terça-feira, 22 de setembro de 2015

Funasa faz pesquisa para avaliar satisfação dos usuários de cisternas em Inhambupe

Uma equipe da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) está em Inhambupe desenvolvendo uma pesquisa sobre a satisfação dos moradores dos distritos e povoados do município onde foram implantadas um total de 587 cisternas pelo órgão no ano passado. Ao todo, serão entrevistados 80 usuários, cerca de 15% do total, número suficiente para, segundo os técnicos, apresentar uma abrangente representatividade quanto ao universo pesquisado.
Segundo o funcionário da Funasa José Alves Farias, do setor de Educação à Saúde, a pesquisa visa avaliar o estado real das cisternas, se elas estão atendendo de fato as necessidades da população e se a captação da água está ocorrendo da forma como foi planejada, entre outras questões. Eles foram recebidos pelo prefeito Benoni Leys e pelo secretário de Agricultura e Meio Ambiente Nélio Costa, que estão dando o suporte necessário para o desenvolvimento da pesquisa.
Além da observação acerca da forma como a água é captada e tratada, a pesquisa pretende ainda observar o comportamento da população na parte social e com relação à aquisição de serviços de saúde. “Será um pesquisa bem ampla, que avaliará também a forma como as pessoas se divertem e os transportes que usam para se locomover no município, por exemplo”, ressalta Farias.
O técnico ressalva que a pesquisa vai determinar ainda possíveis alterações no projeto original, caso seja constatada essa necessidade. Ele também disse que o órgão vai tentar agilizar entraves na conclusão do Complexo de Distribuição e Tratamento de Água do Boqueirão, que está praticamente concluído, faltando apenas pequenos detalhes técnicos para que possa ser entregue à população da região.
Completam a equipe da Funasa a técnica em Educação e saúde ambiental Maria Consuelo e o auxiliar de saneamento Antonio Carlos. O trabalho de pesquisa foi concluído nessa sexta-feira (dia 17).

Fonte: https://prefeituradeinhambupe.wordpress.com/2015/09/22/funasa-faz-pesquisa-para-avaliar-satisfacao-dos-usuarios-de-cisternas-em-inhambupe/

“Precisamos acabar com a corrupção da opinião pública feita pela mídia”, diz Venício Lima

