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terça-feira, 13 de agosto de 2024

Pesquisadores criam duas primeiras drogas antimaláricas 100% desenvolvidas na África

Cientistas do Centro de Descoberta e Desenvolvimento de Drogas (H3D, na sigla em inglês) da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, estão otimistas.
 

Isto porque, desde 2022, eles descobriram dois compostos diferentes capazes de inibir a ação do protozoário Plasmodium falciparum, causador da malária, em estudos em laboratório. A expectativa, após a chamada prova de conceito (em outras palavras, o teste de que a molécula de fato inibiu a ação em modelos em laboratório), é de iniciar os testes pré-clínicos (em animais) para, depois, avançar nos primeiros testes em humanos.
 

A novidade carrega uma forte esperança dos pesquisadores por dois motivos: as moléculas em teste são as duas primeiras que foram descobertas e criadas 100% no continente africano (enquanto muitas das drogas antimaláricas existentes tenham sido descobertas por laboratórios dos Estados Unidos ou continente europeu) e elas podem ser também testadas em um contexto de avanço da doença em países da África.
 

"Estamos bem otimistas, a nossa equipe inteira tem muito orgulho desta descoberta", disse à Folha John Woodland, bioquímico e pesquisador do H3D. "Principalmente porque 95% dos casos de malária graves causados por P. falciparum ocorrem em países subsaarianos."
 

De acordo com o último relatório global de malária da OMS (Organização Mundial da Saúde), publicado em novembro de 2023, foram registrados 249 milhões de casos de malária no mundo em 2022, sendo a metade deles em países africanos como Nigéria (27%), República Democrática do Congo (12%), Uganda (5%) e Moçambique (4%). Mais de 600 mil mortes ocorrem anualmente.
 

No entanto, a África ainda importa cerca de 80% dos compostos e medicamentos utilizados para o combate da malária. Outro problema crescente tem sido a resistência dos protozoários às drogas, o que tem afetado o combate à malária em todo o mundo.
 

"Por isso é importante ter pesquisas feitas aqui, porque são drogas com um potencial de salvar muitas vidas para doenças infecciosas com alta carga no sistema de saúde", diz.
 

O primeiro passo para chegar em compostos anti malária foi o uso de uma ferramenta de inteligência artificial para filtrar, a partir de uma base de dados de milhares de moléculas, quais as com potencial para combater o parasito. Os pesquisadores identificaram então compostos conhecidos como inibidores de quinase –que são atualmente usados também no combate ao câncer– como potenciais medicamentos.
 

O primeiro deles foi o MMV390048 (que começou como MMV39001, MMV39002…. até a tentativa 48), uma molécula que bloqueia a ligação de uma proteína, conhecida como PI4K, do protozoário. Esta proteína tem uma função ativa no ciclo de vida do parasito. Nos testes, a molécula conseguiu inibir o desenvolvimento do P. falciparum em camundongos geneticamente modificados para apresentar células sanguíneas humanas.
 

Já a segunda droga em teste é considerada de segunda geração e recebeu o nome de UCT943, com a mesma função da MMV390048.
 

A malária é uma doença causada por um parasito do sangue, um protozoário do gênero Plasmodium. Ela é passada para humanos por meio da picada de mosquitos Anopheles (diferentes do Aedes e do mosquito comum) infectados. Na fase aguda da doença, são usados medicamentos à base de artemisinina, como a cloroquina, que é comprovadamente ineficaz contra a Covid.
 

Porém, como o protozoário possui um ciclo latente no organismo, podendo permanecer em células do fígado por anos, uma dificuldade que especialistas e médicos enfrentam no combate à malária é como impedir a proliferação do plasmódio em células sanguíneas até atingir outros órgãos.
 

Embora na prova de conceito as duas moléculas tenham sido eficazes no bloqueio do falciparum, a selecionada para avançar para os testes e possível comercialização foi a UCT943, já que a primeira teve efeitos adversos nos estudos clínicos conduzidos em 2015.
 

Apesar dos percalços, a equipe da Universidade da Cidade do Cabo está confiante que deve conseguir iniciar novos testes com a potencial molécula nos próximos anos. Geralmente, o tempo médio considerado entre a descoberta de uma droga, os testes de segurança e eficácia em populações humanas e o registro por órgãos de fiscalização é de até duas décadas.
 

