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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Brasil sai do Mapa da Fome, segundo a FAO

O Brasil saiu do Mapa Mundial da Fome em 2014, segundo relatório global da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), divulgado hoje ) em Roma. De 2002 a 2013, caiu em 82% a população de brasileiros considerados em situação de subalimentação.
O relatório mostra que o Indicador de Prevalência de Subalimentação, medida empregada pela FAO há 50 anos para dimensionar e acompanhar a fome em nível internacional, atingiu no Brasil nível menor que 5%, abaixo do qual a organização considera que um país superou o problema da fome.
O Brasil é destaque no Relatório de Insegurança Alimentar no Mundo de 2014 por ter construído uma estratégia de combate à fome e ter reduzido de forma muito expressiva a desnutrição e subalimentação nos últimos anos. Segundo a FAO, contribuíram para este resultado:
Aumento da oferta de alimentos: em 10 anos, a disponibilidade de calorias para a população cresceu 10%;
-   Aumento da renda dos mais pobres com o crescimento real de 71,5% do salário mínimo e geração de 21 milhões de empregos;
-   Programa Bolsa Família: 14 milhões de famílias;
-   Merenda escolar: 43 milhões de crianças e jovens com refeições;
-   Governança, transparência e participação da sociedade, com a recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
“Sair do Mapa da Fome é um fato histórico para o país”, comemora a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. “A fome, que persistiu durante séculos no Brasil, deixou de ser um problema estrutural”, completa ela.
De acordo com a ministra, atualmente a fome é um fenômeno isolado, existe ainda em pequenos grupos específicos que são objeto de Busca Ativa. “Continuaremos trabalhando com a Busca Ativa enquanto houver um brasileiro com fome”, destaca a ministra.
Segundo Campello, com base nos dados da FAO, “chegamos a um percentual de 1,7% de subalimentados no Brasil. Isso significa que 98,3% da população brasileira tem acesso a alimentos e tem segurança alimentar”, destaca. “É uma grande vitória.”
O Relatório Brasil, publicação da FAO/Brasil, é revelador deste novo momento do país e da importância da estratégia brasileira, salienta a ministra. O relatório é denominado O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil, um retrato multidimensional – o oposto do título do relatório mundial.
A superação da fome no Brasil, apontada pelo relatório da FAO O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo, é resultado da prioridade do Estado brasileiro no combate à fome, a partir de um conjunto de políticas públicas que garantiram aumento da renda da população mais pobre, maior acesso a alimentos, com especial destaque à merenda escolar, e a consolidação de uma rede de proteção social no país.

Mais renda
Entre os motivos que explicam o desempenho do Brasil na redução da fome, a própria FAO aponta o crescimento da renda da parcela mais pobre da população brasileira. Entre 2001 e 2012, a renda dos 20% mais pobres cresceu três vezes mais do que a renda dos 20% mais ricos. Esse movimento foi garantido por políticas de valorização do salário mínimo e de geração de emprego e renda no país.

Mais alimentos
Também cresceu a oferta de alimentos. Dados da FAO mostram o aumento de 10% da ofer ta de calorias no país em 10 anos. A contabilidade considera a oferta de alimentos produzidos no país, já descontadas as exportações e consideradas as importações. Em média, a disponibilidade diária de calorias passou de 2.900 para 3.190, entre 2002 e 2013.
Somente no ano passado, os investimentos em políticas para apoiar os agricultores familiares somaram R$ 17,3 bilhões. A agricultura familiar é responsável por 70% do abastecimento do mercado interno de alimentos, e a renda de seus trabalhadores aumentou 52% acima da inflação em 10 anos.

Merenda saudável
Parte da produção da agricultura familiar também chega à merenda escolar, programa que ganhou destaque no relatório da FAO. Por dia, 43 milhões de alunos de escolas públicas recebem refeições, um número maior que toda a população da Argentina. As escolas têm como meta comprar 30% dos alimentos diretamente dos agricultores familiares.

