Atol Tarawa, em Kiribati, em foto aérea de março de 2004
O presidente da ilha-Estado de Kiribati, no Oceano Pacífico, é a favor
da aquisição de terras no exterior para garantir o estoque de alimentos e
talvez um futuro lar se o crescente nível dos mares alagar atóis em
áreas baixas -- e já fez uma compra em Fiji.
Anote Tong falou na
Noruega, onde fez uma parada para ver o derretimento do gelo do Ártico,
que eleva o nível dos mares, antes de comparecer a uma cúpula do clima
da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York na terça-feira, e
disse querer estabelecer as condições para uma "migração com dignidade"
das ilhas.
Kiribati, nação de 100 mil pessoas espalhadas por 32
atóis no Pacífico, finalizou um acordo com Fiji este ano para a compra
de 2.400 hectares de floresta por 9,3 milhões de dólares australianos
(8,3 milhões de dólares) na ilha de Vanua Levu, segundo afirmou Tong.
Arte UOL
"Com a elevação dos mares, o valor da terra irá aumentar", previu Tong
em uma entrevista no final de semana. "Não irei realocar meu povo, mas
outro pode fazê-lo" nas próximas décadas.
"Algumas pessoas
sugeriram: por que não comprar (mais terras na) Austrália e na Nova
Zelândia, já que estão vendendo para os chineses?", declarou. "Minha
visão é 'sim'... propriedade representa o menor dos riscos" comparada a
outros investimentos.
Tong disse que os 500 milhões de dólares
australianos do fundo soberano de Kiribati, arrecadados graças às minas
de fosfato, foram afetados pelos investimentos externos ruins dos
últimos anos.
Ele afirmou que várias ilhas de Kiribati foram
abandonadas em parte porque os terrenos de cultivo em áreas rebaixadas
se tornaram menos produtivos em função das tempestades repetidas que
passaram a levar mais sal para a terra. "Está contaminando nossas
colheitas de alimentos", disse.
Plantações nas áreas mais
elevadas de Fiji podem ajudar a assegurar a segurança alimentar de
Kiribati, mas a relocação é complexa porque envolve questões de direito
de residência e cidadania.
Tong afirmou que Kiribati não
mencionou uma relocação às autoridades fijianas quando adquiriu a terra,
mas que o presidente fijiano, Epeli Nailatikau, disse que "Fiji lhes
dará as boas-vindas" caso isso seja necessário um dia.
A Aliança
de Pequenos Estados-Ilha (Aosis, na sigla em inglês) exortou ações mais
contundentes das nações desenvolvidas na cúpula em Nova York para que
reduzam as emissões de gases de efeito estufa, responsabilizados por um
comitê de especialistas da ONU pelas ondas de calor, pelas inundações e a
elevação dos mares.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,
participou de uma marcha pela ação climática também em Nova York no
domingo, que os organizadores afirmam ter reunido cerca de 310 mil
pessoas, a maior manifestação já feita sobre o tema.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2014/09/22/ilha-do-pacifico-quer-comprar-terras-no-exterior-para-compensar-elevacao-do-nivel-do-mar.htm