terça-feira, 19 de outubro de 2010

Serra é entrevistado pelo JN


O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, foi entrevistado ao vivo nesta terça-feira (19) no Jornal Nacional pelos apresentadores William Bonner e Fátima Bernardes.

A candidata Dilma Rousseff (PT) foi entrevistada na segunda-feira (18). A ordem das entrevistas foi definida por sorteio.

Veja ao lado a íntegra da entrevista em vídeo. Abaixo, leia a transcrição das perguntas e respostas.

William Bonner: Boa noite, candidato.

José Serra: Boa noite, William. Boa noite, Fátima. Boa noite a quem está nos vendo e escutando.

William Bonner: Muito bem. Esta entrevista terá dez minutos com uma tolerância de um minuto e mais 30 segundos como mensagem do candidato aos seus eleitores. Essa tolerância é para evitar interrupções e para a conclusão do raciocínio do candidato, e o tempo começa a ser contado a partir de agora. Candidato, o senhor teve no primeiro turno um desempenho inferior ao que o seu colega Geraldo Alckmin conseguiu na eleição presidencial de 2006. Ele teve nove pontos percentuais a mais que o senhor obteve desta vez. A que o senhor atribui essa resposta dos eleitores a suas propostas?

José Serra: Olha, primeiro, os outros candidatos eram diferentes, inclusive não tinha uma terceira candidata, ou um terceiro candidato, tão forte quanto a Marina. E no primeiro turno, na verdade, os eleitores fazem uma aproximação pro voto, né, não é um julgamento definitivo. E de todo modo eu cheguei a ter 33 milhões de votos, a Marina 20, de maneira que isso representou a maioria da população brasileira, mostrando que na verdade o Brasil quer um segundo turno, né, porque segundo turno tem muito mais possibilidade, entre os dois mais votados, de ter conhecimento, de iluminar a cabeça e a mente para o dia da eleição.

Fátima Bernardes: Agora, esse segundo turno, ele está radicalizado. Uma mistura entre religião e política que normalmente não costuma dar certo em lugar nenhum. A sua campanha tem explorado posições do PT e da candidata do partido, por exemplo, em relação ao aborto. Essa mistura, política e religião, não deveria ser evitada?

José Serra: Olha, não fomos nós que levantamos, nem nós exploramos. Acontece o seguinte: a Dilma manifestou-se a favor do aborto. Deu uma entrevista que está, enfim, tem o vídeo. O PT no final do ano passado fez aquele programa nacional de direitos humanos que tornava transgressor, criminoso aquele que fosse contra o aborto. Então eles puseram a questão no ar.

Fátima Bernardes: Mas a sua campanha também, candidato.

José Serra: Eu sempre manifestei, eu sempre manifestei o seguinte: eu sou contra a liberação do aborto e nunca explorei isso do ponto de vista de que ela estaria errada por ser a favor do aborto. O que acontece é que ela afirmou uma coisa e depois afirmou o oposto. Nem reconhece que disse o oposto e numa campanha esses temas, Fátima, acabam sendo postos pela própria população.

Fátima Bernardes: Mas candidato...

José Serra: Nunca me passou pela cabeça transformar isso num centro de campanha.

Fátima Bernardes: Mas candidato, sua campanha tem mostrado, falado insistentemente em Deus, tem mostrado imagens de missas, de cultos religiosos. Questões como essas do aborto, até mesmo a união civil entre homossexuais, elas não deveriam receber um tratamento de políticas públicas e não uma abordagem do ponto de vista da religião? Isso não contribui assim para um retrocesso no debate político?

José Serra: Olha, eu insisto: quem introduziu esse ingrediente na campanha foi o PT e foi a Dilma. Como eu tenho uma posição contrária ao aborto eu sempre fui perguntado, e sempre disse isso.

Fátima Bernardes: Mas é um retrocesso, o senhor considera um retrocesso?

