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segunda-feira, 25 de março de 2024

Cerca R$ 50 milhões são investidos em tecnologias de acesso a água em 45 cidades baianas

Cerca de 1.125 cisternas calçadão de 52 mil litros e 1.722 barreiros trincheira familiar foram implementadas em 45 municípios do estado através de 15 lotes, como parte do Programa Bahia Sem Fome. De acordo com o governo do Estado, o investimento foi de mais de R$ 50 milhões, e tem como propósito fortalecer a segurança hídrica e alimentar no Semiárido baiano.

 

Durante o evento, o governador enfatizou a importância da iniciativa para a segurança hídrica e alimentar do estado. "Água é um recurso fundamental para a vida e para a produção de alimentos saudáveis. Sem água, não há comida, não há vida. Estamos comprometidos em trabalhar para garantir o acesso a esse recurso vital e para que a sua utilização seja realizada de forma eficiente".

 

Para o coordenador do Bahia Sem Fome, Tiago Pereira, o investimento representa um marco importante no trabalho que vem sendo realizado pelo Estado: "Nessa dimensão da transversalidade das políticas e da ação do Estado, a água é um eixo prioritário do Programa Bahia Sem Fome, da Política de Segurança Alimentar e Nutricional, da Política de Agroecologia e Produção Orgânica e da Política de Convivência com o Semiárido. Portanto, essa é uma das nossas principais entregas, porque a gente compreende que investir em tecnologias de água é de fundamental importância para a manutenção da vida, para a produção de alimentos saudáveis e para que a gente possa, de fato, continuar construindo a dignidade e autonomia das famílias menos favorecidas no Estado da Bahia", afirmou Pereira.

 

Além do investimento em tecnologias de água, outra iniciativa, no âmbito do combate à fome, da pesquisa e inovação também foi lançada. O Ciência na Mesa 3 é uma medida que busca selecionar projetos inovadores de captação e armazenamento de água para diversas finalidades, como consumo humano, produção agrícola e cuidados com animais em áreas rurais e periurbanas.

 

A iniciativa tem o objetivo de impulsionar tecnologias sociais que garantam o acesso à água e promovam práticas sustentáveis no campo, a partir das cinco linhas temáticas seguintes: aprimoramento de cisternas de tratamento de água para consumo humano; otimização de sistemas de captação e armazenamento de água para a agricultura familiar; tecnologias de irrigação sustentável e eficiente; promoção do uso de materiais e técnicas sustentáveis para implementação e melhorias das tecnologias sociais e inclusão digital para agricultores familiares.

 

Os projetos selecionados serão financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fabesp), em parceria com vários órgãos governamentais, incluindo a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti) e a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). A iniciativa também conta com o apoio da Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento (Sihs) e da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades).


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/noticia/290548-cerca-rdollar-50-milhoes-sao-investidos-em-tecnologias-de-acesso-a-agua-em-45-cidades-baianas

domingo, 10 de março de 2024

Cidade do Acre poderá mudar de lugar após maior cheia de rio

A Prefeitura de Brasileia, no interior do Acre, pretende mudar a sede do município para uma parte mais alta da região após ser atingida pela maior cheia do rio Acre, que teve início no dia 24 de fevereiro. Sedes da administração pública como a própria prefeitura, secretarias de Planejamento, Assistência Social e Saúde, Câmara dos Vereadores e Delegacia de Polícia Civil ficaram debaixo da água e ainda não foram reativadas.
 

Dos 15 bairros da cidade, 12 foram ficaram submersos, o que representa 75% de toda área urbana, segundo a gestão municipal. Mais de 15 mil pessoas foram afetadas. Esta é a quarta grande cheia do rio em 12 anos e pela primeira vez afetou a zona rural do município, deixando 617 famílias isoladas. A Reserva Extrativista Chico Mendes, pioneira no conceito de unidade de conservação de uso sustentável, também sofreu as consequências do incidente.
 

De acordo com a prefeita Fernanda Hassen (PT), um estudo está sendo desenvolvido em parceria com a Secretaria de Estado de Obras Públicas para mudar de lugar os bairros, incluindo o centro, que reúne as sedes do Executivo. O projeto também prevê a construção de habitações populares para os moradores que perderam tudo e não poderão voltar para seus terrenos.
 