"Com os modelos de detecção dos novos compostos via IA, pudemos reduzir consideravelmente a etapa de descoberta de uma nova molécula, e também estamos considerando introduzir modelos animais fabricados artificialmente para testes pré-clínicos, reduzindo mais uma etapa, sem deixar de lado a avaliação da toxicidade, que é fundamental para o uso em humanos", diz Woodland.
 

O centro H3D é apoiado, dentre outros, pelo Medicines for Malaria Venture, uma associação sem fins lucrativos baseada na Suíça com o objetivo de produzir um portfólio de medicamentos acessíveis para tratar, prevenir e eliminar a malária globalmente. A empresa existe desde 1999 e já apoiou o desenvolvimento de 15 medicamentos diferentes, entre eles a tafenoquina, que passou a ser ofertada pelo Ministério da Saúde para indígenas no Brasil em abril deste ano.
 

A jornalista viajou para a África do Sul pelo ICFJ (International Center for Journalists) através do edital de Inovação em Saúde
 

*
 

Combate à malária
 

Ações incluem prevenção, medidas de redução do vetor e tratamento
 


 

Prevenção
 

Existem duas vacinas contra a malária aprovadas pela OMS, as duas para uso no combate ao P. falciparum
 

Atualmente, as vacinas estão em uso em programas-piloto, principalmente em crianças no continente africano, para avaliar sua efetividade (eficácia na vida real) em populações com alta circulação do protozoário
 


 

Combate ao mosquito
 

No Brasil, ações de combate ao mosquito, além de estratégias de modificar geneticamente o vetor, podem ajudar a reduzir os casos
 

Existem ações programadas também em comunidades indígenas e em áreas afetadas por garimpo, onde os casos de malária costumam ser bem elevados
 


 

Tratamento
 

Existem diversos medicamentos para tratamento da malária, sendo todos ofertados gratuitamente pelo SUS. Quanto antes for detectada a malária e mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de cura
 

A pasta da Saúde também recomenda o uso de medicamentos que atacam formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos), evitando recaídas, como a tafenoquina.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/292035-pesquisadores-criam-duas-primeiras-drogas-antimalaricas-100-desenvolvidas-na-africa

 

sábado, 3 de agosto de 2024

Ministério da Saúde confirma primeira morte de feto por oropuche no Brasil

O Ministério da Saúde confirmou na última sexta-feira (2) a morte de um feto de 30 semanas causada pela transmissão de oropuche a partir da gestante, uma mulher de 28 anos. O caso aconteceu em Pernambuco e foi confirmado a partir de exames que descartaram outras hipóteses, informou o Ministério da Saúde neste sábado (3).
 

A pasta ainda disse que estão em investigação oito casos de transmissão vertical de oropouche, em que quatro resultaram em óbito fetal e os outros apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia.
 

De acordo com dados do governo, até o dia 28 de julho o país registrou 7.286 casos de febre oropuche, com dois óbitos confirmados, na semana passada, de mulheres do interior da Bahia.
 

O Ministério da Saúde afirmou que elas tinham menos de 30 anos, não possuíam comorbidades e tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave.
 

A febre oropouche é uma doença viral transmitida principalmente por mosquitos do gênero Culicoides paraensis (diferente do Aedes, transmissor da dengue e chikungunya).
 

O vírus oropouche é endêmico em algumas regiões da América Latina, especialmente na Amazônia. A doença se manifesta com sintomas que podem incluir febre alta, dor de cabeça intensa, dores no corpo e nas articulações e, em alguns casos, erupções cutâneas.
 

Em julho, o Ministério da Saúde já havia divulgado uma nota relatando preocupação com os possíveis riscos para grávidas pela infecção do oropouche, com possibilidade de danos ao feto.
 

A pasta recomenda como medidas de proteção evitar ou reduzir a exposição às picadas dos insetos, com uso de roupas compridas, de sapatos fechados e de repelentes, principalmente nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde.
 

As pessoas também podem adotar medidas como limpeza de terrenos e de locais de criação de animais, recolhimento de folhas e frutos que caem no solo, uso de telas de malha fina em portas e janelas.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/290314-ministerio-da-saude-confirma-primeira-morte-de-feto-por-oropuche-no-brasil

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Brasil aumenta vacinação infantil em 2023, mas mundo ainda tem 2,7 milhões crianças não imunizadas

Em todo o mundo, 2,7 milhões de crianças continuam sem vacinação ou estão com a imunização abaixo do preconizado, de acordo com o relatório anual global do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e da OMS (Organização Mundial da Saúde), divulgado neste domingo (14).
 

