As mudanças no comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária
(Copom), divulgado na noite passada, motivaram os ajustes em alta das
taxas dos contratos futuros de juros nesta quinta-feira, em especial nos
vencimentos com prazos mais longos. O documento do Banco Central citou a
"piora no curto prazo" para a inflação e, ao mesmo tempo, a recuperação
da atividade doméstica "menos intensa do que o esperado". Em meio a
estes estímulos divergentes para as taxas, os investidores deram mais
ênfase às preocupações com a inflação, o que se traduziu no aumento dos
juros.
Ao fim da sessão regular da BM&F, a taxa do contrato
futuro para abril de 2013 (15.890 contratos) marcou 7,021%, ante 7,04%
do ajuste de quarta-feira. Já a taxa do DI para julho de 2013 (72.560
contratos) estava em 7,07%, ante 7,06%. O contrato para janeiro de 2014
(339.065 contratos) marcava 7,19%, ante 7,16%, e o DI para janeiro de
2015 (309.015 contratos) estava em 7,87%, ante 7,76%. Na ponta mais
longa da curva a termo, o contrato para janeiro de 2017 (179.550
contratos) tinha taxa de 8,66%, ante 8,53%, e o DI para janeiro de 2021
(12.655 contratos) estava em 9,37%, ante 9,22%.
Pela manhã,
as taxas dos DIs chegaram a oscilar muito perto da estabilidade mas, à
tarde, os ganhos se ampliaram. Por trás do movimento está a leitura de
que o BC, por meio do comunicado, deixou claro que a inflação é
monitorada com atenção, a despeito de a atividade ainda não ter
deslanchado. A alta também foi intensificada, segundo alguns operadores,
por movimentos técnicos, quando o avanço disparou novas operações de
tomada de taxas.
"Alguns analistas continuavam esperando
corte de juros, mas com a citação da inflação no comunicado, isso vai
sendo corrigido", disse Maurício Nakahodo, consultor de pesquisas
econômicas do Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ. Segundo ele, o comunicado
foi "realista" ao reconhecer "a piora da inflação de curto prazo". "Até
por isso o governo vem tentando postergar alguns aumentos, como os das
tarifas de ônibus."
Apesar do movimento desta sessão, a
curva a termo alterou de forma marginal a perspectiva para a Selic em
2013. O economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, lembra que a
curva havia eliminado, em sua precificação, a perspectiva de corte dos
juros básicos este ano. Agora, com o novo comunicado do Copom, elevou-se
um pouco a probabilidade de alta da Selic no fim do ano. "Grosso modo,
temos 3 pontos de alta precificados por reunião do Copom até agosto. Em
outubro, temos 10 pontos e, em novembro, 15 pontos. Na prática, há uma
probabilidade de a Selic subir 0,25 ponto porcentual em uma das duas
últimas reuniões", comentou.
Serrano lembra, porém, que
antes mesmo da reunião do Copom a curva já precificava probabilidade
parecida de alta da Selic no fim de 2013. Esta também é a percepção do
estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno, que, ao
avaliar a curva, enxerga duas altas de 0,25 ponto porcentual da Selic,
uma em outubro e outra em novembro. Leituras da curva costumam variar
conforme o vértice utilizado e a forma de cálculo.
Seja
como for, os profissionais destacaram a preocupação do BC com a
inflação, embora o comunicado deixe margens - como é de costume - para
interpretações variadas.
A pressão de alta nas taxas neste
pregão, conforme Rostagno, foi reforçada pelos números positivos da
economia dos Estados Unidos divulgados mais cedo. Por lá, os pedidos de
auxílio-desemprego caíram mais que o esperado na última semana e as
construções de moradias iniciadas em dezembro ficaram acima das
expectativas.
Pela manhã, a Fundação Getulio Vargas (FGV)
anunciou alta de 0,42% do IGP-10 em janeiro, o que indica desaceleração
ante a taxa de dezembro, enquanto a Confederação Nacional da Indústria
(CNI) divulgou dados positivos da indústria em novembro.
Fonte: http://noticias.r7.com/economia/noticias/juros-sobem-apos-copom-reconhecer-piora-da-inflacao-20130117.html
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