"A Prefeitura de Brasileia propôs aos governos federal e estadual um projeto de ajuda humanitária e de reestabelecimento da sede da cidade, com a mudança para uma área mais segura. Nós atingimos a cota histórica na alta do rio Acre. Nós vamos doar as terras para a construção de casas populares e instituições da administração pública", disse à Folha.
 

O projeto ainda não tem previsão de início. A migração poderá levar mais de 3.400 famílias para a parte alta. O governo estadual e a prefeitura devem apresentar até dia 18 de março a proposta para o governo federal, com objetivo de arrecadar recursos e receber apoio logístico. No dia 4, os ministros Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudanças Climáticas), nascida no Acre, participaram de uma visita técnica em Brasileia.
 

O município de 26 mil habitantes foi um dos mais afetados pela cheia do rio, que anualmente registra enchentes no período de inverno em diversas áreas do estado. Brasileia fica na fronteira com a Bolívia, a 232,4 km de distância da capital Rio Branco. Possui cerca de 24 mil habitantes, sendo mais de 3.000 estudantes de diversos estados do Brasil, que se mudam para o município para estudar em universidades bolivianas.
 

A cheia do rio em 2024 levou 19 dos 22 municípios do Acre a entrarem em estado de emergência. Entre os mais afetados estão Brasileia, Assis Brasil, Marechal Thaumaturgo, Santa Rosa do Purus e Jordão - sendo as duas últimas com 80% e 70% das populações totais compostas por povos indígenas, respectivamente, que ficaram isolados. Três pessoas morreram por afogamento em decorrência da enchente e, ao todo, mais de 120 pessoas foram prejudicadas.
 

Para o governador do estado, Gladson Cameli (Progressistas), o incidente está associado diretamente às mudanças climáticas. O gestor destaca que as Defesas Civis nacional, estadual e municipal anteciparam as ações preventivas, como a construção de abrigos e distribuição de alimentos e produtos de limpeza e higiene pessoal, o que minimizou danos em diversos municípios.
 

"Se deixamos Brasileia no mesmo local, em um ano teremos o mesmo problema. Nenhuma estrutura terá autorização para ser construída na parte baixa. Estamos desenvolvendo, junto as prefeituras e governo federal, um trabalho emergencial de médio e longo prazo. Até maio, ainda temos previsão de fortes chuvas", afirmou Cameli.
 

O governador declarou, ainda, que não consegue acessar linhas de créditos, como do programa Minha Casa, Minha vida, devido problemas de regularização fundiária, pois 80% da população do Acre vive em terras da União.
 

Aldeias da região ficam submersas
 

A enchente no Acre também causou devastação em diversas comunidades indígenas da região, como as localizadas na Terra Indígena de Rio Jordão, que possui mais de 40 aldeias. Muitas delas já enfrentavam dificuldade no acesso e, agora, ficaram totalmente isoladas, o que impede até a chegada de ajuda humanitária.
 

Segundo a artista plástica indígena Rita Hunikui, a única ajuda que chegou à aldeia Chico Curumin, onde ela mora e estão 30 famílias (cerca de 150 pessoas), foi a distribuição de cestas básicas, o que não é o suficiente para minimizar a situação. Ela relatou que, além das perdas de casas, plantações e embarcações, os indígenas sofrem com doenças e a falta de água potável.
 

"Aos poucos estamos retornando para nossas casas para fazer a limpeza e tentar resgatar algumas coisas. Muitas famílias indígenas perderam tudo o que batalharam para ter. Agora, após a enchente, estamos sofrendo com diversas doenças, como diarreia, febre e vomito. Também estamos sofrendo com a falta de abastecimento de água em diversos locais no Jordão", relata.


Fonte:  https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/268243-cidade-do-acre-podera-mudar-de-lugar-apos-maior-cheia-de-rio

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Guarda Civil resgata 70 filhotes de tartaruga "perdidos" no meio da pista da orla de Salvador

A Guarda Civil Municipal (GCM) realizou o resgate de 70 filhotes de tartarugas que estavam perdidas no meio da pista da orla de Patamares, em Salvador. Os animais foram encontrados na madrugada desta sexta-feira (20) por uma equipe do Grupo Especial de Proteção Ambiental (Gepa) que transitava pela avenida Octávio Mangabeira.