José Serra: Todas as campanhas que eu fiz, eu sempre visitei igrejas, né, eu sou católico, mas sempre visitei igrejas, inclusive igrejas cristãs, evangélicas. Sempre falo no meu linguajar cotidiano, porque está incorporado, eu sempre digo: 'se Deus quiser'. Eu sou uma pessoa religiosa. Não há nada forçado neste sentido. E, aliás, a candidata não fez outra coisa se não passar a freqüentar igrejas, coisa que habitualmente ela não fazia. Então isso dá um tipo de aquecimento que se transforma no que você falou. Agora o que eu quero dizer é que a base disso está no fato de que uma hora ela disse uma coisa e em outra hora ela diz o oposto. Aliás, não é o único caso que isso acontece.

Wiiliam Bonner: Candidato, na sua propaganda eleitoral o senhor tem mostrado obras grandes que realizou como governador em São Paulo: Rodoanel, a ampliação da Marginal do Tietê. Essas obras foram tocadas, em parte ou totalmente, pela Dersa, que é a empresa estadual que cuida disso. Quando o senhor era governador, o diretor da Dersa era Paulo de Souza, também conhecido como Paulo Preto por alguns. Paulo Preto foi acusado de ter arrecadado ilegalmente dinheiro para a campanha do PSDB e de ter ficado com esse dinheiro pra ele. O PSDB e o senhor já negaram essa afirmação, disseram que não houve essa arrecadação. Mas o fato é que antes de os senhores negarem isso, Paulo Preto, ao jornal “Folha de S.Paulo”, disse o seguinte: "Não se abandona um líder ferido na estrada”. O que que ele quis dizer com isso?

José Serra: Olha, William, antes dessa entrevista nós já tínhamos desmentido. Não houve desvio de dinheiro na minha campanha, que seria a vítima no caso. Ou seja: não houve ninguém que tivesse doado, o dinheiro não tivesse chegado, e a pessoa tivesse feito chegar a gente de que a contribuição não tinha chegado, porque ele tinha dado e não chegou. Isso não aconteceu.

William Bonner: Mas esta frase, esta frase: "não se abandona um líder ferido na estrada".

José Serra: Esta frase...

Wiiliam Bonner: Parece ameaça.

José Serra: Não, não. Porque sempre tem, dentro de um partido, gente que gosta de um, gente que não gosta de outro, mas o fato é que não houve o essencial que é o desvio de dinheiro da minha campanha, porque eu saberia. Em todo o caso, nós seríamos a vítima. Você percebe? Quer dizer, e aí não se trata, inclusive, nem de dinheiro do governo. É um dinheiro que foi contribuição para uma campanha. Eu desmenti isso há muito tempo. E o assunto volta posto, inclusive pelo PT, porque o que eles gostam de fazer? De vir com ataques esses às vezes meio incompreensíveis para nivelar todo mundo, como se os escândalos da Casa Civil, como se os escândalos desse senhor Cardeal agora na Eletrobras, como se tudo isso pudesse ser também reproduzido, o que não aconteceu do outro lado. Eu não tenho nenhum chefe da Casa Civil...

William Bonner: Sim, candidato.

José Serra: ...que ficou do meu lado que aprontou tudo que a Erenice aprontou. Braço direito da Dilma.

William Bonner: Sim, mas eu tenho de observar o seguinte: primeiro, Paulo de Souza tinha um cargo estratégico no seu governo. Era um cargo importante, de grandes obras. E teve uma filha dele, inclusive, contratada pelo senhor tanto na Prefeitura de São Paulo quanto no governo do estado em cargo de confiança. Quer dizer: essa relação sua com parentes, também de alguma maneira não configura aí um nepotismo dentro do governo?