As estimativas globais de vacinação, calculadas anualmente pelas entidades com dados de 185 países, mostram que a cobertura do imunizante DTP (difteria, tétano e coqueluche), que protege contra infecções bacterianas na infância, estagnou em 84% (equivalente a 108 milhões de crianças) em 2023.
 

Por outro lado, o número de crianças que não receberam nenhuma dose da vacina aumentou de 13,9 milhões, em 2022, para 14,5 mi no ano passado, dados alarmantes para a proteção da saúde dos menores.
 

Outras 6,5 milhões de crianças no mundo receberam a primeira, mas não foram imunizadas com a terceira dose, o que é necessário para atingir a proteção completa.
 

A vacina DTP é considerada um modelo para a imunização infantil --isto é, quando suas taxas estão baixas, também estão para as demais vacinas infantis.
 

O estudo calculou o número de crianças que não receberam a primeira dose (também chamadas zero dose) da DTP, que no Brasil também é chamada de pentavalente, pois protege contra cinco tipos de infecções bacterianas. A imunização completa é feita com uma dose aos dois meses de idade seguida de dois reforços: um aos quatro e outro aos seis meses.
 

Se as estimativas globais indicam que houve um aumento no número de crianças sem nenhum dose ou com doses em atraso, o Brasil reverteu a tendência de queda e aumentou a cobertura vacinal: o número de crianças zero dose caiu de 687 mil, em 2021, para 103 mil no último ano, enquanto aquelas que não foram imunizadas com a terceira dose caíram de 846 mil para 257 mil no mesmo período.
 

Isso fez com que o país saísse da lista dos 20 países com mais crianças não imunizadas no mundo.
 

"Quando fiquei sabendo, eu dei pulo de alegria, porque isso representa um grande avanço no nosso país. Cada criança imunizada, a gente salva uma vida. Tivemos mais de 500 mil crianças salvas no período", diz Luciana Phebo, chefe de saúde do Unicef no Brasil.
 

Ela ressalta, porém, que no contexto global não houve um avanço, com uma estagnação em relação ao conceito de criança zero dose. E isso pode ser explicado, em parte, devido à dificuldade de recuperação da imunização infantil em países de baixa e média renda após a pandemia.
 

"A pandemia afetou todo mundo, mas enquanto países que já tinham o sistema de saúde fortalecido recuperaram a cobertura vacinal, aqueles que já não iam bem não conseguiram melhorar."
 

Em países ricos, as principais barreiras no acesso à vacinação foram a desinformação e a hesitação vacinal.
 

O estudo analisou ainda a taxa de vacinação para outros 13 imunizantes disponíveis na infância que previnem contra doenças contagiosas.
 

ZONAS DE CONFLITO
De forma semelhante, a vacina contra sarampo, administrada em duas doses aos 12 meses (tríplice viral) e depois uma dose (tetraviral) aos 15 meses de idade, estagnou mundialmente. No planeta, a cobertura infantil da primeira dose foi de 83%, enquanto a imunização com a segunda dose teve um pequeno aumento no último ano, chegando a 74%. Esses números estão bem abaixo do preconizado pela OMS, de 95%, para eliminação do sarampo.
 

Mais importante, diz o relatório, 3 em cada 4 crianças no mundo vivem em um dos 103 países onde foram registrados surtos de sarampo nos últimos cinco anos, colocando esses jovens em maior risco para adoecimento e até morte.
 

Isso é especialmente preocupante ao considerar que mais da metade das crianças não imunizadas vive em países em conflito, onde a garantia dos direitos básicos infantis --incluindo a vacinação-- é frágil.
 

No relatório anterior, divulgado em abril do ano passado, 48 milhões de crianças não haviam recebido nenhuma dose preconizada da vacina DTP de 2019 a 2021. No caso do Brasil, o período da pandemia deixou 1,6 milhão de crianças sem vacinação, e outras 2,4 milhões com atraso vacinal.
 

