O Brasil saiu do Mapa Mundial da Fome em 2014, segundo relatório 
global da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura 
(FAO), divulgado hoje ) em Roma. De 2002 a 2013, caiu em 82% a população
 de brasileiros considerados em situação de subalimentação.
O relatório mostra que o Indicador de Prevalência de Subalimentação, 
medida empregada pela FAO há 50 anos para dimensionar e acompanhar a 
fome em nível internacional, atingiu no Brasil nível menor que 5%, 
abaixo do qual a organização considera que um país superou o problema da
 fome.
O Brasil é destaque no Relatório de Insegurança Alimentar no Mundo de
 2014 por ter construído uma estratégia de combate à fome e ter reduzido
 de forma muito expressiva a desnutrição e subalimentação nos últimos 
anos. Segundo a FAO, contribuíram para este resultado:
Aumento da oferta de alimentos: em 10 anos, a disponibilidade de calorias para a população cresceu 10%;
-   Aumento da renda dos mais pobres com o crescimento real de 71,5% do salário mínimo e geração de 21 milhões de empregos;
-   Programa Bolsa Família: 14 milhões de famílias;
-   Merenda escolar: 43 milhões de crianças e jovens com refeições;
-   Governança, transparência e participação da sociedade, com a 
recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 
(Consea).
“Sair do Mapa da Fome é um fato histórico para o país”, comemora a 
ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. “A
 fome, que persistiu durante séculos no Brasil, deixou de ser um 
problema estrutural”, completa ela.
De acordo com a ministra, atualmente a fome é um fenômeno isolado, 
existe ainda em pequenos grupos específicos que são objeto de Busca 
Ativa. “Continuaremos trabalhando com a Busca Ativa enquanto houver um 
brasileiro com fome”, destaca a ministra.
Segundo Campello, com base nos dados da FAO, “chegamos a um 
percentual de 1,7% de subalimentados no Brasil. Isso significa que 98,3%
 da população brasileira tem acesso a alimentos e tem segurança 
alimentar”, destaca. “É uma grande vitória.”
O Relatório Brasil, publicação da FAO/Brasil, é revelador deste novo 
momento do país e da importância da estratégia brasileira, salienta a 
ministra. O relatório é denominado O Estado da Segurança Alimentar e 
Nutricional no Brasil, um retrato multidimensional – o oposto do título 
do relatório mundial.
A superação da fome no Brasil, apontada pelo relatório da FAO O 
Estado da Insegurança Alimentar no Mundo, é resultado da prioridade do 
Estado brasileiro no combate à fome, a partir de um conjunto de 
políticas públicas que garantiram aumento da renda da população mais 
pobre, maior acesso a alimentos, com especial destaque à merenda 
escolar, e a consolidação de uma rede de proteção social no país.
Mais renda
Entre os motivos que explicam o desempenho do Brasil na redução da 
fome, a própria FAO aponta o crescimento da renda da parcela mais pobre 
da população brasileira. Entre 2001 e 2012, a renda dos 20% mais pobres 
cresceu três vezes mais do que a renda dos 20% mais ricos. Esse 
movimento foi garantido por políticas de valorização do salário mínimo e
 de geração de emprego e renda no país.
Mais alimentos
Também cresceu a oferta de alimentos. Dados da FAO mostram o aumento 
de 10% da ofer ta de calorias no país em 10 anos. A contabilidade 
considera a oferta de alimentos produzidos no país, já descontadas as 
exportações e consideradas as importações. Em média, a disponibilidade 
diária de calorias passou de 2.900 para 3.190, entre 2002 e 2013.
Somente no ano passado, os investimentos em políticas para apoiar os 
agricultores familiares somaram R$ 17,3 bilhões. A agricultura familiar é
 responsável por 70% do abastecimento do mercado interno de alimentos, e
 a renda de seus trabalhadores aumentou 52% acima da inflação em 10 
anos.
Merenda saudável
Parte da produção da agricultura familiar também chega à merenda 
escolar, programa que ganhou destaque no relatório da FAO. Por dia, 43 
milhões de alunos de escolas públicas recebem refeições, um número maior
 que toda a população da Argentina. As escolas têm como meta comprar 30%
 dos alimentos diretamente dos agricultores familiares.
Proteção Social
A merenda escolar faz parte do conjunto de políticas de proteção 
social, que têm como carro-chefe o Programa Bolsa Família. Somente no 
mandato da presidente Dilma Rousseff, 22 milhões de pessoas deixaram a 
condição da extrema pobreza em decorrência da transferência de renda, a 
partir decisão de que nenhuma família viveria com menos do que R$ 77 
mensais por pessoa, valor equivalente à linha da extrema pobreza. O 
Plano Brasil Sem Miséria providenciou o complemento da renda dos que se 
encontravam em situação de extrema pobreza.
Menos desnutrição 
O acompanhamento de saúde dos beneficiários do Bolsa Família mostra 
que caiu o déficit de estatura das crianças beneficiárias. Indicador da 
desnutrição crônica, o déficit de estatura está associado a 
comprometimento intelectual das crianças. O acompanhamento feito pelo 
Ministério da Saúde mostra que, com a redução do déficit de estatura, os
 meninos de cinco anos beneficiários do Bolsa Família aumentaram 8 
milímetros, em média, em quatro anos.