Funcionários do Vaticano organizam a Capela Sistina para receber os 115 cardeais que escolherão o próximo papa
O conclave que vai definir o próximo líder da Igreja Católica será
iniciado na próxima terça-feira (12), anunciou o Vaticano em um
pronunciamento nesta sexta-feira (8).
O último dos 115 cardeais com direito a voto na escolha do próximo papa
chegou ao Vaticano na tarde de quinta-feira (7) e já participou da
congregação geral — reunião preparatória para o conclave.
A presença do vietnamita Jean Baptiste Pham Minh Man
era aguardada para que os cardeais pudessem enfim definir a data de
início do conclave, como afirmou o porta-voz do Vaticano durante a
semana.
Segundo Federico Lombardi, seria uma "demonstração de respeito"
aguardar até que o Colégio de Cardeais estivesse completo para tomar a
decisão.
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Antigamente, um conclave podia durar semanas, ou até mesmo meses até as
primeiras décadas do século 19, mas desde então foram drasticamente
encurtados e os cardeais que participam deles precisaram apenas de um a
quatro dias para eleger um novo Papa.
Veja ao final quanto tempo durou para escolher os papas dos últimos dois séculos.
O que é um conclave?
O conclave que se reunirá no dia 12 de março no Vaticano é uma
assembleia de cardeais regida por regras muito rígidas, durante a qual
os cardeais se isolam do mundo exterior para evitar pressões até terem
escolhido um novo papa.
A palavra "conclave" vem do latim, "cum clavis", e significa precisamente "fechado à chave".
Na próxima semana, 115 cardeais com menos de 80 anos dos 117 que
compõem o corpo eleitoral (um indonésio e um britânico não participarão)
se fecharão no recinto da cidade do Vaticano, declarado zona de
Conclave.
Antes, todo o Colégio Cardinalício, incluindo os maiores de 80 anos,
terão realizado as chamadas congregações ou assembleias para debater o
estado da Igreja e definir o perfil do sucessor de Bento 16, após sua
histórica renúncia no dia 28 de fevereiro.
O novo papa será eleito em uma das votações que serão realizadas na Capela Sistina.
Durante a duração do Conclave, os cardeais serão proibidos de utilizar
qualquer tipo de comunicação com o exterior, sem telefone ou
computadores. Não poderão enviar mensagens eletrônicas ou alimentar suas
contas nas redes sociais.
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Vigilância
O Vaticano ordenou inclusive uma limpeza eletrônica para detectar
qualquer possível mecanismo transmissor ou receptor camuflado no âmbito
da clausura e colocou um aparelho que restringe os sinais de rádio
dentro da Capela Sistina e nas áreas próximas a ela.
No início do conclave, os cardeais farão um juramento de silêncio. Além
dos cardeais, todos os funcionários do serviço que têm acesso a eles
também deverão jurar que manterão segredo sobre tudo o que tiver relação
com as reuniões, sob pena de excomunhão.
O conclave terá início com uma missa votiva "Pro elegendo papa", após a
qual os cardeais se dirigirão em procissão até a Capela Sistina, local
da eleição, cantando o "Veni Crator" para invocar a ajuda do Espírito
Santo, segundo a tradição da Igreja Católica Apostólica Romana.
Além disso, o mestre de cerimônias pronuncia o "Extra omnes!" ("Fora
todos!", ordenando que aqueles que não tenham a ver com a eleição saiam
do recinto).
As portas se fecham e ficam sob a proteção da Guarda Suíça.
Para ser eleito, um cardeal precisará de uma maioria de dois terços, ou
seja, 77 votos. O voto é secreto. Os cardeais não têm direito de se
abster nem de votar em si mesmos.
Na Capela Sistina serão realizadas duas votações matutinas e duas
vespertinas. Duas vezes ao dia, uma depois de cada rodada, os papéis são
queimados. A cor da fumaça que sairá da chaminé anuncia ao mundo o
resultado: preta, se ainda não houver uma decisão, e branca, se um novo
papa tiver sido eleito.
Nos três últimos conclaves (dois em 1978 e outro em 2005), para
desespero dos jornalistas, o sistema não funcionou corretamente e a
fumaça que deveria ser branca apareceu como cinza. Na última destas
ocasiões foi incorporada uma estufa auxiliar com o objetivo de queimar
produtos químicos que tingissem claramente a fumaça da cor correta,
embora tampouco tenha funcionado.
"Habemus papam"
Quando o cardeal eleito papa for definido, um repique de sinos de São
Pedro se somará ao anúncio do evento, e assim tudo será mais claro para a
imprensa e para os milhares de católicos que seguirão o evento.
Se depois do terceiro dia nenhum candidato alcançar o mínimo exigido, a
tradição estabelece uma pausa de 24 horas, que será dedicada "à oração,
ao colóquio (...) e a uma breve exortação espiritual".
Se ocorrerem outras sete votações inúteis, será feita outra pausa de um dia.
O último ato do conclave é a pergunta que três cardeais fazem ao
eleito: "Aceita sua eleição como Sumo Pontífice?". Após a resposta
afirmativa, segue outra pergunta, "Como quer ser chamado?".
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Depois de ser parabenizado pelos cardeais, o sucessor do papa alemão,
que poderá escolher livremente seu nome, se dirigirá a uma pequena sala
contígua onde o esperam três hábitos papais (de tamanhos pequeno, médio e
grande) para se vestir. Costuma ser chamada de "Sala das Lágrimas", já
que parece que todos os eleitos, segundo diz o Vaticano, choram ali em
relativa intimidade diante da magnitude da responsabilidade que acabam
de assumir.
Em seguida, o novo papa vai à sacada da basílica de São Pedro depois
que o protodiácono, neste caso o cardeal francês Jean Louis Tauran,
anunciar aos fiéis: "Habemus papam!" para ser apresentado à multidão
reunida na gigantesca praça de São Pedro no Vaticano.
Veja abaixo quanto tempo durou para escolher os papas dos últimos dois séculos:
Bento 16 (2005): 2 dias
João Paulo 2º (1978): 2 dias
João Paulo 1º (1978): 1 dia
Paulo 6º (1963): 3 dias
João 23 (1958): 3 dias
Pio 12 (1939): 1 dia
Pio 11 (1922): 4 dias
Bento 15 (1914): 3 dias
Pio 10 (1903): 4 dias
Leão 13 (1878): 1 dia e meio
Pio 9º (1846): Menos de dois dias
Gregório 16 (1831): 54 dias
Pio 8º (1829): Mais de um mês
Leão 12 (1823): 26 dias
Pio 7º (1799-1800): 3 meses e meio
Fonte: R7