"O Brasil está avançando. Para continuar avançando, duas coisas vão ter que ser feitas. Uma é aumentar a velocidade desse avanço. A outra é pensar na imunização de forma intersetorial, unindo vários setores, para recuperar a cobertura vacinal -e nesse sentido os três entes responsáveis, federal, estadual e municipal, cada um tem o seu papel", diz Phebo.
 

Para Isabella Ballalai, pediatra e diretora da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações), o governo federal passou a investir mais na recuperação das taxas vacinais com planejamento nos municípios e busca ativa de crianças em atraso. "A gente volta a um cenário melhor também, o brasileiro confia em vacina, o brasileiro acredita na importância da vacina. Quando a gente tem uma queda da confiança, é muito mais Covid [os pais que não querem vacinar os seus filhos] do que outra coisa", afirma.
 

HPV

Um dado animador do relatório foi o aumento da cobertura vacinal do HPV (papilomavírus humano) em meninas, impulsionado pela introdução do imunizante em países como Bangladesh, Indonésia e Nigéria por estratégias como a Gavi, Aliança da OMS para distribuição de vacinas.
 

Em 2022, a taxa de vacinação em meninas adolescentes (9 a 14 anos) era de 20%, passando para 27%, em 2023. O uso do esquema de dose única também ajudou a aumentar a cobertura vacinal.
 

Apesar de um avanço, ainda é bem abaixo da meta de 90% para eliminar o câncer de colo de útero, explica Sania Nishtar, diretora executiva da Gavi. "Com vacinas disponíveis [nesses países] para mais de 50% das meninas nos países africanos, temos muito trabalho a fazer, mas podemos hoje ver um caminho claro para eliminar essa terrível doença."
 

No Brasil, segundo os dados do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal nas meninas com a primeira dose contra o HPV não atingiu 76%; para a segunda ficou abaixo de 60%. Em relação aos meninos, 42% receberam a primeira dose e 27% a segunda.
 

Na última semana, a pasta da Saúde anunciou a inclusão no calendário para a imunização contra o HPV no SUS (Sistema Único de Saúde) usuários de PrEP (profilaxia pré-exposição) contra o HIV de 15 a 45 anos. Em abril, o ministério já havia incluído adolescentes de até 19 anos e pessoas com papilomatose respiratória recorrente (tumor benigno causado pelo vírus HPV que pode acometer crianças ou adultos), independentemente da idade.
 

Phebo aponta a comunicação, especialmente focada em certos grupos e territórios, como ferramenta de auxílio para imunização. "As famílias que levam as crianças [para vacinar] e não conseguem por falta de estoque, ou porque o posto está fechado, não se sentem com seus direitos garantidos. Isso pode ser um motivo de não levar na próxima vez, além da falta de informação sobre as doenças e como preveni-las."


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/287036-brasil-aumenta-vacinacao-infantil-em-2023-mas-mundo-ainda-tem-27-milhoes-criancas-nao-imunizadas

sábado, 25 de maio de 2024

Entenda o que é malária, doença ocasionou uma morte na Bahia após 6 anos sem óbitos

A Bahia registrou no último dia 16 uma morte por malária, após 6 anos sem notificações de óbitos no estado. Na ocasião, a Secretária de Saúde do Estado (Sesab) informou que o caso foi considerado importado, já que o paciente não residia na Bahia e a infecção teria ocorrido fora do estado. 

 

A enfermidade, que é transmitida infecciosa causada pela picada de mosquitos infectados, ainda é considerada como um dos grandes problemas de saúde pública no mundo, já que pode impactar no índice de pessoas que vão a óbito em decorrência da enfermidade, principalmente em alguns países tropicais e subtropicais, onde é endêmica. 

 

Conforme dados do Ministério da Saúde, no Brasil, os números de diagnósticos de malária diminuíram progressivamente de 2010 a 2016, registrando um aumento no ano de 2017 e voltando a reduzir nos anos seguintes. 

 

Foi em 2017 inclusive, que o cantor Tony Sales foi diagnosticado com a doença e passou mais de dez dias internado em tratamento (relembre aqui) . Na ocasião, o artista perdeu 10 kg com a doença. Felizmente, logo depois, o músico se recuperou e voltou aos palcos com a banda Parangolé. 

 

Mesmo com o perigo, a doença ainda é desconhecida por parte da população. Para entender melhor o que seria a malária e explicar as principais causas e formas de prevenção, o Bahia Notícias conversou com a médica infectologista Clarissa Cerqueira. 