 

A Guarda Civil afirmou que, provavelmente, os filhotes foram atraídos pela iluminação logo após nascerem e, ao invés de caminharem em direção ao mar, acabaram indo para a pista. Os agentes recolheram as tartarugas e levaram para a sede do Projeto Tamar, que fica em Camaçari.

 

"Por possuir mais de 70 km de costa marítima, com baías de águas calmas, recebemos anualmente centenas de tartarugas marinhas, entre cinco e sete espécies conhecidas. Esses animais desovam em nossas praias e devido a iluminação artificial faz com que os filhotes, ao nascerem, ao invés de irem para o mar, se dirijam para o lado contrário, atraídos pela luz", detalhou o Supervisor do Gepa, Robson Pires.

 

Caso alguém se depare com qualquer animal silvestre, deve entrar em contato com a GCM, pelo  número 71 3202-5312.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/noticia/276654-guarda-civil-resgata-70-filhotes-de-tartaruga-perdidos-no-meio-da-pista-da-orla-de-salvador

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Confira fotos e vídeos depois das fortes chuvas em Inhambupe

































No último dia 30 de novembro, a Prefeitura Municipal de Inhambupe decretou situação de emergência no município, em decorrência das fortes chuvas que vêm afetando a cidade. Várias localidades sofreram algum tipo de dano devido aos alagamentos e enchentes, que foram intensificados com o transbordamento do Rio Inhambupe. 

Fortes chuvas caíram em Inhambupe nas últimas semanas, sendo que na última sexta-feira 25 e e quarta dia 30 de novembro foram mais intensas.   

Na tarde desta quinta-feira (01), no prédio da prefeitura, a coordenacão municipal de proteção e defesa civil se reuniu para definir ações de socorro, assistência e ajuda humanitária aos afetados pelas chuvas. 

Nesta sexta (2), é possível ver que as águas dos rios já estão baixando. 

Informações Ronaldo Leite

Fotos e vídeos de Edu Castro

Confira os vídeos abaixo: 


domingo, 6 de novembro de 2022

COP27 inicia neste domingo discussões sobre mudanças climáticas

Começa neste domingo (6), em Sharm el-Sheikh, no Egito, a Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP27). O encontro reúne, até o dia 18 de novembro, representantes oficiais de governo e da sociedade civil para discutir maneiras de enfrentar e se adaptar às mudanças climáticas. Com informações da Agência Brasil.

 

Os debates terão, como eixo principal, o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que analisa vulnerabilidades, capacidades e limites do mundo e da sociedade para se adaptarem ao contexto de alterações climáticas que decorrem, em larga escala, da interferência humana no meio ambiente.

 

Organizada pelas Nações Unidas (ONU), a conferência ocorre em um cenário que abrange, também, uma crise de energia impulsionada pela guerra na Ucrânia. A entidade alerta que há dados que mostram, de forma cada vez mais clara, que “o mundo não está fazendo o suficiente para combater as emissões de carbono e proteger o futuro do planeta”.

 

A expectativa do secretário-geral da ONU, António Guterres, é de que a COP27, “a mais importante conferência anual sobre clima”, apresente, entre seus resultados “soluções climáticas que correspondam à escala do problema”.O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, teve sua participação confirmada, após ter sido convidado pelos organizadores. Segundo o PT, ele integrará a comitiva do governador do Pará, Helder Barbalho, em nome do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal.

 

As edições da COP tiveram início em 1992, durante a ECO-92: encontro organizado pela ONU no Rio de Janeiro, marcado pela adoção da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).

 

De acordo com a ONU, na oportunidade os países participantes chegaram a um acordo visando diminuir as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, de forma a “evitar interferências perigosas da atividade humana no sistema climático”.

 

O tratado entrou em vigor em 1994. Desde então a ONU reuniu “quase todos os países” nas 27 edições das chamadas conferências das partes (as COPs). O documento original recebeu, ao longo dos encontros, vários acréscimos “para estabelecer limites juridicamente vinculativos para as emissões”. Atualmente, o documento é assinado por 197 países.

Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/noticia/274371-cop27-inicia-neste-domingo-discussoes-sobre-mudancas-climaticas.html

domingo, 9 de outubro de 2022

Ponte com 174 metros desaba sobre rio no Amazonas; a segunda em 10 dias

Uma ponte com 174 metros de extensão desabou na noite deste sábado (8) sobre o rio Autaz Mirim, no quilômetro 25 da BR-319, no município de Careiro da Várzea, interior do Amazonas.
 

Construída há 16 anos, ela caiu após o trecho ter sido interditado à tarde. Essa é a segunda ponte que cai na mesma rodovia, em dez dias. Segundo o governador do estado, Wilson Lima (União Brasil), não há informações sobre feridos.
 

"Acabo de falar com o ministro da infraestrutura, Marcelo Sampaio, sobre a ponte do KM 12 da BR-319 que desabou agora à noite. Ela já estava interditada e não há notícia de feridos", escreveu Lima no final da noite em um post, em sua conta no Twitter.
 

"Amanhã mais uma equipe do Governo Federal chega ao Amazonas para avaliar como resolver o acesso na área. Mais uma vez o Estado está à disposição do DNIT para ajudar no que for preciso", escreveu o governador em outro tuíte.
 

Nas redes sociais, moradores da região e motoristas que passavam pelo local postaram imagens e vídeos avisando sobre a queda da ponte. Em um vídeo postado no Instagram, gravado na noite de ontem, é possível ouvir um motorista gritando, avisando outras pessoas sobre a queda da estrutura.
 

"A ponte acabou de cair. A imagem está ruim, mas a ponte acabou de cair naquele trecho ali. Um poeiral grande, graças a Deus tentamos atravessar, mas ninguém atravessou. Caiu a ponte do 12. Desespero total".
 

Procurado, o Dnit informou que equipes do Departamento identificaram o comprometimento da estrutura durante inspeção técnica realizada na sexta-feira (7). "Imediatamente a Diretoria do DNIT orientou que a Superintendência do Estado do Amazonas interditasse a travessia, visando a segurança dos usuários", declarou o órgão, em nota.
 

"Durante a noite de sábado (8), a estrutura da ponte colapsou, não havendo feridos no incidente. As equipes da Autarquia investigam as causas do ocorrido para a elaboração do laudo técnico", explica o Dnit. "Medidas efetivas para restabelecer o tráfego de veículos e a passagem de pedestres na localidade, de maneira emergencial, estão sendo estudadas".
 

Ainda segundo o Departamento, técnicos trabalham no projeto para construção de uma nova ponte e monitoram a situação das demais estruturas existentes na rodovia, incluindo a ponte sobre o rio Araçá.
 

A reportagem entrou em contato com o Governo do Estado do Amazonas, a Polícia Militar e o Ministério da Infraestrutura, para obter mais informações, mas até o momento, nenhum órgão havia respondido aos questionamentos.

Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/188699-ponte-com-174-metros-desaba-sobre-rio-no-amazonas-a-segunda-em-10-dias.html

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Grupo quer expulsar famílias de comunidade próxima a Sauípe, denunciam moradores

No dia 13 de maio de 1888, finalmente, foi abolida a escravidão no território brasileiro. Ao menos oficialmente. O Brasil foi a última grande nação escravista do mundo e sua elite rural resistiu até onde pôde ao fim desse negócio financeiramente vantajoso, de exploração do trabalho de outras pessoas baseada em sua origem e em sua cor.

 

Naquela data, diversas famílias de africanos e descendentes abandonaram as senzalas e foram construir suas vidas com base no trabalho livre. No dia seguinte, porém, ao perceberem que o Estado brasileiro não lhes daria quaisquer condições de educação e trabalho para crescer, muitas dessas famílias retornaram às terras dos antigos proprietários de escravos.

 

Nessas terras, passaram a trabalhar muitas vezes apenas em troca de um teto e de um pedacinho de terra para plantar em busca da subsistência. Diversas comunidades se formaram dessa maneira no Brasil. É uma história contada, inclusive, no premiado romance “Torto Arado”, do baiano Itamar Vieira Junior, que conta a história de uma comunidade de pessoas negras dentro de uma enorme fazenda na Chapada Diamantina.