Proteção Social
A merenda escolar faz parte do conjunto de políticas de proteção social, que têm como carro-chefe o Programa Bolsa Família. Somente no mandato da presidente Dilma Rousseff, 22 milhões de pessoas deixaram a condição da extrema pobreza em decorrência da transferência de renda, a partir decisão de que nenhuma família viveria com menos do que R$ 77 mensais por pessoa, valor equivalente à linha da extrema pobreza. O Plano Brasil Sem Miséria providenciou o complemento da renda dos que se encontravam em situação de extrema pobreza.

Menos desnutrição 
O acompanhamento de saúde dos beneficiários do Bolsa Família mostra que caiu o déficit de estatura das crianças beneficiárias. Indicador da desnutrição crônica, o déficit de estatura está associado a comprometimento intelectual das crianças. O acompanhamento feito pelo Ministério da Saúde mostra que, com a redução do déficit de estatura, os meninos de cinco anos beneficiários do Bolsa Família aumentaram 8 milímetros, em média, em quatro anos.

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terça-feira, 16 de setembro de 2014

Cerca de 805 milhões de pessoas passam fome no mundo, alerta relatório da FAO

Documento também aponta que o Brasil conseguiu reduzir a pobreza extrema em 75%

Cerca de 805 milhões de pessoas no mundo, uma em cada nove, sofrem de fome crônica no mundo, segundo o relatório O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo (Sofi 2014, na sigla em inglês), divulgado nesta terça-feira (16) em Roma, na Itália, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
O estudo confirmou tendência positiva observada nos últimos anos de redução da desnutrição mundialmente: o número de pessoas subnutridas diminuiu em mais de 100 milhões na última década e em mais de 200 milhões desde o período1990-1992.

Segundo o documento, a redução da fome nos países em desenvolvimento significa que a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) de diminuir à metade a proporção de pessoas subnutridas até 2015 pode ser alcançado “se apropriados e imediatos esforços forem intensificados”.

Até o momento, 63 países em desenvolvimento alcançaram o objetivo, entre eles o Brasil, e outros seis estão a caminho de consegui-lo até 2015. O documento incluiu este ano sete estudos de casos, entre eles o Brasil. De acordo com o levantamento, o Programa Fome Zero, que colocou a segurança alimentar no centro da agenda política, foi o que possibilitou o país a atingir este ODM. O estudo também destaca os programas de erradicação da extrema pobreza, a agricultura familiar e as redes de proteção social como medidas de inclusão social no Brasil.

O relatório é uma publicação conjunta da FAO, do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida). 
“Isto prova que podemos ganhar a guerra contra a fome e devemos inspirar os países a seguir adiante, com a ajuda da comunidade internacional se for necessário”, dizem, no relatório, o diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, o presidente do Fida, Kanayo Nwanze, e a diretora executiva do PMA, Ertharin Cousin. Eles ressaltaram que “substancial e sustentável redução da fome é possível com comprometimento político”.
O documento ressaltou que o acesso a alimentos melhorou significativamente em países que experimentaram progresso econômico, especialmente no Leste e Sudeste da Ásia. O acesso à comida também aumentou no Sul da Ásia e na América Latina, mas principalmente em países que têm formas de proteção social, incluídos os pobres no campo, segundo o estudo.

No entanto, o relatório apontou que apesar do progresso significativo geral, ainda persistem várias regiões que ficaram atrás. Na África Subsaariana, mais de uma em cada quatro pessoas continua com fome crônica. A Ásia abriga a maioria dos famintos – 526 milhões de pessoas. A América Latina e o Caribe são as regiões que fizeram os maiores avanços na segurança alimentar.

Como o número de pessoas subnutridas permanece alto, os chefes das agências reforçaram a necessidade de renovar o compromisso político para combater a fome por meio de ações concretas e encorajam o cumprimento do acordo alcançado na cúpula da União Africana, em junho, de acabar com a fome no continente até 2025.

