Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto (SP)
descobriram uma substância existente na carambola que pode causar
intoxicação e danos à saúde, principalmente em pessoas com problemas nos
rins. De acordo com o estudo, a caramboxina pode provocar crise de
soluço, epilepsia, convulsões e até levar à morte.
O nefrologista
Miguel Moysés perdeu um paciente na década de 1990 que morreu depois de
sofrer várias convulsões e ficar em coma. Foi quando o médico decidiu
estudar a relação entre o consumo da carambola e a intoxicação de
pacientes com insuficiência renal. “O paciente não tinha nada, fazia
hemodiálise, comeu duas carambolas e começou a passar mal. Na mesma
semana surgiu outro caso similar com um paciente em coma, que também
havia ingerido grande quantidade de suco de carambola”, explica o
médico.
A pesquisa já se estende por mais dez anos com o
envolvimento de 19 profissionais, entre biólogos, químicos e médicos que
fizeram teste em ratos de laboratório para comprovar os efeitos da
fruta nos pacientes com problemas nos rins. “Esses animais, quando
recebiam a carambola, entravam em um estado epilético, uma convulsão
prolongada, e faleciam por conta da convulsão. E foi possível
estabelecer os mesmos sintomas nos humanos”, conta o nefrologista Márcio
Dantas.
Substância tóxica da carambola pode causar insuficiência
renal, diz estudo da USP de Ribeirão Preto (Foto: Maurício
Glauco/EPTV)Substância da carambola pode causar insuficiência
renal, diz USP (Foto: Maurício Glauco/EPTV)
No
decorrer dos estudos, os pesquisadores conseguiram isolar e identificar
a molécula da fruta que causa a intoxicação. Nomeada de caramboxina
pelos pesquisadores, a substância existe em baixa concentração na fruta,
mas é tóxica. Em pessoas saudáveis, ela é facilmente eliminada pelo
organismo. Mas em pacientes com problemas renais ela se concentra no
organismo e causa sintomas como soluços constantes por várias horas,
confusão mental, convulsão e sem tratamento adequado, pode levar à
morte.
“A molécula que caracterizamos é bastante instável, porque
é derivada de um aminoácido natural e o organismo a confunde. A alta
solubilidade em água deveria fazê-la ir embora pela filtração renal,
mas, se o paciente não filtra, essa molécula fica na circulação. Em
seguida, mascarada, ela penetra, chega ao sistema nervoso central e
pode causar vários danos”, explica o farmacêutico Norberto Lopes, que
participou da pesquisa da molécula.
Segundo os pesquisadores,
pessoas sem problemas nos rins, se comerem ou tomarem o suco da
carambola em grandes quantidades, podem desenvolver problemas
neurológicos e insuficiência renal aguda. “O ideal é comer sem
exageros”, alerta Dantas.
Fonte: http://camacarinoticias.com.br/leitura.php?id=241214