José Serra: Veja, essa menina foi contratada, eu nem conhecia, não foi diretamente por mim, para trabalhar no cerimonial, que é, que faz recepções, que cuida de solenidades e tudo mais, entre muitas outras. Tinha um currículo, sabia dois idiomas, ou sabe dois idiomas, sempre trabalhou corretamente. Inclusive eu só vim a saber que era filho de um diretor de uma empresa muito tempo depois. Ela não está em nenhum cargo, nunca teve nenhuma acusação, nem nenhum cargo que tome decisões, faça lobby, pegue dinheiro, como no caso dos filhos da Erenice.

Fátima Bernardes: Candidato, no debate ainda no primeiro turno aqui na TV Globo, numa resposta à candidata Marina Silva, o senhor disse o seguinte: “Você e a Dilma têm muito mais coisas parecidas do que quaisquer outros candidatos aqui. Você estava no governo do mensalão, não saiu do governo, continuou lá, como ela”. Hoje, diante da necessidade de conquistar eleitores que votaram na então candidata Marina, o senhor se arrepende do que disse?

José Serra: Olha, eu quero completar como é que foi o assunto, porque a Marina estava dizendo que eu e a Dilma éramos parecidos, né? Não sei se ela acha isso no fundo da alma. Eu disse: “Não, nós não somos parecidos”. Agora, você não pode medir os outros pela sua régua. Se eu usasse a minha régua, eu poderia dizer: “Você e a Dilma têm semelhanças, porque ambas participaram de um governo do PT que tinha o mensalão e ambas não saíram do governo”. Isso não foi propriamente uma acusação. Isso foi mostrar como, se você começar a fazer comparação, você pode chegar a qualquer conclusão, né? Você pode dizer: fulano e sicrano torcem pro mesmo time, logo eu posso dizer que vocês são parecidos. Porque ela dizia que éramos parecidos por outros motivos, porque uma preocupação com obras, uma preocupação com propostas concretas, isso mais no meu caso, inclusive.

Fátima Bernardes: Mas não é uma forma muito fácil de atrair eleitores com uma declaração como essa?

José Serra: Mas eu posso te dizer o seguinte: eu gosto muito da Marina, é uma pessoa que eu admiro, e ela fez uma boa contribuição no Brasil para a democracia, ajudando a ter o segundo turno e aproximando gente que não participa habitualmente de eleição do processo eleitoral, coisa que fortalece a democracia. E agora, com muita alegria, eu estou recebendo o apoio de militantes do PV, como o Fernando Gaveira, Gabeira, o Fábio Feldmann, que foi candidato a governador em São Paulo, diretórios, parlamentares. Por quê? Porque eu tenho, na minha folha de serviços como prefeito e governador, uma ação ambiental muito avançada, inclusive fizemos a lei de mudanças climáticas do estado de São Paulo, considerada uma das três mais avançadas do mundo.

William Bonner: Candidato, com relação à economia. O senhor tem prometido aí coisas grandes, né? Salário mínimo de R$ 600, aumento de 10% para aposentados, 13º para o Bolsa-Família. Essas propostas não colocam em risco a estabilidade da economia, uma economia que todo mundo sabe que está com um crescimento de gastos públicos preocupante?

José Serra: Olha, William, eu fiz essas propostas porque eu acho que são fundamentais do ponto de vista social. Os aposentados ficam para trás, o salário mínimo ainda é pouco em relação às necessidades de consumo das pessoas e o Bolsa-Família é muito pequeno, dá menos de R$ 1.000 por ano. Então eu propus fazer o 13º do Bolsa-Família, programa que eu vou manter e afirmar, dar 10% para os aposentados, o dobro do que o governo quer, e fazer o mínimo em R$ 600. Isso tem um custo. Eu calculei aproximadamente, em números redondos, 1% do atual orçamento, 1% do orçamento previsto. Ora, é, tem subestimativa de receitas, ou seja: tem receitas, dinheiro que vai entrar para o governo no ano que vem, que está subestimado. Isso tem sido feito nos últimos anos no caso da Previdência. Tem também o efeito que as próprias medidas vão causar sobre a arrecadação, que é positivo. Mas corte de desperdícios, encolhimento de cargos de confiança, gente que não faz concurso, que está lá por apadrinhamento político. Com isso, nós vamos ser capaz de cobrir esse 1%. E, do ponto de vista do país, representa um grande salto social e uma medida de justiça, eu diria.

