
A história de Henry começou em 1953, quando um neurocirurgião abriu dois buracos na frente
de seu crânio e sugou metade do hipocampo e a amígdala cerebral com o
objetivo de curar uma epilepsia. Funcionou, mas o efeito colateral foi
vitalício: Henry nunca mais conseguiu armazenar uma nova memória por
mais de 20 segundos.
O que sobrou foram histórias do passado distante. Todas as
manhãs, ao se olhar no espelho, era uma surpresa: Henry não se
reconhecia (isso mesmo, como no filme
‘Como se fosse a primeira vez’). O susto de manhã se dava porque ao
dormir ele esquecia o que havia vivido e sempre acordava achando que
tinha 27 anos, quando fez a cirurgia. Incrível não?
O caso despertou curiosidade na comunidade científica. Até
sua morte, ele foi estudado exaustivamente por grupos de especialistas
do MIT e da Universidade da Califórnia e foi assim que se chegou a conhecimentos
essenciais para a evolução da neurociência, como em que região do
cérebro se forma e se armazena a memória de curto prazo — o hipocampo,
mutilado em Henry.

Os cientistas perceberam que as conexões de neurônios que alimentam
a memória também ocorrem em outras áreas. Por isso, Henry não conseguia
armazenar novas lembranças, mas era capaz de aprender atividades
repetitivas e instintivas, como desenhar.
- Lado bom
Por estar preso ao presente, Henry não acumulou rancores nem
ressentimentos. Estava sempre bem-humorado, segundo os médicos que o
acompanhavam.
A pedido do paciente, seu cérebro foi doado para o MIT logo após sua morte e fatiado em 4.201 camadas finíssimas.
Fonte: Galileu
http://www.vocesabia.net/ciencia/era-uma-vez-um-homem-sem-memoria/