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sábado, 23 de outubro de 2010
APELIDOS TÊM RAZÃO DE SER
Por ser muito branca, a Sofia recebeu a alcunha de "Barata descascada". O Mário — que tem lábios para dentro — é mais conhecido como "Chupa ovo". O João, que cultiva uma barbicha rala e besuntada a óleo é chamado "João melado". Rita — muito chorona — foi apelidada de "Manteiga derretida".
Isso mostra que a maioria das alcunhas paulistas tem sua razão de ser, um significado que diz respeito a alguma mania ou característica física da pessoa apelidada. Prova do fato é o resultado da pesquisa realizada pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e da qual participaram nada menos de 80 alunas.
Os informantes foram localizados com relativa facilidade. Colecionado na ordem alfabética, o trabalho do paciente grupo trouxe parcela de contribuição aos estudos da literatura oral da classe média paulistana.
Selecionamos alguns dos apelidos usados na cidade de São Paulo e sua explicação, segundo a pesquisa do Conservatório dramático e musical, levada a efeito através da cadeira de folclore.
Açucareiro: por estar sempre com as mão na cintura.
Alfinete sonoro: locutor muito magro.
Ali-Babá: porque é feliz nos negócios.
Avenca: por gostar de sombra e água fresca.
Bigodinho de prata: por ser muito convencido de seus bigodes.
Boca mole: por falar devagar.
Boca rica: por ter dentes de ouro.
Bola seis: por ter careca rosada como a sexta bola da sinuca.
Boticão: por ter dentes muito grandes.
Carijó: por ser sardento.
Caxinguelê: por estar sempre bêbado.
Chaminé: por estar sempre fumando.
Chapadão: por ter os pés esparramados.
Cheira céu: por ser muito alto e ter o nariz arrebitado.
Chico lingüiça: por ser muito alto e vermelho.
Coca-cola: por ter cara enjoada.
Cochicho: por falar muito alto.
Coringa: por estar em toda parte.
Doce de leite: por ser muito perfumado e cheio de não me toques.
Dragão dengosa: por ser muito feia e enfeitada.
Esfinge: por falar pouco.
Esponja: Por beber demais.
Gafanhoto: por comer tudo que encontra.
Gazetinha: por espalhar tudo que sabe.
Jóquei de elefante: por ser muito grande e gordo.
Leão da metro: por ter uma enorme cabeleira.
Maria mole: por ser muito preguiçoso.
Meia-Noite: por ser o último a deixar os bares.
Moringa: por ter o pescoço comprido.
Nanquim: por ser muito preto.
Novelo de lã: por ser gorda e não ter cintura.
Pé gelado: por não ter sorte.
Pudim: por ser muito delicado e meloso.
Pula muro: por andar a passos largos.
Semana santa: por ser excessivamente religioso.
Serpentina: por se requebrar ao andar.
Sim-sim: por concordar com tudo.
Vassoura de piaçava: por ter o cabelo duro.
Vinte e cinco de março: por ser filhos de Sírios.
Vó de sarampo: por ser muito amolante.
Zero um: por ter um olho fechado.
Fonte: http://www.felipex.com.br/cur_apelidos.htm