 

Mesmo hoje, em 2022, essas comunidades resistem. As famílias descendentes de pessoas escravizadas cresceram, se reproduziram, receberam agregados. Em muitos desses casos, as terras do antigo fazendeiro foram abandonadas e, mesmo assim, os trabalhadores continuaram no local, trabalhando por suas prosperidades.

 

Há ainda outras situações, também relatadas em “Torto Arado”, em que os trabalhadores explorados por escravocratas fugiam e formavam quilombos, muitas vezes em latifúndios improdutivos de aliados do antigo Império brasileiro. Muitas dessas comunidades quilombolas se desenvolveram à parte dos grandes escravocratas e, agora, tentam resistir ao avanço de descendentes da elite imperial sobre as terras.

 

É o caso da comunidade instalada no Sítio Santo Antônio, no bairro do Areal, em Mata de São João. Os moradores do local nas proximidades de Costa do Sauípe, descendentes de quilombolas, têm enfrentado ameaças e constrangimentos de pessoas que tentam convencê-los a deixar as terras, ocupadas pelos antepassados desde o século XIX.

 

“Essa área é herança de minha avó. Somos quilombolas. Nós estamos aqui há muitos anos, mais de 100 anos, trabalhando, cuidando dos coqueiros. Nós temos provas disso. E agora eles querem tomar nossas terras da gente”, afirmou o morador Valmir de Oliveira, em entrevista ao Bahia Notícias.

 

Segundo os moradores, um fazendeiro da região requereu a posse das terras em 2006 e construiu uma cerca em volta da comunidade. A partir desse momento, os nativos começaram a sentir que perderiam a paz de viver no local em que nasceram e cresceram.

 

De acordo com documentos obtidos pelo Bahia Notícias, o fazendeiro seria Paulo Roberto Álvares de Souza, que, junto a Lindaura Soares de Carvalho, moveu uma ação de interdito proibitório contra dois moradores da comunidade, alegando ameaça de turbação ou esbulho da propriedade.

 

A comunidade, onde residem cerca de 16 famílias, possui aproximadamente 40 habitantes, que agora demonstram medo diante da presença de seguranças privados armados, que costumam cercar o local. Os moradores dizem temer, inclusive, mandar os filhos para a escola, com medo de nunca mais vê-los.

 

Mais recentemente, Paulo Roberto e Lindaura teriam vendido as terras para um grupo empresarial, que, segundo os moradores, pretende construir um condomínio residencial no local, aos moldes dos que já existem em Praia do Forte e Costa do Sauípe, outros distritos de Mata de São João.

 

No meio da briga entre moradores da comunidade e os empresários que requerem a posse do local, Valmir acabou sendo processado criminalmente pelo Ministério Público Federal por um suposto desmatamento de uma reserva natural de Mata Atlântica. O nativo quilombola nega o envolvimento.

 

“Não existe isso de desmatamento. Nós temos provas. Nós cuidamos da natureza em nossas terras. São esses grileiros que estão destruindo tudo para a construção de condomínios, com a proteção da prefeitura de Mata de São João”, apontou Valmir ao BN.

 

Para o morador, o MPF e a Justiça local estão à serviço dos empresários e a ação contra ele é mais uma das “ameaças psicológicas” dos donos do poder contra os quilombolas do Sítio Santo Antônio.

 

“São ameaças no sentido do medo psicológico. Usam a Polícia para nos ameaçar, além da segurança privada. Destruíram um galpão que a gente tinha umas galinhas, uma caixa d’água, toda a área de irrigação que a gente tinha. Agora, estão falando que vão cobrar R$ 50 mil de multa, mais R$ 1 mil diário, se a gente continuar em nossas casas”, contou.

 

Valmir afirma que, apesar das ameaças e de propostas para morar em outro local, os quilombolas não têm a intenção de deixar o Sítio Santo Antônio e pretendem lutar até o fim pelo reconhecimento do direito de permanecer em suas casas.

 

“Um cara aqui apareceu dizendo que tinha comprado e propondo uma negociação, com base no Minha Casa Minha Vida. A gente sairia daqui para ir para uma residência do Minha Casa Minha Vida. Mas a gente não quer sair daqui. Nascemos e crescemos aqui. Temos apego por essa terra. Não vamos desistir dela”, concluiu Valmir.

Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/noticia/272061-grupo-quer-expulsar-familias-de-comunidade-proxima-a-sauipe-denunciam-moradores.html
 

sexta-feira, 15 de julho de 2022

Senado inclui Brasil em acordo para redução de gases que causam efeito estufa

O Senado aprovou na quarta-feira (13) decreto legislativo que promove investimento na redução de hidrofluorcarbonos (HFCs), usados em equipamentos de refrigeração e uma das fontes do efeito estufa.
 

A medida, que agora vai à promulgação do Congresso, inclui no ordenamento jurídico brasileiro a Emenda de Kigali do Protocolo de Montreal.
 

O decreto foi articulado pela senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), ligada à Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps), e pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS).
 

"A Emenda de Kigali é um instrumento importante na busca por eficiência energética e na redução do uso de gases com alto potencial de efeito estufa", diz a diretora-executiva da Raps, Monica Sodré.
 

O projeto inclui o Brasil numa lista de mais de cem países alinhados à Emenda, que define o cronograma de redução de produção de HFCs e dá acesso ao Brasil a US$ 100 milhões do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal.
 

O Fundo financia projetos de estímulos à produção de aparelhos que usem gases que não provocam efeito estufa.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/174763-senado-inclui-brasil-em-acordo-para-reducao-de-gases-que-causam-efeito-estufa.html

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Gato ameaçado de extinção é solto em reserva da Bahia; veja vídeo

Outros 18 animais também foram soltos no local, entre eles 16 serpentes

Um gato mourisco, espécie ameaçada de extinção, foi solto em uma reserva ambiental da Bracell Bahia, na cidade de Entre Rios, no litoral norte do estado. O animal foi reintegrado nesta sexta-feira (4), por profissionais do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) e da Bracell. 

Outros 18 animais também foram soltos no local, entre eles 16 serpentes. De acordo com o biólogo Igor Macedo, especialista em Meio Ambiente, a reintegração dos animais ocorreu de uma forma tranquila, uma vez que o habitat apresenta as condições adequadas para os animais. 

O biólogo, que foi um dos profissionais envolvidos na soltura dos animais, também salienta que o projeto faz parte de uma das novas áreas de soltura de animais silvestres (Asas), autorizadas pelo Governo da Bahia, no ano passado, junto com o Projeto Sergipe, em Jandaíra.

Ambas estão em espaços pertencentes à Bracell, companhia do grupo RGE,  que possui, ao todo, três Asas. A primeira a ser certificada, em 2020, foi a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Lontra, também em Entre Rios. 

VEJA MAISAmeaçado de extinção 


O gato mourisco, também conhecido como jaguarundi, foi um dos reintegrados ao ambiente nesta sexta. 

"Este felino tem o tamanho um pouco maior que um gato doméstico e uma coloração que varia do marrom escuro ao avermelhado. A sua distribuição acontece dos Estados Unidos até a América do Sul", explica Macedo. 

O especialista conta que essa espécie possui hábitos diurnos e, geralmente, solitária. Ele se alimenta, principalmente, de roedores marsupiais e aves. 

O biólogo informou também que a Bracell entregou hoje um filhote de gato mourisco à equipe de resgate do Cetas para que ele possa ser avaliado. 

O animal foi entregue voluntariamente por um morador da comunidade de Lagoa Redonda, próximo à cidade de Inhambupe, a um dos brigadistas da empresa, que garantiu todos os cuidados necessários até o resgate.

Veja vídeo:

domingo, 23 de janeiro de 2022

Emergência climática pressiona empresas a buscar vitrine na mata atlântica

 Na esteira do esforço de relações públicas de empresários que querem se afastar da pecha de negligentes climáticos, um projeto pioneiro de investimento privado na conservação e restauro de florestas nativas da mata atlântica está ganhando sobrevida no Sul do Brasil, no Paraná.
 

Seu lançamento ocorreu há duas décadas, bem antes de a agenda ambiental entrar na lista de prioridades no mundo dos negócios com a incorporação de termos como ESG (sigla em inglês para designar boas práticas ambientais, sociais e de governança). Em 1999, três multinacionais decidiram aportar US$ 18 milhões (R$ 102 milhões, sem considerar a correção da inflação) em um projeto de manutenção de mata nativa no litoral norte daquele estado.
 