 

Segundo a especialista, a enfermidade é ocasionada por um protozoário, onde duas principais ‘espécies’ podem causar um quadro ‘mais grave’ e outro ‘mais leve’. 

 

“A malária é uma doença ocasionada por um protozoário. Diferente desses outros agentes [bactéria ou vírus]. Temos duas grandes espécies principais que causam malária. Uma que causa um quadro mais grave que pode levar a óbito e outra que causa um quadro mais leve. Aqui na Bahia, a gente não pensa com muita frequência, pois não temos muita circulação de malária aqui, não é algo comum. Porém, se o paciente viajou e relatou que fez uma viagem e ele tem sintomas compatíveis, a gente tem que pensar em malária”, explicou Cerqueira. 

 

Entre os sintomas mais compatíveis citados pela médica estão a febre alta e dores no corpo.

 

“Neste quadro compatível, o que mais chama atenção é a febre alta em geral com dor no corpo. A gente pensa até que seria um diagnóstico diferencial, por exemplo com dengue. Só que não temos malária aqui com frequência, não testamos e não investigamos. Só apuramos quando o paciente diz que esteve na Amazônia, na África e está apresentando esse quadro aí a gente pensa [na malária], caso contrário não”,  disse Clarissa. 

 

A infectologista explicou também sobre como acontece a transmissão e as formas de proteção da doença. 

 

“A transmissão é por picada de mosquito. Tem que usar repelente, o que a gente tem para se proteger é o uso de repelente. Pode usar tela, repelente para corpo, isso tudo é a forma principal de prevenção. Tem também medicação para prevenir, caso a pessoa vá para algum lugar que a malária esteja circulando, a exemplo da Amazônia, Safari na África do Sul, aí temos medicações para o paciente evitar”, observou. 

 

DIAGNÓSTICO

A infectologista contou também como funciona o diagnóstico de pacientes com malária.

 

“O diagnóstico é feito com o que a gente chama de teste de gota espessa. Coletamos uma gota de sangue do paciente, colocamos na lâmina e observamos no microscópio. Só que assim, a pessoa que vai fazer o teste tem que ser muito bem treinada e capacitada. Então não é todo lugar que é feito. Até em hospital privado em geral, a gente tem que mandar para o Lacen ou para o Couto Maia, para uma pessoa específica que foi treinada para fazer esse teste, pois ela vai visualizar esse sangue no microscópio e tem que procurar o parasita lá. Tem que saber reconhecer. Então é um teste que não é todo lugar que faz por conta disso”, apontou. 

 

Apesar da doença ter chance de ser mais grave em alguns casos, a médica pregou cautela e informou que a doença não é motivo de grande preocupação no momento. 

 

“A malária tem que ficar sempre observando e vigiando, pois mosquito a gente sabe que tem. É só ficar acompanhando a questão dos casos e a gente sabe que este último caso foi importado. Então eu não me preocuparia ainda com esse caso agora”, pontuou. 

 

De acordo com a especialista, o imunizante contra a enfermidade está em estudo , mas a vacina ainda não está disponível em estudo oficialmente.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/saude/noticia/31607-entenda-o-que-e-malaria-doenca-ocasionou-uma-morte-na-bahia-apos-6-anos-sem-obitos

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Campanha de doação de leite materno beneficia 8 mil bebês na Bahia

O número de doadoras de leite materno em toda Bahia chegou a 8 mil, no ano passado, tendo sido coletados aproximadamente 7 mil litros de leite que beneficiaram 8 mil bebês. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde, na última segunda-feira (06), quando a pasta lançou a campanha "Doe leite materno: vida em cada gota recebida". A meta é ampliar os números alcançados em 2023. 

 

De acordo com o Ministério da Saúde, em todo o país, foram doados 253 mil litros de leite humano, que ajudaram 225.762 recém-nascidos em todo o Brasil. Esse número é 8% maior do que o registrado em 2022 e representa 55% da real necessidade por leite humano no país. A expectativa da pasta é para que em 2024, a oferta de leite materno a recém-nascidos internados nas unidades neonatais cresça em mais 5%. 