A corrupção promovida pela mídia, as intenções golpistas, a concentração dos meios e as novas leis para promover a democracia no setor foram os temas que marcaram o Seminário Internacional "Mídia e Democracia nas Américas", promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Os debates ocorreram com transmissão online, entre a sexta-feira (18) e o domingo (20), na cidade de São Paulo. Estiveram presentem representantes de dez países do continente americano.
Fazendo uma referência aos noticiários dos grandes meios de comunicação, o professor da Universidade de Brasília (UnB) e membro do Conselho Curador da empresa pública de comunicação, a EBC, Venício Lima iniciou o debate falando a respeito do caso brasileiro.
“Se corrupção é a prevalência de interesses privados sobre os públicos, quando a mídia seletivamente apresenta interesses seus, privados, como se fossem públicos, ela está desenvolvendo um processo sistemático de corrupção da opinião pública”, afirmou.
A homogeneidade do discurso midiático no Brasil foi outro fator problemático apresentado pelo teórico. “A narrativa da mídia é tão homogênea que é como se tivesse um único editor para todas as notícias de todos os meios", disse. E citando um exemplo recente, Venício traz o tema da “mediatização penal”: “A mídia denuncia, julga, condena e quando se prova a inocência, a mídia não recua e continua condenando”, avaliou.
O professor ainda cobrou do governo federal a saída para a “armadilha que ele próprio caiu”. Ele apontou que “os governos populares eleitos nas quatro últimas eleições acreditaram, de forma equivocada, que poderia ser feita uma aliança entre o governo e os oligopólios de mídia. E por acreditar nessa possibilidade foram se perdendo as oportunidades de fazer o mínimo” para democratizar a comunicação no Brasil através da promoção da “pluralidade e diversidade”.
A crítica à política promovida pelos governos PT também veio de outros palestrantes e do público. Para Osvaldo León, da Agência Latino-americana de Informação (Alai-Equador), “é incrível como em quatro governos do PT, o partido ainda não tem uma política democrática de comunicação”.
Governo brasileiro
Representando o Ministério das Comunicações do Brasil, estava Emiliano José, Secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica. Ele apontou que: “Tivéssemos nós regulamentado os artigos da Constituição, do 220 ao 224, teríamos uma mídia mais democrática que a de hoje”, reconhecendo que o governo não avançou muito na democratização da comunicação.
Ao falar do livro que pretende lançar em breve, e reafirmando que esta é uma análise feita em seu próprio nome, ele declarou que “a mídia brasileira sempre teve lado. Ela nunca tergiversou em que lado ela situa e não é do lado do povo brasileiro. Ela sempre teve posições extremamente conservadoras”. Sobre a atual conjuntura política do país, José alertou que “os grupos hegemônicos da mídia desempenham um papel essencial nesse intento golpista”.
“Nesse momento, na conjuntura que nós vivemos, pedir uma regulação da mídia é uma contradição com a correlação de forças que vivemos, sobretudo com um Congresso com essa composição”, sinalizou José. Esta afirmação causou polêmica entre os participantes e alguns reagiram apontando que a luta pelo democratização da mídia não cessaria, como foi o caso de Rosane Bertotti, da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Direito à comunicação
“O Brasil está atrasado na discussão da democratização dos meios”, foi o ponto de partida pelo qual o Relator Especial para Liberdade de Expressão na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Edson Lanza fez sua apresentação.
Abordando a liberdade de expressão em sua dimensão individual – direito de cada pessoa em buscar, receber, compartilhar e produzir informação - e coletiva – que tem a ver com a garantia da democracia -, Lanza sustentou sua argumentação. Dentro disso, ele afirmou que “os oligopólios ou monopólios [dos meios] atentam contra a liberdade de expressão e a democracia”.
Lanza também apontou que é papel do Estado assegurar a democracia no país, garantindo a presença dos três setores: público, privado e comunitário nos meios de comunicação.
Nesse sentido, Néstor Busso, ex-presidente do Conselho Federal de Comunicação da Argentina e ativista das rádios comunitárias, abordou o processo de construção da Lei de Meios em seu país. “O central é que a comunicação é um direito, não um negócio. A liberdade de expressão é um direito de todas as pessoas, não dos donos dos meios”, apontou.
