Foto: Fernando Duarte / Bahia Notícias
A presidente Dilma Rousseff (PT) dá adeus ao mandato para o
qual foi reeleita em outubro de 2014 após 61 senadores aprovarem o
afastamento definitivo em uma denúncia de crime de responsabilidad
e
fiscal. Primeira mulher eleita presidente do Brasil, Dilma tentou, até
os últimos instantes, teve uma tropa de choque esforçada para reverter o
quadro – seja na Câmara dos Deputados ou no Senado. A petista perdeu
por escolher mal os adversários – a começar pelo ex-presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). E ao alijar os potenciais aliados, com
uma estratégia desastrosa do ponto de vista das relações políticas,
acabou agravando o distanciamento entre o Executivo e o Legislativo. O
resultado disso foi uma série de pautas que pouco interessava à
população brasileira, mas que casavam com os interesses de um Cunha
beligerante, tendo como “vértice” – para usar uma terminologia presente
no processo no Senado – uma oposição derrotada nas urnas e que não
consentia permanecer fora do poder por mais tempo e um grupo de
parlamentares amedrontados com o avanço de investigações que podem
passar as promíscuas relações políticas a limpo, via Operação Lava Jato
ou outros ações dos mecanismos de controle disponíveis no sistema
brasileiro. A disputa, no final das contas, não foi em torno de teses,
como quis pintar a defesa de Dilma. Foi o melancólico processo em que
uma figura pouco afeita à política ascendeu à condição de comandante
geral da nação e viu desmoronar toda e qualquer coalização em torno de
um projeto. Até porque, no Brasil, não há projetos que agrupem
ideologias. Apenas nomes que pregam propor um projeto, mas que, na
realidade, subjugam o interesse público em prol das próprias carreiras.
Dilma está longe de ser um mártir. Caminha para entrar para a história
como vítima de uma sobreposição de poderes. Porém uma vítima que também
causou o próprio cadafalso.
Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/noticia/195413-dilma-ajuda-a-construir-o-proprio-cadafalso-e-deixa-cargo-em-meio-a-subjugacao-de-poderes.html
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