Contexto Histórico
A independência da Bahia foi um processo marcado por intensos conflitos entre tropas brasileiras e portuguesas, que se estenderam desde a declaração de independência do Brasil em 1822 até a vitória definitiva dos brasileiros em 1823. A resistência na Bahia foi particularmente acirrada, com batalhas importantes ocorrendo em Salvador e em várias localidades do interior baiano.
A Contribuição de Inhambupe
Inhambupe, situado a cerca de 160 km de Salvador, era um ponto estratégico devido à sua localização geográfica e ao seu potencial agrícola. Durante o período da luta pela independência, a cidade serviu como um importante ponto de apoio logístico para as tropas brasileiras, rota de comunicação e até como lugar de prisão de tropas inimigas. Seus habitantes, movidos pelo desejo de liberdade e justiça, contribuíram de diversas formas para o esforço de guerra, tendo inclusive enviado à Cachoeira um contingente de 100 homens. A decisão de Inhambupe de enviar homens para Cachoeira reflete o comprometimento do município com a causa da independência. Esse grupo de voluntários, formado por homens corajosos e determinados, foi fundamental para fortalecer as fileiras das forças de resistência e assegurar o sucesso das operações militares contra os portugueses.
· Recrutamento de Soldados:
Muitos moradores de Inhambupe se alistaram voluntariamente nas forças de resistência, juntando-se às fileiras de combatentes que enfrentaram as tropas portuguesas, ao todo foram enviados cerca de 100 homens para Cachoeira. Esses voluntários, motivados por um forte senso de patriotismo, foram fundamentais para aumentar os efetivos brasileiros.
· Apoio Logístico e Fornecimento de Recursos:
A região de Inhambupe, conhecida por sua produção agrícola, forneceu alimentos e outros recursos essenciais para as tropas. O apoio logístico, incluindo mantimentos e transporte, foi crucial para manter a moral e a capacidade operacional das forças brasileiras.
Entre os destaques desse esforço coletivo, merece menção o gesto do Capitão Manoel Álvares de Azevedo, que doou diversas cabeças de gado de seu próprio rebanho para o sustento das tropas que passaram pela vila. Além disso, cedeu cavalos, carros de bois e até escravizados, com o objetivo de contribuir com o transporte e as necessidades das forças que combatiam em nome da independência.
· Participação no Conselho Interino:
Esse conselho foi um governo provisório, formado por líderes civis e militares baianos, com o objetivo de organizar a resistência à dominação portuguesa e garantir a fidelidade da província ao imperador D. Pedro I, recém-aclamado em outubro de 1822. Funcionando como a autoridade legítima da Bahia libertada, o Conselho Interino coordenava a formação de tropas, a arrecadação de recursos e a articulação política entre os municípios que já haviam aderido à causa brasileira.
O município de Inhambupe teve participação direta nesse processo. Em 14 de outubro de 1822, Simão Gomes Ferreira Veloso, representante de Inhambupe, foi escolhido juntamente com Francisco Gomes Brandão Montezuma (de Salvador) para levar ao imperador D. Pedro I um relatório oficial com as ações do Conselho e a situação da resistência baiana. Essa escolha demonstra o prestígio e a relevância de Inhambupe nas decisões políticas da época.
· Prisão de Tropas Portuguesas:
Inhambupe ainda serviu como local de detenção de soldados inimigos. Em 28 de junho de 1823, o capitão e 26 marinheiros da escuna canhoneira portuguesa, ancorada no Rio Paraguaçu, foram presos após se renderem e transferidos para a cadeia pública de Inhambupe, evidenciando o papel estratégico do município no conflito.
Significado na Luta pela Independência
A contribuição de Inhambupe e de outras cidades do interior baiano destaca a importância da participação popular na luta pela independência. A vitória em 2 de julho de 1823 não foi apenas resultado de batalhas travadas nas grandes cidades, mas também de um esforço coletivo que envolveu diversas comunidades menores, que, com seus recursos e determinação, ajudaram a moldar o destino do Brasil.
“Após estes acontecimentos dezenas de famílias e soldados brasileiros começaram a deixar Salvador rumo às vilas do Recôncavo, onde começou a ganhar força a resistência à ocupação portuguesa em Salvador. Várias localidades da Bahia, entre elas: São Francisco do Conde, Cachoeira, Santo Amaro, Saubara, Nazaré, Caetité, Inhambupe, Itapicuru reuniram tropas de voluntários, reconheceram a autoridade de D. Pedro frente ao governo do Brasil e colaboraram com mantimentos e munições para compor o Exército Brasileiro, responsável pela organização da resistência no solo baiano.” (in.: INDEPENDÊNCIA DA BAHIA Sessão especial realizada no dia 4 de julho de 2011 no Plenário do Senado Federal: BRASÍLIA – DF, p. 06).
Legado e Memória
Hoje, embora muitas vezes esquecida nos relatos oficiais, a história de Inhambupe é um símbolo de resistência e bravura. A celebração do 2 de julho é um momento para refletir sobre o papel das comunidades locais na construção da nação brasileira. Honrar a memória daqueles que lutaram pela liberdade é essencial para manter vivo o espírito de independência e unidade que caracterizou essa fase decisiva da história do Brasil.
Conclusão
A importância de Inhambupe na independência da Bahia é um testemunho do impacto que pequenas comunidades podem ter em eventos históricos de grande escala. A participação ativa de seus habitantes na luta pela liberdade demonstra que a força de um povo reside em sua união e determinação. Reconhecer e valorizar essa contribuição é fundamental para preservar a história e inspirar futuras gerações a defender os valores de liberdade e justiça.
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SOUZA, Maria Aparecida Silva de. Bahia de capitania, a província 1808-1823. Dissertação de Doutorado em História. São Paulo, Universidade de São Paulo 2008.
TAVARES, Luis Henrique Dias. História da Bahia. (10ª edição). São Paulo: EDUNESP: Salvador: EDUFBA, 2001.
TAVARES, Luis Henrique Dias. Independência do Brasil na Bahia. Salvador: EdUFBA, 2005.
Enciclopédia do municípios brasileiros volume XX IBGE 1958
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http://www.atom.fpc.ba.gov.br/uploads/r/arquivo-publico-do-estado-da-bahia/6/8/7/687af345c32f0caa5a5a4fadcaf40d0a08d50feb421852b97624aa337d210639/BR_BAAPEB_CIBB_COR_012_033.pdf> acesso em 29/06/2024
Fonte: https://zoom-veredasdosertao.blogspot.com/2024/07/a-participacao-do-municipio-de.html