“O Estado para garantir o direito à comunicação e à liberdade de expressão, deve assegurar diversidade e pluralismo. Isso significa que o Estado tem que atuar com políticas públicas para garantir esse direito, se faz isso colocando limites aos poderosos e promovendo a palavra e expressão dos setores mais postergados e pobres”, explicou.
Leis de Meios
Sobre o caso argentino, Busso ainda contou que as licenças de rádio e TV são divididas igualmente em três tipos de prestadoras: privada ou comercial, social (sem fins de lucros ou comunitária) e pública (que pode ser estatal ou não-estatal).
Assim como na Argentina, o Equador possui um modelo de participação dividido em um terço para cada setor. Segundo Osvaldo León, da Alai, um tema importante na legislação equatoriana é sobre a publicidade estatal. “Se a Constituição reconhece três setores, a publicidade estatal deve distribuir-se em três porções iguais”. Isso serve, em especial, para os comunitários, que possuem dificuldades de autossustentação.
Apesar de existir há dois anos na lei do Equador, León aponta que não há muitos avanços de democratização dos meios, e afirmou que “não tem nenhuma frequência outorgada para o setor comunitário”.
Ainda no capítulo sobre Leis de Meios, experiências do Uruguai, Venezuela, Equador e Bolívia também foram apresentadas. Guardadas as particularidades, em comum pode-se apontar que as mudanças legais foram possíveis pela vontade política dos governos, mas, principalmente, pela mobilização popular, como recordaram todos os representantes destes países.
“A lei não muda a realidade do dia para a noite, mas precisa uma profunda mudança cultural. É um processo que estamos fazendo, mas ainda há muito o que fazer”, refletiu Néstor Busso, da Argentina.
Oligopólio da mídia
“Antes nós vimos como funciona no paraíso, agora cabe a mim levá-los ao inferno”, brincou Luis Hernández Navarro, editor do jornal mexicano La Jornada, referindo-se às apresentações dos países onde há lei de meios, e abrindo o caminho para apresentar uma realidade de oligopólio midiático, como é a do México, Chile, Colômbia e Brasil, entre outros.
“No México, 96% das concessionárias comerciais de televisão pertencem a duas empresas. E 80% das emissoras de rádio são propriedade de três círculos comerciais. Estamos falando de uma concentração monopolista que vai acompanhando de um projeto de hegemonia semântica”, afirmou Navarro.
“Não é somente hegemonia informativa, não é só que os noticiários se informem o que querem informar, e que se oculte o que se quer ocultar; tem a ver como todo o sentido que se dá. Porque a indústria midiática forma parte de um conjunto de entretenimento, de tal forma que estes grupos controlam a principal quantidade de revistas, teatros, salas de cinema”, apontou Navarro sobre a concentração no México.
A conversão dos grande grupos midiáticos em atores políticos, “em organismos ideológicos dirigentes, que acabam articulando protestos, convocando a população contra governos progressistas em dois grandes eixos: o da segurança pública e o da corrupção”, foi outro tema abordado pelo mexicano, que sentenciou que esse “é um fenômeno latino-americano”, citando casos como o de seu país e o de Guatemala, por exemplo.
Golpe
Imersos na realidade brasileira, comentários em referência às tentativas golpistas dos meios de comunicação no Brasil, como o inicialmente falado pelo professor brasileiro Venício Lima, foi marcante ao longo do seminário.
“O debate da lei no Brasil não é importante só para o Brasil, mas para toda a América Latina. Queremos uma democracia com governos eleitos pelo povo e não governadas pelo poder econômico e pela mídia”, disse o argentino Busso.
“Não é mais preciso o fuzil dos militares para promover o golpe, há os meios de comunicação que o fazem”, afirmou Amanda Dávila, ex-ministra das Comunicações da Bolívia.
Ela ainda comparou seu país ao Brasil. “Na Bolívia temos maioria no Congresso, quem apoia o governo do presidente Evo são mais de dois terços. No Brasil, o cenário é adverso, no Congresso como está é difícil promover mudanças. É preciso um processo de mudança cultural e política, construído a partir do povo, das mobilizações populares”, salientou Amanda.
A ex-ministra boliviana ainda indicou que “se há um golpe no Brasil, o impacto não seria só para o Brasil, mas para todos os países da região. Não gostaria de pensar numa situação como essa, pois seria o fim de muito dos nossos processos”.
“O embate entre mercadoria e direito é central para a análise dos meios de comunicação no Chile”, apontou Javiera Olivares, presidenta do Colégio de Jornalistas do Chile.
Fonte: http://www.carosamigos.com.br/index.php/cotidiano/5387-precisamos-acabar-com-a-corrupcao-da-opiniao-publica-feita-pela-midia-diz-venicio-lima

