sábado, 14 de agosto de 2010

Um pai que usou o tempo para criar os filhos


Luciane Batista Rodrigues, 33 anos, emociona-se ao contar a trajetória de vida do pai. “Ele saiu do interior e veio tentar a vida na capital. Daquele jeito, com uma trouxa na cabeça. Ele é o meu herói”.

Pai de cinco filhos, Edson dos Santos Batista tinha 35 anos quando saiu da cidade de Inhambupe, a 153 quilômetros de Salvador, para batalhar por melhores condições de vida. Com ele, trouxe o filho de 7 anos, de mesmo nome: Edson dos Santos Batista Filho. “Era o único que não estava estudando. Os outros tinham aulas e não podiam faltar”, justifica.

A esposa, Lourdes, permaneceu na pequena cidade com os outros herdeiros. A luta por um destino satisfatório estava só começando.

“Muitas vezes, as coisas acontecem na vida sem a gente esperar. Como temos que correr atrás, eu vim motivado por necessidade”, conta o pai Edson, hoje com 55 anos.

Naquele período, Edson trabalhava como relojoeiro e mantinha uma joalheria, com a qual sustentava a família. O que ele havia conquistado em anos de trabalho foi perdido em alguns poucos minutos. “A joalheria foi arrombada e eu perdi tudo. Levaram tudo. Fiquei numa situação difícil”, lembra.

Com filhos para criar, Edson não podia ficar inerte. Com força de herói, ele criou coragem para começar de novo. Estava disposto a arriscar tudo, sem medir esforços. “Essa força foi meus filhos que me deram. Me deram inspiração para tentar algo na vida. Eu pensava o tempo todo neles, em fazer tudo para eles”, diz Edson, que chegou a Salvador sem conhecer ninguém, sem amigos ou ter quem o ajudasse.

Superação - Na mala, algumas roupas. No colo, o filho. Na cabeça, a ideia de ganhar a vida como relojoeiro, ofício aprendido em curso técnico e posto em prática ainda no interior. “O desafio foi ter que começar tudo de novo aqui”, garante.

Luciane revela que o pai conseguiu, aos poucos, se estabelecer. Com o dinheiro dos consertos de relógios, ele conseguiu alugar uma casa. “Morei de aluguel por três anos, na casa vizinha. Depois desse tempo, consegui comprar, com muito sacrifício, essa casa onde estou até hoje”, confirma Edson.

Ao final daquele ano de mudanças, o período escolar já tinha acabado. Edson, então, voltou a Inhambupe, para buscar os filhos. “Fiquei longe de todos por pouco tempo. Trouxe cada um deles aos poucos, para não abalar a família”, recorda.

Multifuncional - Edson não esquece os desafios vividos em nome dos filhos e da família. “Já fiz de tudo nesta vida. Sou pintor profissional, pedreiro, carpinteiro. Ergui a casa toda. Tudo aqui fui eu quem fez”, mostra, orgulhoso.

Ele já teve uma mercearia, mas, hoje, mantém um ferro-velho, no bairro de Cajazeiras. O ofício de relojoeiro foi passado para o filho mais velho, Erenaldo Santana Batista, 33 anos. “Ele começou cedo, aos 13 anos. Eu saía e deixava os relógios parados e os objetos de trabalho na mesa. Quando eu voltava, já tinha relógio funcionando”.

Erenaldo é o responsável pela relojoaria da família, que funciona no piso inferior da casa, no bairro de Pau da Lima. “Chegamos a trabalhar lado a lado. Eu acho que ele deveria procurar uma coisa melhor. Mas, se é por vocação, que seja assim”, diz Edson. Apesar de desejar o melhor para o filho, ele não tem do que se queixar. “Criei todos eles como relojoeiro”, diz.

Perda - Edson perdeu a joalheria em Inhambupe e conseguiu refazer a vida em Salvador. Outra perda, porém, não foi superada tão facilmente. “Perdi uma filha. Ela ficou doente, foi internada. Depois de sete meses, morreu de câncer do pulmão, aos 19 anos”, conta ele, sem poupar a emoção. “Foi a maior perda da minha vida”, afirma.

Edson aprendeu a conviver com a ausência. Consertando relógios e sem deixar o tempo parar, provou que era capaz de superar mais um obstáculo. Depois de ver todos os filhos completarem o ensino médio, Edson decidiu voltar a estudar. “Estou terminando o 3º ano (ensino médio), fazendo agora o que eu não pude na época”.

Apenas a filha Luciane completou o nível superior. Formada em administração, ela se orgulha do pai que tem. “Todos os filhos estão casados, estudados, com dignidade e caráter. Tudo graças a ele. Pai é isso”, completa.


Fonte: http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=5601726

Como é que nasce um "galo"?


Quando se leva uma pancada na cabeça, alguns dos vasos sanguíneos que irrigam a região se rompem, deixando vazar o plasma, parte líquida do sangue composta principalmente de água. Como logo abaixo deles está o crânio, esse líquido não tem por onde vazar, e forma uma saliência. Fonte: Guia de curiosos da internet