 

A cada ano 340 mil bebês brasileiros prematuros ou de baixo peso nascem no Brasil, o que corresponde a 12% do total de nascidos vivos, segundo estimativas da pasta. A doação de leite humano traz benefícios aos recém-nascidos prematuros ou de baixo peso que estão internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) neonatais e não podem ser amamentados pela própria mãe. As chances de recuperação e de uma vida mais saudável aumentam se a alimentação exclusiva com leite humano for possibilitada.  

 

O Brasil possui 225 bancos de leite humano em todos os estados e 217 postos de coleta. A rede brasileira é uma iniciativa do Ministério da Saúde, por meio do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), e atualmente integra a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança e Aleitamento Materno (PNAISC).   

 

A doação de leite humano representa, ainda, uma importante economia de recursos para o País com a diminuição da necessidade de compra de fórmulas infantis para recém-nascidos prematuros nas maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS).   

 

O Banco de Leite Humano dos Servidores é um desses espaços. Muitas mães com dificuldade para amamentar agendam visitas ao local para receber orientações e suporte necessário para a ordenha e o armazenamento do leite. Quando há excedente, elas doam aos recém-nascidos internados no hospital.  

 

BENEFÍCIOS DA AMAMENTAÇÃO

O Ministério da Saúde destaca que a amamentação é a forma de proteção mais econômica e eficaz para redução da morbimortalidade infantil, com grande impacto na saúde da criança, diminuindo a ocorrência de diarréias, afecções perinatais e infecções, principais causas de morte de recém-nascidos.

 

Ao mesmo tempo, traz inúmeros benefícios para a saúde da mulher, como a redução das chances de desenvolver câncer de mama e de ovário. Estima-se que o aleitamento materno seja capaz de diminuir em até 13% a morte de crianças menores de 5 anos em todo o mundo por causas preveníveis. Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças nessa faixa etária.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/saude/noticia/31572-campanha-de-doacao-de-leite-materno-beneficia-8-mil-bebes-na-bahia

sábado, 20 de abril de 2024

Após quase 20 anos sem registro local, Brasil confirma caso autóctone de cólera na Bahia

Após quase 20 anos sem registros locais, o Ministério da Saúde confirmou nesta sexta (19) um caso de transmissão autóctone de cólera em Salvador (BA), o que significa que o paciente contraiu a doença na própria cidade, sem viajar a outro lugar.
 

A nota técnica assinada pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente informa que exames laboratoriais identificaram a bactéria causadora da doença (Vibrio cholerae) em um homem de 60 anos que não tinha viajado para países com ocorrência de cólera e nem tido contato com outro caso suspeito ou confirmado.
 

A cólera é uma doença infecciosa intestinal aguda, transmitida por contaminação fecal-oral direta ou ingestão de água ou alimentos contaminados.
 

De acordo com a nota, o homem apresentou desconforto abdominal e diarreia aquosa no mês passado. Duas semanas antes, ele tinha usado antibiótico para tratar outra doença.
 

Segundo o ministério, trata-se de um caso isolado, uma vez que não foram identificados outros registros após investigação epidemiológica realizada pelas equipes de saúde de Salvador com as pessoas que tiveram contato com o paciente.
 

O período de transmissibilidade da doença é de 1 a 10 dias após a infecção. Mas, para as investigações epidemiológicas, no Brasil está padronizado o período de até 20 dias por uma margem de segurança.
 

Dessa forma, segundo o ministério, o paciente não transmite mais o agente etiológico desde o dia 10 de abril.
 

No Brasil, os últimos casos autóctones ocorreram em Pernambuco entre os anos de 2004 e 2005, com 21 e 5 casos, respectivamente. A partir de 2006, não houve mais casos autóctones, apenas importados de países como Angola (2006), Republica Dominicana (2011), Moçambique (2016) e da Índia (2018).
 

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), de janeiro a março deste ano, 31 países registraram casos ou surtos de cólera. A região africana é a mais afetada, com 18 países.
 

Diante do cenário de casos de cólera no mundo, o ministério reforça a necessidade de os profissionais de saúde estarem sensibilizados quanto à situação epidemiológica de doença, à detecção de casos, à investigação epidemiológica e às medidas de prevenção e controle.
 

Grande parte das pessoas infectadas permanece assintomática (cerca de 75%) e, daquelas que desenvolvem a doença, de 10% a 20% têm a forma severa, que, se não for tratada prontamente, pode levar a graves complicações e à morte.
 

