A identidade do emissário da carta-bomba que matou a secretária Lyda
Monteiro da Silva em atentado no dia 27 de agosto de 1980, na sede da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Seccional Rio, foi revelada ontem
pela Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio), no Rio de Janeiro. Há pouco
mais de 35 anos, na gestão do presidente João Figueiredo, uma bomba
explodiu na sede da OAB no centro do Rio e chocou o País em meio ao
processo de abertura política iniciado no governo Geisel, em 1974.
O
atentado tinha como alvo o então presidente da entidade, Eduardo Seabra
Fagundes, mas matou sua secretária, Lyda Monteiro da Silva. Nesta
sexta-feira (11), após dois anos de investigação, a CEV-Rio apontou o
sargento paraquedista do Exército Magno Cantarino Mota, conhecido pelo
codinome de Guarany, como a pessoa que entregou a bomba que matou Lyda, a
partir de depoimentos de uma testemunha. "Aqui [em uma foto] ele
aparece de corpo inteiro e isso propiciou que a testemunha afirmasse com
clareza e certeza que esse era o rapaz com quem ela dialogou naquele
dia", disse a jornalista Denise Assis, pesquisadora da CEV-Rio, ao
apresentar as imagens por meio das quais a testemunha identificou o
agente Guarany. Uma foto mostra o militar ao lado do Puma onde estava o
corpo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, após a explosão da bomba
do Riocentro, em 1981.
A partir desse dado e de outros depoimentos, a
comissão concluiu que a antiga especulação de que o mesmo grupo que
planejara o atentado do Riocentro também atacara a OAB se confirmou. "Os
fatos estão absolutamente interligados. Os mesmos elementos que
estiveram no Riocentro também estiveram aqui em 27 de agosto de 1980.
Todo o perfil desses agentes comprova que eram homens treinados para
tortura e atentados à bomba", afirmou Wadih Damous, deputado federal e
ex-presidente da CEV-Rio, que iniciou as investigações do caso. Outros
três testemunhos obtidos apontam que a ordem para o atentado partiu do
coronel Freddie Perdigão Pereira, já falecido, e que o explosivo foi
montado pelo sargento Rosário, morto no Riocentro.
As informações foram
prestadas pelo ex-delegado Claudio Guerra e pelo militar aposentado
Emanuel Pontes. Perdigão trabalhou mo Centro de Informações do Exército
(CIE) - núcleo de inteligência ligado ao gabinete do ministro do
Exército durante a ditadura. Ele foi apontado pelo Ministério Público
Federal como um dos responsáveis pelo atentado no Riocentro e ainda pela
prisão do deputado federal cassado Rubens Paiva, assassinado sob
tortura no Destacamento de Operações de Informações - Centro de
Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) em 1971.
Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/estadao/noticia/97390-comissao-identifica-autor-de-atentado-na-oab-em-1980.html