Francisco com Fidel e Che Guevara


Sob o olhar do retrato do Che Guevara, em plena Praça da Revolução, o papa Francisco celebrou neste domingo (20) uma missa que provavelmente estampará as capas da maioria dos jornais do mundo na segunda-feira. Mais que isso: após concluído o evento litúrgico, o sumo pontífice foi recebido pelo comandante Fidel Castro, que lhe entregou uma edição do livro “Fidel e a Religião” escrito em 1985 por Frei Betto, um obséquio que resume a história da aproximação entre a Revolução Cubana e o cristianismo progressista.

Uma jornada que confirma a vitalidade renovada da Teologia da Libertação, vertente a qual Francisco abriu os braços, como demonstrou quando recebeu no Vaticano a figuras como o próprio Frei Betto e o padre peruano Gutiérrez, duas importantes referências dessa corrente de pensamento. Na noite de sábado, ao falar com os jornalistas em Havana, Frei Betto afirmou que o encontro entre o cristianismo e o marxismo é uma síntese virtuosa, indispensável para a compreensão do mundo atual. “Não se pode interpretar a sociedade e seus conflitos sem utilizar a luta de classes como um dos instrumento da análise”, sustentou Betto.

Ao mesmo tempo, o frade dominicano disse que o Estado não pode ser ateu, que deve ser laico, mantendo uma interface criativa com as religiões, entre elas a católica. O fato de que Fidel Castro tenha entregado a Francisco um exemplar de “Fidel e a Religião” indica o fim de várias décadas de ostracismo da Teologia da Libertação dentro da Igreja Católica – esta linha filosófica religiosa, essencialmente latino-americana, sofreu a indiferença e a hostilidade dos papas João Paulo II e Bento XVI.

O sermão na Praça da Revolução e a conversa com Fidel serão as notícias mais importantes desta semana, e certamente ficarão registradas nos livros de história como dois fatos marcantes para o rumo que a América Latina deve tomar na segunda década do Século XXI.

A Missa

Às 8h52 horas (uma hora depois, pelo horário brasileiro), oito minutos antes do previsto pelo programa oficial, Francisco começou a celebrar a cerimônia, diante de milhares de fiéis – um público talvez menos numeroso do que o esperado, mas que havia começado a chegar desde as 5h, com suas bandeiras de Cuba e do Vaticano.

Durante a missa, o papa afirmou que “o povo cubano tem feridas, como todo povo, mas sabe estar com os braços abertos, e marchar com a esperança, porque a grandeza de espírito é sua vocação”. O sumo pontífice argentino fez um chamado aos cristãos, para que vivam respeitando os preceitos bíblicos e que cuidem e sirvam ao próximo, especialmente os mais frágeis e necessitados. “Quem não vive para servir, não serve para viver”, disse o chefe da Igreja Católica. Ademais, instou os fiéis a que não se deixem levar por “projetos que podem ser sedutores, mas que não representam o rosto de quem está ao seu lado”.

Diplomacia de símbolos

Cubanos, norte-americanos e observadores em geral compartilham a mesma opinião a respeito de Francisco: o papa conhece a arte da diplomacia, e a exerce através de conversas secretas, combinadas com os grandes gestos simbólicos. “O papa tem feito muito a favor da aproximação entre Cuba e os Estados Unidos, demostrou ser um homem que sabe atuar com habilidade e discrição” comentou Frei Betto, no sábado.

O sermão foi um evento monumental, perante a sociedade cubana, a opinião pública internacional e o governo dos Estados Unidos. É pertinente ver os movimentos do Papa como degraus que levam a um caminho lógico: esta missa na Praça da Revolução é o primeiro grande momento de uma viagem que continuará na Filadélfia e Nova York, durante esta semana.

Alguns comentaristas de jornais conservadores europeus destacaram que o pontífice não fez nenhuma menção ao bloqueio norte-americano que asfixia a ilha há mais de meio século. Uma leitura menos ideologizada do que foi dito hoje por Bergoglio indica que falar explicitamente do bloqueio era desnecessário – ou mesmo a respeito do descongelamento das relações entre Havana e Washington e a ocupação norte-americana em Guantánamo. Nas palavras do papa, predominaram as referências pastorais dirigidas a um público diversificado como é o cubano, onde os católicos são uma minoria que não chega a 30% da população.

Colômbia e Miami

Há meses, Havana vem sendo a sede dos diálogos de paz entre os rebeldes das Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia (as FARC) e o governo desse país. Antes da chegada de Francisco, no sábado, se especulou sobre uma possível reunião com os delegados colombianos, o que foi descartado pelas fontes do Vaticano. Ainda assim, o tema foi abordado na missa de hoje.

Durante o Angelus, o papa Jorge Mario Bergoglio afirmou que não pode haver “outro fracasso” nas negociações para levar ao fim da guerra civil colombiana, a mais prolongada da América Latina. Francisco disse que o país caribenho é “consciente da importância crucial do momento presente” e apoiou “todos os esforços, inclusive os feitos nesta bela ilha, para uma definitiva reconciliação” entre as partes em conflito.

Não houve, no discurso papal, referências diretas aos dissidentes cubanos nos Estados Unidos, especialmente os de Miami, os que militam contra a Revolução há meio século e são os principais defensores do bloqueio. Essa omissão representa uma derrota política para essas agrupações dirigidas por lideres extremistas, alguns dos quais realizam greve de fome, em protesto contra a viagem do chefe de Estado do Vaticano à ilha.

Tradução: Victor Farinelli


Fonte: http://www.carosamigos.com.br/index.php/politica/5380-francisco-com-fidel-e-che-guevara