A prevenção e controle das doenças diarreicas agudas, como a cólera, dependem de condições adequadas de saneamento básico, hábitos de higiene pessoal e manipulação segura de alimentos.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/274273-apos-quase-20-anos-sem-registro-local-brasil-confirma-caso-autoctone-de-colera-na-bahia

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Anvisa mantém a proibição de cigarros eletrônicos no Brasil

Em reunião nesta sexta-feira (19), a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) formou maioria para manter proibidos os cigarros eletrônicos no Brasil. A norma aprovada substitui a resolução estipulada em 2009, endurecendo as regras atuais.

 

A resolução aprovada pelo colegiado é mais dura que a norma vigente, pois, além de proibir a venda, propaganda e importação dos aparelhos, coíbe produção, armazenamento, distribuição e transporte dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), vapes, pods, entre outros, no país.

 

A nova regra estabelece normas mais bem definidas sobre os aparelhos e estipula que os DEF’s são todo “produto fumígeno cuja geração de emissões é feita com auxílio de um sistema alimentado por eletricidade, bateria ou outra fonte não combustível, que mimetiza o ato de fumar”.
 

 

POSICIONAMENTO DA INDÚSTRIA

Em nota enviada ao Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias, a empresa Philip Morris Brasil posicionou-se de forma contrária a decisão da Anvisa, ao afirmar que a decisão está em “descompasso com o crescimento descontrolado do mercado ilícito comprovadamente acessível a cerca de 4 milhões de brasileiros que utilizam diariamente um produto sem qualquer controle de qualidade”.
 

A Philip Morris Brasil ainda ressaltou que “dispositivos eletrônicos certificados, como os que utilizam a tecnologia de tabaco aquecido, já são vendidos em mais de 80 países, como toda a União Europeia, Japão, Coréia do Sul, Canadá, Nova Zelândia. Resultados divulgados por diversas agências de saúde ao redor do mundo comprovam que eles podem oferecer menos risco que o cigarro convencional”.
 

Já a BAT Brasil, em nota enviada ao Metrópoles, disse que não concorda com a decisão da Anvisa. “O resultado da Consulta Pública, encerrada em fevereiro deste ano, mostrou que a maioria dos participantes não concorda com a atual norma de proibição”, destacou.
 

O grupo também destaca que o “parecer vai na contramão da percepção da sociedade e das diversas evidências científicas internacionais que comprovam que os produtos alternativos de nicotina são fundamentais para a redução de danos à saúde de adultos fumantes”, acrescenta.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/saude/noticia/31515-anvisa-mantem-a-proibicao-de-cigarros-eletronicos-no-brasil

terça-feira, 16 de abril de 2024

Pesquisa da CNI aponta que saúde, educação, geração de emprego e segurança devem ser a prioridade do governo

Saúde, educação e geração de emprego. De acordo com a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), essas seriam, em ordem de importância, as áreas prioritárias que o governo federal deveria cuidar com maior atenção nos próximos três anos. 

 

A pesquisa, realizada pela CNI em parceria com o Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem (IPRI), da FSB Holding, com entrevistas em todos os estados do país, concluiu que, para 43% dos brasileiros, a saúde dever ser a principal preocupação do governo Lula. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%. As perguntas foram abertas e cada entrevistado poderia citar até dois problemas de forma espontânea.

 

Em segundo lugar na fila de prioridades da população brasileira estaria a educação, que obteve 34% das respostas dos entrevistados. Na terceira posição como preocupação da sociedade estaria a geração de empregos, com 16% das menções, seguida da área da segurança pública, mencionada por 10% dos participantes da sondagem. 

 

Na sequência dos temas que os entrevistados consideram prioritários nas políticas públicas do governo federal está o combate à pobreza (9%); combate à corrupção (8%); controle da inflação (5%); melhorar a situação da economia (3%); ampliar os programas sociais (2%); habitação/moradia (2%); esgoto/saneamento básico (1%); infraestrutura/obras (1%); meio ambiente (1%); redução de impostos (1%). As áreas temáticas de mobilidade urbana, transporte público e turismo não receberam nenhuma menção dos entrevistados. 

