sábado, 25 de dezembro de 2010

Edital de convocação extraordinária da Câmara Municipal de Inhambupe

Clique na imagem e veja a convocação para os dias 28 e 29 do corrente mês.

Igreja de Inhambupe


Joãozinho da Gomeía

Nascido em 27 de Março de 1914, no município de Inhambupe, a 153 quilômetros de Salvador. João Alves Torres Filho era filho de um alfaiate e de Maria Vitoriana Torres. Neto de ex-escravos, supostamente foi coroinha do Padre Camilo Alves de Lima, na Igreja da Invocação do Divino Espírito Santo de Inhambupe.
Apesar de temer o candomblé e sonhar ser um sacerdote Católico, foi iniciado no final dos anos 20 nesta religião pelo Mestre Jubiabá. Este ficou conhecido nacionalmente pelo romance de mesmo nome, publicado por Jorge Amado em 1935.
No ano de 1932, João Alves era conhecido na Bahia, como João da Pedra Preta. Pois realizava consultas com esta entidade na Rua da Liberdade, 561. Mais tarde fundou o seu candomblé na Rua da Goméia, no bairro de São Caetano. Por causa do nome da rua, passou a utilizar o nome Joãozinho da Goméia.
Em 1947/1948 Joãozinho despediu-se de Salvador em uma festa no Teatro Jandaia, apresentando danças típicas do candomblé. A convite do Jornalista Orlando Pimentel, desembarcou no Rio de Janeiro, sendo apresentado a Joaquim Rollas e contratado como coreógrafo do Cassino da Urca.
A princípio hospedou-se na casa de uma filha de santo, no bairro 25 de agosto em Duque de Caxias. Pouco tempo depois alugou uma casa na Rua das Vassouras, 174. Bairro Itatiaia também na Baixada Fluminense.
Nos anos 50, comprou os lotes 2805, 2806 e 2807, no loteamento Vila Leopoldina IV. Este endereço é mais conhecido como Rua General Rondon, 360. Parte da antiga Fazenda Jacatirão, que deu nome a uma das ruas do loteamento. Assim como Itatiaia, Dr. Laureano e Ipanema, desta forma os moradores começaram a utilizar os nomes das ruas como definição de bairro, gerando confusão até os dias atuais.
Da Goméia foi um grande ativista cultural, costureiro, compositor, dançarino, coreógrafo e Zelador de Santo. Distribuiu agasalhos, comida, bancou festas, enterros, remédios, alugueis, realizou partos e chegou a sustentar mais de 20 pessoas dentro de seu terreiro.
Nos anos 50 e 60 o terreiro da Goméia passou a ser referência do município de Duque de Caxias, não só por ser um dos primeiros na região sudeste, mas pelos frequentadores famosos. Entre eles; Embaixadores da França, Inglaterra e Paraguai, Cauby Peixoto, Dorival Caymmi, Emilinha Borba, Francisco Alves, Getulio Vargas, Henrique Teixeira Lotte, Maria Antonieta Pons, Marlene, Ninon Sevilha, Paulo Gracindo, Solano Trindade e Tenório Cavalcante. Segundo alguns em 1961, após uma visita a Petrobrás, o presidente Juscelino Kubitschek pediu para desviar o caminho para visitar o local. Devido à grande procura e movimentação a empresa de ônibus “Viação União” criou a linha “Caxias – Copacabana” no párabrisa lia-se em uma placa “Via Joãozinho da Goméia”.
Por causa de sua personalidade foi criado na Bahia o Centro de referência e cidadania homossexual Joãozinho da Goméia, a instituição localizada a Rua Frei Vicente, 24 – Pelourinho, Salvador. Colhe denuncia de agressões e descriminações, a iniciativa partiu do Grupo Gay da Bahia.
Na visita da princesa Elizabeth ao Rio de Janeiro, foi chamado para uma apresentação particular. A “mesma comentou que se houvesse um rei neste negócio de “macumba”, seria Joãozinho da Goméia”. Daí o povo começou a chamá-lo de Rei do Candomblé. Quando esta princesa foi coroada Rainha da Inglaterra, mandou uma réplica miniatura do sino utilizado na cerimônia pelas mãos de Assis Chateaubriand para ser entregue à Joãozinho da Goméia.
Faleceu em São Paulo no dia 19 de Março de 1971. O corpo foi velado por 26 horas, dentro do terreiro da Goméia em Duque de Caxias. Este mesmo espaço serviu para Igreja Católica Apostólica brasileira realizar uma cerimônia, dirigida por Dom José Antonio da Silva e Dom Hugo da Silveira Lino.
No cortejo, feito a pé, até o cemitério Nossa Senhora de Belém, no corte 8. Rosas eram jogadas pelo caminho, o sol estava quente e sem anuncio prévio o tempo virou trazendo um temporal. No dia 23 de Março do mesmo ano, o vereador da Arena José Carlos Lacerda apresentou à Câmara Municipal indicação para que a Rua Cascatinha passasse a se chamar “João Alves Torres Filho”. Brigas internas por sucessão causaram o fechamento do terreiro da Goméia.
No dia 22 de setembro de 1987, o vereador Luiz Brás de Luna, indicou à mesa da Câmara Municipal de Duque de Caxias um oficio para fins de desapropriação do imóvel onde funcionou o “terreiro da Goméia” para criação do “Centro Cultural Afro-Brasileiro Joãozinho da Goméia” Na época o ato de desapropriação teria o objetivo de resgatar a memória da Goméia restaurando as edificações do barracão que ainda estavam em pé e inaugurando a CCABJG no dia 13 de maio de 1988, precisamente no primeiro centenário da libertação dos escravos.
No ano de 2003, por indicação do vereador Airton Lopes da Silva, o ITO. A Goméia foi desapropriada para construção de uma creche. Pesquisadores, historiadores e adeptos do candomblé mobilizaram-se na tentativa de resgatar o antigo projeto da construção do “Centro Cultural Afro- Brasileiro Joãozinho da Goméia” mantendo viva a lembrança da história do Rei do Candomblé.
A construção de uma quadra de futebol chegou a ser iniciada e uma amendoeira plantada por seu João foi recentemente cortada. Devemos aproveitar a redescoberta de outro João, o Almirante Negro. E seguir o exemplo de preservação da história com o centenário de Joãozinho da Goméia que se aproxima. Enquanto isso, sambas de enredo contam fragmentos desta história que ate agora não tem um final feliz.

Fonte:http://expressodofluxo.blogspot.com/2010/12/joaozinho-da-gomeia.html