Motivadas pelo tratado internacional de redução de gases que causam o efeito estufa, assinado dois anos antes em Kyoto, no Japão, American Electric Power, Chevron e General Motors decidiram compensar no Brasil suas emissões de CO2 (dióxido de carbono). Na época, já miravam o incipiente mercado de crédito de carbono.
 

Sem a participação dos Estados Unidos e com problemas regulatórios no comércio de crédito de carbono entre países, o Protocolo de Kyoto virou letra morta. Só recentemente, graças a acordos firmados na COP26, a conferência do clima realizada em 2021 na Escócia, a proposta coloca em marcha no Japão tem chances de avançar.
 

Lá atrás, porém, frustradas, as companhias desistiram de incorporar as reservas naturais paranaenses aos seus programas de compensação.
 

No entanto, as multinacionais mantiveram o investimento no parque, gerido pela SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem). O fundo permite até hoje a manutenção de 19 mil hectares de mata atlântica distribuídos em três reservas naturais nos municípios de Guaraqueçaba e Antonina.
 

Constituídas por meio da compra de fazendas outrora destinadas à criação de búfalos, as reservas Papagaio-de-cara-roxa, Guaricica e das Águas podem estocar ao longo de 40 anos (tempo inicial estimado para o projeto) cerca de 4 milhões de toneladas de CO2 retiradas da atmosfera por meio da fotossíntese de suas árvores e solo.
 

O volume equivale a aproximadamente à metade do gás carbônico gerado anualmente por Curitiba, capital do estado.
 

O valor remanescente do fundo é suficiente para os próximos cinco anos, aproximadamente, de gestão dos três parques. A expectativa de captação de novos recursos para manutenção e expansão das reservas, porém, ganha impulso com o amadurecimento, nos últimos anos, do mercado de VERs (sigla em inglês para Reduções Voluntárias de Emissões), segundo Clóvis Borges, diretor-executivo da SPVS.
 

Esse comércio voluntário, criado de forma paralela e em meio aos tropeços do mercado regulado entre países signatários do Pratado de Kyoto, permite que empresas neutralizem suas emissões e negociem entre si sumidouros de carbono excedentes.
 

"O que eu tenho recebido de contato com empresas é quase uma corrida", diz Borges. "Há uma perturbação no mercado em relação às cobranças [por neutralização de carbono nas cadeias de suprimentos de grandes empresas]. O posicionamento ambiental estratégico tem a ver com ganhar ou perder uma concorrência", afirma.
 

A incorporadora Altma é um exemplo de empresa que vê oportunidades nesse novo posicionamento. Investiu R$ 300 mil na conservação, por cinco anos, de uma porção de 50 mil metros quadrados da Reserva Natural das Águas, em Antonina.
 

Para tomar a decisão, a Altma considerou a boa recepção dos moradores do primeiro edifício de apartamentos residenciais de Curitiba com emissões de CO2 totalmente neutralizadas do país.
 

Suficiente para compensar 2.600 toneladas de dióxido de carbono produzidas pela obra, incluindo a extração de matérias-primas e transporte dos materiais, o aporte acelerou as vendas do empreendimento.
 

Quatro meses após o lançamento, 65% das 32 unidades foram vendidas. "Esperávamos estar com 20% de vendas", afirma Gabriel Falavina, diretor de desenvolvimento imobiliário da Altma.
 

"Nos surpreendemos com o mercado de clientes que valorizam isso. A gente já consegue identificar um nicho que, no processo de compra do imóvel, não olha só localização, metragem e preço, mas também se o projeto corresponde aos seus valores", diz Falavina.
 

No caso das reservas da SPVS, novos contratos de compensação são viáveis porque as multinacionais que viabilizaram o projeto abriram mão de reivindicar os créditos gerados pela floresta.
 

Outros cerca de 20 mil hectares de propriedades rurais no entorno têm potencial de aquisição para a conversão em áreas de preservação e reflorestamento.
 

A sobrevivência do ecossistema local, porém, precisa de mais espaço e investimento. Depende da multiplicação de projetos semelhantes na área conhecida como Grande Reserva Mata Atlântica. Com mais de 2 milhões de hectares em uma faixa litorânea de floresta entre os estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, a Grande Reserva é o último remanescente contínuo do bioma.
 

