Ao
fim da reunião do diretório nacional do PT em Brasília, que durou toda a
manhã e parte da tarde deste sábado, os dirigentes do partido decidiram
manter o apoio e os esforços para realizar o plebiscito para definir as
novas regras da política nacional – e que as mudanças devem valer ainda
para 2014. Segundo o presidente da legenda, Rui Falcão, pelo menos o
fim do financiamento privado de campanha será uma das mudanças
defendidas pelo partido com validade já para as próximas eleições.
A realização de um plebiscito ou um referendo e a
validade das mudanças foram o mote da reunião deste sábado. O deputado
petista Cândido Vaccarezza (SP), que é o coordenador do grupo de
trabalho que vai definir um projeto de reforma política que será
submetida a referendo posteriormente, admitiu na primeira reunião da
comissão que será impossível adotar as alterações já em 2014. Os
petistas condenaram a posição de Vaccarezza e mantêm apoio à proposta da
presidente Dilma Rousseff, que quer as mudanças já no ano que vem.
No entanto, os petistas não sabem bem como realizar as
alterações a tempo. Pela lei eleitoral, para uma mudança ter validade
nas eleições seguintes, ela deve ser aprovada e sancionada no mínimo um
ano antes da data do pleito - neste caso, as alterações devem ser feitas
antes de outubro. Rui Falcão afirmou que é possível votar no Congresso e
esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) vote uma ação direta de
inconstitucionalidade (Adin) protocolada pelo próprio partido que pede o
fim do financiamento privado de campanha.
Já o secretário-geral do PT, Paulo Teixeira, defende que
há tempo hábil: basta boa vontade política, inclusive do PMDB, maior
aliado do PT, mas que já firmou compromisso com a ideia do referendo,
com validade para as eleições posteriores a 2014. "Dá tempo, é só
querer. Começar em agosto, fazer um acordo, aprová-lo e regulamentá-lo
para que repercuta em 2014. Evidente que se não conseguirmos fazer o
acordo para o plebiscito, temos que ter uma alternativa que repercuta em
2014, algo que o próprio Congresso possa aprovar. Queremos alguma coisa
para já. A política é humor. A política também responde às pressões da
sociedade. Esse humor pode, na minha opinião, e deve evoluir para uma
resposta rápida em termos de mudança dos hábitos políticos eleitorais",
afirmou.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas
grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos
para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos
prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional,
dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de
milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com
um significado ainda não plenamente compreendido.
A
mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril,
milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para
protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A
grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para
todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que
foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos.
Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já
inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa
do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos
em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A
onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de
questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um
movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do
regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é
um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.