Fátima Bernardes: Mas candidato, se isso fosse assim possível, se a conta fosse viável do jeito que o senhor está falando, por que ela não foi feita agora? Quer dizer, por que ela não teria sido feita já? Acho que aumentar salário mínimo é o desejo de todo político.

José Serra: Sem dúvida.

Fátima Bernardes: Quer dizer, será que essa conta, esse ajuste, não é um pouco mais complicado?

José Serra: Porque eles têm outras prioridades. Por exemplo, estão desenvolvendo muitos e muitos subsídios a investimentos que provavelmente não são rentáveis, né? O governo hoje está distribuindo isso por todo canto. Muito desperdício, muito desvio de dinheiro público, Fátima.

William Bonner: Candidato.

José Serra: Muito desperdício. Nós vamos enxugar tudo isso para poder atender os mais necessitados.

William Bonner: Candidato, eu vou pedir, então, agora. Chegamos ao fim do tempo, eu vou pedir agora que o senhor se despeça dos eleitores com a sua mensagem em 30 segundos.

José Serra: Tá legal.

William Bonner: Por favor.

José Serra: Muito obrigado. Olha, eu, com a consciência tranquila, queria pedir a você, que está me vendo, o seu voto no dia 31 de outubro. Se você já vota em mim, conquista outro voto. Eu já disputei nove eleições, lutei bastante na vida. Disputei eleição, ganhei, de deputado, senador, fui ministro, eleito prefeito, eleito governador. Lutei bastante para isso e, como presidente, eu vou lutar muito para melhorar a saúde, a educação, a segurança e os problemas, e as questões sociais. Vamos juntos, de braços dados...

William Bonner: Obrigado, candidato.

José Serra: ... coração aberto, cabeça erguida, ganhar a eleição.

William Bonner: Seu tempo, candidato.

Fátima Bernardes: Muito obrigada, candidato, pela sua participação aqui pela segunda vez no Jornal Nacional.

José Serra: Eu que agradeço enormemente a vocês.

Fonte: http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/10/serra-e-entrevistado-pelo-jn.html

Inhambupe antigamente


Tabagismo passivo pode triplicar os riscos de câncer de mama, diz estudo


Mulheres que, constantemente, são expostas à fumaça do cigarro, mesmo que não fumem, têm três vezes mais chances de desenvolver câncer de mama do que as não fumantes que não convivem com o cigarro alheio, segundo estudo do Instituto Nacional de Saúde Pública do México. De acordo com a coordenadora da pesquisa, Lizbeth Lopez-Carrillo, cerca de 6 milhões de mexicanas com idades entre 12 e 65 anos que nunca fumaram são expostas ao tabagismo passivo. E isso aumenta seus riscos de ter câncer de mama.

Avaliando 504 mulheres diagnosticadas com câncer de mama e o mesmo número de mulheres saudáveis da mesma idade, os pesquisadores notaram que aquelas que haviam sido expostas ao fumo passivo tinham três vezes mais chances de terem confirmação do câncer de mama, comparadas àquelas que não conviviam com o cigarro. E, entre as fumantes, o risco era ainda maior, mais apenas se as participantes tivessem começado a fumar entre a puberdade e o nascimento do primeiro filho.

“A exposição ao tabagismo ativo e ao passivo é um fator de risco modificável para câncer de mama”, disse a pesquisadora na Conferência da Associação Americana de Pesquisa do Câncer. “Reduzir não apenas o tabagismo ativo, mas também o fumo passivo irá prevenir novos casos de câncer de mama nessa população”, concluiu a especialista.

Fonte: http://blogboasaude.zip.net/arch2010-10-03_2010-10-09.html#2010_10-05_12_33_51-119648571-0