Esse é o tamanho do potencial para a geração de negócios que envolvem a neutralização e a emissão de créditos de carbono e promoção de diversificados negócios e serviços ambientais nesse trecho de mata atlântica, afirma Borges.
 

Movimentos semelhantes em outras partes do país são observados por ativistas como uma oportunidade para que o bioma seja vitrine para a atuação do setor corporativo no combate ao aquecimento global.
 

Nessa direção, a pressão gerada pela emergência climática sobre empresas de diversos portes e segmentos começa a se refletir em números.
 

Entre 2019 e 2021, o programa voluntário de reflorestamento da SOS Mata Atlântica avançou 79% em áreas de plantio de mudas, que passaram de 119 para 213 hectares por ano.
 

Ainda sem fazer frente ao ímpeto desmatador, o projeto também serve de termômetro para medir a temperatura dos investimentos privados para conservação do bioma, cujos fragmentos se estendem por 17 estados que concentram 70% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
 

Com os holofotes do mundo corporativo direcionados à questão do clima, a floresta que está no quintal das maiores metrópoles brasileiras possui potencial para projetos ambientais valiosos para o empresariado porque está ao alcance dos olhos de clientes, fornecedores e funcionários, segundo Luís Fernando Guedes Pinto, diretor de conhecimento da SOS Mata Atlântica.
 

"É natural que as empresas queiram neutralizar suas emissões mais perto do seus negócios, dos seus clientes. Isso realmente está acontecendo em uma velocidade maior", afirma Guedes.
 

O engajamento empresarial impulsionado pela pauta climática mostra força até mesmo fora dos segmentos mais visados pela opinião pública, como o agronegócio e grandes conglomerados industriais.
 

Após uma campanha de doação de mudas destinadas ao reflorestamento para funcionários no primeiro semestre, posteriormente estendida a clientes, a empresa do ramo de coberturas de lona e aço Tópico Galpões verificou sinais de fortalecimento na relação com o seu público.
 

Entre alguns clientes, o brinde verde virou vantagem competitiva. Duas grandes empresas dos setores de mineração e industrial, que têm metas de neutralização, quiseram conhecer o projeto para uma pesquisa de mercado sobre práticas sustentáveis nas suas respectivas cadeias produtivas.
 

"Para essas empresas, foi uma surpresa ver uma iniciativa que colabora com seus programas de neutralização vir de baixo para cima, partindo de uma empresa de médio porte como a nossa", diz Arthur Lavieri, presidente da Tópico.
 

Os primeiros cinco meses do projeto resultaram no plantio de 2.360 brotos de espécies nativas da mata atlântica, que reflorestaram mais de 14 mil metros quadrados de área --dois campos de futebol-- no entorno de reservatórios do Sistema Cantareira, na Grande São Paulo.
 

Para 2022, a empresa planeja a neutralização das suas emissões através do plantio de mais 4.000 mudas certificadas, produção de energia solar por meio de películas fotovoltaicas instaladas nas lonas que revestem galpões que ela fabrica e aluga e pela contratação de transportadores que deem preferência à utilização de biocombustíveis.
 

Apesar de animadores, os projetos voluntários de conservação são parte de uma caminhada em que, para cada passo à frente, dão-se dois para trás.
 

O Atlas da SOS Mata Atlântica, que compila dados da fundação e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, apontou a perda de 13 mil hectares de florestas nativas do bioma entre 2019 e 2020. São 130 quilômetros quadrados de desflorestamento que, para comparação, equivalem a mais da metade (60%) da área de Recife (PE).
 

No período reportado no relatório, o desmatamento dobrou em 10 dos 17 estados abrangidos pelo bioma.
 

"A mata atlântica tem potencial para grandes projetos de reflorestamento. Somente para cumprir o Código Florestal, seria necessário restaurar 5 milhões de hectares. Isso é maior do que o estado do Rio de Janeiro", diz Guedes, da SOS Mata Atlântica.
 

"Isso é apenas para recuperar florestas nas beiras de rios, que fixam carbono, mas não geram uma economia de produtos florestais. Podemos ter mais 10 milhões de hectares para gerar negócios. O potencial é enorme, mas os projetos ainda são pequenos."

Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/150083-emergencia-climatica-pressiona-empresas-a-buscar-vitrine-na-mata-atlantica.html