, Pai Uelson afirmou sua indignação com o recente fechamento de postos de saúde na cidade e afirmou ser este, na sua opinião, um caso passível de intervenção do Ministério Público.

Ao contrário do que usualmente pode-se esperar, quando o assunto moveu-se para o tema religião, a conversa fluiu de maneira absolutamente calma. Pai Uelson confirmou a existência de outros 158 terreiros de Candomblé só em Inhambupe, revelou ter participado de manifestações recentes pelo direito à liberdade religiosa no Brasil e defendeu temas normalmente espinhosos para líderes religiosos, como o uso de preservativos e a união civil homossexual – “não podemos julgar ninguém, isso[a união civil homossexual] não se discute, vem de si e o direito deve assistir”, afirmou. Sobre o aborto, apesar de não existir uma diretriz específica do Candomblé para o tema, Pai Uelson afirmou ser contrário à prática, mesmo em casos previstos na Constituição.

Ao fim da conversa, para nossa surpresa, fomos todos convidados a nos sentarmos à mesa para comer uma deliciosa torta de frango especialmente feita para nós por uma das ajudantes de Pai Uelson. Eram mais de sete horas da noite quando saímos de seu terreiro e as faixas de cores ainda moviam-se agitadas com seu barulho de mar no sertão.

Equipe de Comunicação da Bandeira Científica

Por Tulio Bucchioni

Fonte:http://www.bandeiracientifica.com.br/blog/

O que é o Projeto Bandeira Científica?


O Projeto Bandeira Científica é um projeto de extensão de estudantes da Universidade de São Paulo. O principal objetivo dessa iniciativa é ajudar na melhoria da saúde e qualidade de vida de moradores de municípios carentes do país, por meio de pesquisas científicas e atividades assistenciais e educativas. A cada ano, uma cidade de baixo IDH do país é escolhida para receber a Bandeira.

HISTÓRIA
O projeto foi criado por alunos da Faculdade de Medicina em 1957. Interrompido em 1969 devido à ditadura militar, foi retomado em 1998. A partir de 2002, outras unidades da USP começaram a colaborar com a iniciativa dando um caráter multidisciplinar na atuação do projeto.

Atualmente alunos de sete unidades da USP são responsáveis por sua organização. São elas: Faculdade de Medicina (FM), Faculdade de Saúde Pública (FSP), Instituto de Psicologia (IP), Faculdade de Odontologia (FO), Escola de Comunicações e Artes (ECA), Escola Politécnica (POLI) e Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ).

ATIVIDADES
As principais ações são realizadas durante uma expedição de dez dias no final de cada ano, envolvendo uma média de 200 participantes voluntários de diversos cursos. Os alunos, sob supervisão de profissionais e professores, desenvolvem atividades de acordo com a área de sua formação, mas mantendo o foco na interdisciplinaridade.

São realizadas centenas de atendimentos, exames e doações, além da formação de grupos de discussão e de atividades educativas para os estudantes, moradores e profissionais locais. Os alunos ainda pesquisam indicadores sociais, realizam relatórios sobre infra-estrutura e fornecem aos gestores públicos um banco de dados com o resultado do trabalho no município.

A expedição é planejada durante um ano por alunos representantes de cada unidade. Eles são responsáveis pela preparação estrutural e operacional. Isso inclui realizar pré-visitas à cidade escolhida e organizar alojamento, alimentação, abastecimento de água, deslocamento das equipes, transporte interestadual e local, distribuição e material das atividades, medicamentos, etc. Cabe ressaltar que todo o planejamento é feito levando-se em consideração as necessidades e particularidades do município.

Além disso, os alunos representantes organizam processos seletivos para outros estudantes interessados em participar. A seleção é feita por meio de cursos, entrevistas, cartas de interesse ou provas, dependendo de cada unidade.

A Bandeira Científica é um projeto muito procurado, por oferecer experiência prática para os alunos, que aplicam a teoria das salas de aula na assistência ao país. Com isso, a Bandeira cumpre seu duplo papel, essencial a todo Projeto de Extensão Universitária: complementar o processo de aprendizagem dos estudantes e expandir o conhecimento acadêmico para além dos muros da USP.

SELEÇÃO DO MUNICÍPIO
A cada ano, um município carente do país é escolhido para receber a Bandeira. A seleção é baseada em três critérios principais:

. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): a cidade escolhida deve apresentar IDH entre 0,5 e 0,7
. Cobertura do Programa de Saúde da Família: é preferível que o programa cubra mais de 50% da cidade.
. População: o município deve apresentar população entre 20 e 60 mil habitantes

A composição desses critérios reflete a carência da cidade candidata e permite verificar se há uma estrutura mínima para receber o projeto.

PARCERIAS
O projeto só é possível por meio de parcerias com a iniciativa privada, com instituições, com os gestores do município atendido e com uma universidade local. As parcerias bem consolidadas garantem que as ações propostas pelo projeto não se restrinjam ao período da expedição, mas sejam viabilizadas e implementadas a longo prazo na região atendida. Cada parceiro oferece ajuda financeira e/ou de material para despesas com medicamentos, equipamentos e transporte durante a expedição.

CONTINUIDADE
Um dos principais desafios do Projeto é a continuidade. Isso porque o tempo da expedição é limitado, a distância geográfica costuma ser grande e a eficácia das ações a médio e longo prazo depende do compromisso da própria cidade e do envolvimento da universidade local.

Algumas ações favorecem esse aspecto:

. Orientação e encaminhamento dos pacientes ao sistema local de saúde;
. Doação de óculos e próteses;
. Realização de exames com posterior divulgação dos resultados;
. Capacitação de multiplicadores e profissionais;
. Elaboração de relatórios diagnósticos e projetos técnico-estruturais;
. Elaboração de relatórios científicos;
. Consolidação de Parcerias Universitárias;
. Visitas de Seguimento, posteriores à expedição;
. Criação de telecentros


Fonte:http://www.bandeiracientifica.com.br/a-bandeira/

Primeira Comunhão e Padre Edmundo

Um coala entra em um bar e... Peraí, coala?


Estava chovendo muito forte em Queensland, na Austrália, e ele precisava de abrigo até poder voltar para a rua de novo.

Que sorte! Um bar aberto bem no meio do caminho. Ele entrou e, eventualmente, até pegou no sono lá dentro.

E o que essa história tem de tão especial? "Ele" é um coala.

A galera que estava bebendo no bar ficou impressionada quando o marsupial peludinho simplesmente entrou e se aproximou do barman, Kevin Martin - que levou a situação com bom humor.

- Eu pedi a identidade dele, e ele não tinha nenhuma. Então ele ficou meio insatisfeito e subiu em uma viga de madeira.

Apesar de a visita do coala ter sido apreciada por todos no local, Kevin chamou o serviço de proteção à vida animal, para devolvê-lo a seu habitat natural.

Fonte:http://noticias.r7.com/esquisitices/noticias/um-coala-entra-em-um-bar-e-perai-coala-20101118.html