 

A pesquisa revelou também que para 34% dos brasileiros, o Brasil não melhorou em nenhuma área nos últimos 12 meses. Entre as áreas que melhoraram na visão da população, a educação foi área mais lembrada, citada por 12% das pessoas, seguida pela saúde, citada por 9% dos respondentes. A geração de emprego foi a terceira área mais lembrada pelos entrevistados, com 7% do total. 

 

Quando os entrevistados foram questionados sobre as áreas que pioraram no Brasil nos últimos 12 meses, 28% disseram que foi a saúde pública. Em seguida, o setor da segurança pública foi o segundo mais mencionada como tendo apresentado piora, com 20% das menções. Em terceiro lugar, a piora na educação foi citada por 10%. Fechando as cinco áreas que mais pioraram no Brasil, a geração de emprego e o controle da inflação empataram com 9% cada. 

 

No recorte por região, a pesquisa apresentada pela CNI apresentou os seguintes resultados nas respostas dadas pelos entrevistados sobre quais áreas tiveram maior piora nos últimos 12 meses no Brasil: 

 

  • Norte/Centro-oeste, a saúde segue na primeira posição, com 21% de citações, mas o combate à corrupção aparece em segundo lugar, com 15%. Além disso, a educação não figura entre os cinco primeiros lugares na região.
  • Nordeste, a saúde também segue na primeira posição, com 31% de citações e, em segundo lugar, a segurança, com 26%. Mas, na região, a geração de emprego sobe para a terceira posição, com 13%.
  • Sul, após saúde, com 19% de assinalações, e segurança pública, com 15%, o controle da inflação desponta na terceira posição, com 12%.
  • Sudeste, a ordem das prioridades é a mesma do Brasil como um todo. Saúde foi a prioridade mais assinalada (31%) e é seguida por segurança (20%) e educação (12%).

 

Na visão da população brasileira, de acordo com a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria, para melhorar os serviços de saúde, a prioridade do poder público deveria ser principalmente a melhoria de hospitais e postos de saúde. Em seguida são apontadas como prioridades para o setor o combate à corrupção, a redução de filas e a contratação de médicos.

 

Já em relação à área da segurança pública, o combate ao tráfico de drogas é a prioridade na visão da população (29% de menções), seguido pelo combate à corrupção entre policiais, citada por 22%. 

 

Para melhorar a educação pública, a população se divide ao elencar as prioridades. Cinco respostas ficaram praticamente empatadas no primeiro lugar entre as mais assinaladas pelos brasileiros: aumentar os salários dos professores (19%); melhorar a segurança nas escolas e combater o uso de drogas nas escolas (18%); melhorar a segurança nas escolas (17%), melhorar a capacitação dos professores (15%) e priorizar cursos técnicos/profissionalizantes (14%).

 

Na maior parte dos recortes da população por gênero, idade, escolaridade, renda familiar, região e condição do município onde reside, a saúde pública lidera as indicações de prioridade para os próximos três anos. No entanto, em três deles a educação pública aparece na primeira posição:

 

  • Para 36% das pessoas de 16 a 24 anos, a educação pública deveria ser a prioridade para os próximos anos, enquanto a saúde pública foi apontada por 31% das pessoas dessa faixa etária;
  • 52% dos entrevistados com ensino superior apontaram a educação pública como prioridade, enquanto 47% apontaram a saúde pública; e
  • 47% dos entrevistados com renda familiar superior a cinco salários mínimos, acima de R$ 7 mil, avaliam que a educação pública deve ser a prioridade. Nesta faixa de renda, 42% mencionaram a saúde pública.

 

Na área de educação pública, a população avalia que é necessário aumentar os salários dos professores (19%); combater o uso de drogas nas escolas (18%); melhorar a segurança nas escolas (17%) e melhorar a capacitação dos professores (15%).

 

Sobre segurança pública, a solução mais assinalada pelos entrevistados foi o combate ao tráfico de drogas, com 29% do total. Em segundo lugar, o combate contra a corrupção entre policiais, com 22% das citações. Em terceiro lugar, empatam com 16%: aumentar o efetivo de policiais e evitar que pessoas que cometem crimes fiquem pouco tempo na prisão. E 15% dos que participaram do levantamento entendem que menores infratores devem ser presos.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/noticia/291265-pesquisa-da-cni-aponta-que-saude-educacao-geracao-de-emprego-e-seguranca-devem-ser-a-prioridade-do-governo