
Os manifestos de desagravo dos organismos jornalísticos e sociais que observam o proceder da própria imprensa são indubitavelmente acertados. O JN, com seu editor-chefe e apresentador Willian Bonner (ao lado de sua esposa-apresentadora Fátima Bernardes) é o telejornal de maior audiência no país. Infelizmente, esse mesmo país lidera um triste índice: seu povo lê pouco!
Assim fica fácil. Só para gerar um pouco de polêmica, botar lenha na fogueira... Certo tempo, correu nos bastidores do jornalismo, na internet e na “rádio peão” (aquele boca-a-boca – “fofoca”, para os mais lentos!), que Bonner teria classificado o público do JN de “Hommer Simpson” – aquele personagem do desenho animado Os Simpsons, que vê TV e não absorve nada, assiste-a abobalhado, sem senso crítico, assimilando tudo que ouve, sem sequer questionar!

Então, este mesmo jornalista, que lidera o Jornal Nacional, que por sua vez cumpre ordem da emissora, simplesmente ignorou o fato da notícia dando conta da escolha de Lula, presidente do Brasil, como sendo a maior personalidade do ano passado. Isto não merecia ser divulgada para o povo brasileiro?
Ironia, não é mesmo?! Logo a Globo, com seu “padrão de qualidade? Logo o JN, com seu “jornalismo padrão”?
Ficam agora alguns questionamentos necessários: Qual será mesmo o critério de noticiabilidade do Jornal Nacional? Quando se trata de elogiar o representante maior da nação não é notícia. Mas, criticá-lo é?! Quando é para noticiar que o jornal de maior importância no mundo, o Le Monde, escolhe pela primeira vez em seus 65 anos uma personalidade do ano, e esta é o Lula, isso não tem importância para o país? Confuso, não é mesmo?!
Aquilo que não lhe interessa, não vira notícia. Logo, esse modos operandi de fazer jornalismo do JN é deveras destoante daquilo que rege um jornalismo moral e eticamente responsável. Enquanto a Globo omitia esta informação, em plena véspera de Natal, suas concorrentes (e que por sinal fazem um bom jornalismo – guardadas as devidas proporções), deram chamadas, com nota, comentário, riqueza de detalhe e tudo mais que o assunto merecia!

Fica então o ensinamento, caríssimos leitores. Nunca assistam apenas um telejornal, ainda mais se este jornal for o Jornal Nacional! Vejam outros. Observem a abordagem que cada um dá a determinado assunto, perceba se ele noticiou ou não algo que você julgava importante saber. Depois, tire suas próprias conclusões. Agindo assim é possível se manter bem informado. Do contrário, estaremos nos comportando como “quadros em branco”, onde se escreve o que quer, sem nossa interferência.
O Jornal Nacional, lastimavelmente - adjetivo que perfeitamente define a emissora a qual ele pertence, cometeu aquilo que podemos chamar (amenizando) de abuso ao interesse público. E olhe que este é o principal alvo de qualquer veículo de comunicação sério: o interesse do público!
Está dito!