Os líderes das organizações destacaram que a insegurança alimentar e a desnutrição são problemas complexos que devem ser resolvidos de maneira coordenada e apelam aos governos para trabalhar em estreita colaboração com o setor privado e a sociedade civil.

O relatório reforça que a erradicação da fome requer o estabelecimento de um ambiente propício e um enfoque integrado, que incluam investimentos públicos e privados para aumentar a produtividade agrícola, o acesso à terra, aos serviços, às tecnologias e aos mercados, além de medidas para promover o desenvolvimento rural e a proteção social dos mais vulneráveis.

Brasil reduz a pobreza extrema em 75%, diz FAO
Mapa da Fome 2013 mostra também que o Brasil conseguiu reduzir a pobreza extrema - classificada com o número de pessoas que vivem com menos de US$ 1 ao dia - em 75% entre 2001 e 2012. No mesmo período, a pobreza foi reduzida em 65%. Apresentado como um dos casos mundiais de sucesso na redução da fome, o Brasil, no entanto, ainda tem mais de 16 milhões vivendo na pobreza: 8,4% da população brasileira vive com menos de US$ 2 por dia.
O relatório da FAO mostra que o Brasil segue sendo um dos países com maior progresso no combate à fome e cita a criação do programa Fome Zero, em 2003, como uma das razões para o progresso do País nessa área. Não por acaso, criado pelo então ministro do governo Lula, José Graziano, hoje diretor-geral da FAO.

De acordo com o documento, a prioridade dada pelo governo Lula ao combate à fome - citando a fala do ex-presidente de que esperava fazer com que todos os brasileiros fizessem três refeições por dia - no Fome Zero é a responsável pelos avanços.

Inicialmente concebido dentro do Ministério de Segurança Alimentar, o programa era um conjunto de ações nessa área que tinha como estrela um cartão alimentação, que permitia aos usuários apenas a compra de comida. Logo substituído pelo Bolsa Família, o Fome Zero foi transformado em um slogan de marketing englobando todas as ações do governo nessa área.

"O resultado desses esforços são demonstrados pelo sucesso do Brasil em alcançar as metas estabelecidas internacionalmente", diz o relatório, ressaltando que o Brasil investiu aproximadamente US$ 35 bilhões em ações de redução da pobreza em 2013.

A América Latina é a região onde houve maior avanço na redução da pobreza e da fome entre 1990 e 1992, especialmente na América do Sul, com os países do Caribe ainda um pouco mais lentos. O relatório mostra que o número de pessoas subnutridas na região passou de 14,4% da população para cerca de 5%. Além do Brasil, a Bolívia é citada como exemplo. Apesar de ainda ter quase 20% da população abaixo da linha da pobreza, saiu de um porcentual próximo a 40%.

No mundo todo, 805 milhões de pessoas ainda passam fome. São 100 milhões a menos do que há uma década, e 200 milhões a menos do que há 20 anos, mas ainda muito abaixo da velocidade que permitiria ao mundo cumprir a primeira meta dos objetivos do milênio, de reduzir a pobreza extrema à metade até 2015. Atualmente, apenas 63 países cumpriram a meta. Outros 15 estão no caminho e devem alcançá-la.
 
Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/382751_CERCA+DE+805+MILHOES+DE+PESSOAS+PASSAM+FOME+NO+MUNDO+ALERTA+RELATORIO+DA+FAO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Moema assume Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza

O governador Jaques Wagner (PT) anunciou, nesta segunda-feira (8), que a ex-prefeita de Lauro de Freitas Moema Gramacho (PT) comandará a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes). A data da posse da nova secretária de Estado ainda não foi anunciada. A Sedes é dirigida atualmente por Maria Moraes. Natural de Salvador, Moema Isabel Passos Gramacho é formada em Química e Biologia pela Escola Técnica Federal, onde militou no movimento estudantil. Funcionária da antiga Tibrás, da qual esteve licenciada por 16 anos, foi deputada estadual por três mandatos e prefeita de Lauro de Freitas, município da Região Metropolitana de Salvador (RMS), em 2005 e reeleita em 2008. Governou a cidade até dezembro de 2012.

Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/principal/noticia/134527-moema-assume-secretaria-de-desenvolvimento-social-e-combate-a-pobreza.html

segunda-feira, 11 de março de 2013

Pobreza recua no Brasil, mas fim da miséria é questionável

A alteração, diz o governo, permitirá que 2,5 milhões de brasileiros se somem a 22 milhões de beneficiários do Bolsa Família
Foto: Guga Matos/JC Imagem

Apesar de expressivos avanços no combate à extrema pobreza, erradicar a miséria do Brasil e transformá-lo num país de classe média será mais complexo e demorado do que o discurso do governo sugere, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil.

Há duas semanas, à frente de uma placa com o slogan "O fim da miséria é só um começo" – provável lema de sua campanha à reeleição –, a presidente Dilma Rousseff anunciou a ampliação das transferências de renda às famílias mais pobres que constam do Cadastro Único do governo.

Com a mudança, os mais pobres receberão repasse complementar para que a renda per capita de suas famílias alcance ao menos R$ 70 ao mês – patamar abaixo do qual são consideradas extremamente pobres pelo governo. A alteração, diz o governo, permitirá que 2,5 milhões de brasileiros se somem a 22 milhões de beneficiários do Bolsa Família que ultrapassaram a linha da pobreza extrema nos últimos dois anos.

Para que o programa seja de fato universalizado, porém, o governo estima que falte registrar 2,2 milhões de brasileiros miseráveis ainda à margem das políticas de transferência de renda, o que pretende realizar até 2014.

Especialistas em políticas antipobreza ouvidos pela BBC Brasil aprovaram a expansão do programa, mas fazem ressalvas quanto à promessa do governo de erradicar a miséria.

Para Otaviano Canuto, vice-presidente da Rede de Redução da Pobreza e Gerenciamento Econômico do Banco Mundial, o Bolsa Família – carro-chefe dos programas de transferência de renda do governo – é bastante eficiente e tem um custo relativamente baixo (0,5% do PIB nacional).

Canuto diz que o plano e outros programas de transferência de renda ajudam a explicar a melhora nos índices de pobreza e desigualdade no Brasil na última década, ainda que, somados, tenham tido peso menor do que a universalização da educação – "processo que vem de antes do governo Lula" – e a evolução do mercado de trabalho, com baixo desemprego e salários reais crescentes.

Apesar do progresso, estudiosos dizem que, mesmo que o Cadastro Único passe a cobrir todos os brasileiros que hoje vivem na pobreza, sempre haverá novas famílias que se tornarão miseráveis.

Há, ainda, questionamentos sobre o critério do governo para definir a pobreza extrema – renda familiar per capita inferior a R$ 70, baseado em conceito do Banco Mundial que define como miserável quem vive com menos de US$ 1,25 por dia.

Adotado em junho de 2011 pelo governo, quando foi lançado o plano Brasil Sem Miséria (guarda-chuva das políticas federais voltadas aos mais pobres), o valor jamais foi reajustado. Se tivesse acompanhado a inflação, hoje valeria R$ 76,58.

Em onze das 18 capitais monitoradas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), R$ 70 não garantem sequer a compra da parte de uma cesta básica destinada a uma pessoa. Em São Paulo, seriam necessários R$ 95,41 para a aquisição.

Em 2009, o então economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, defendeu em artigo que a linha de miséria no país fosse de R$ 144 por pessoa. Essa linha, segundo o autor, que hoje preside o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão ligado à Presidência), atende necessidades alimentares mínimas fixadas pela Organização Mundial da Saúde.

O economista Francisco Ferreira, também do Banco Mundial, considera positivo que o Brasil tenha definido uma linha de pobreza, mas afirma que o valor deveria ser ajustado ao menos de acordo com a inflação e que está "muito baixo" para o país.

Segundo Ferreira, o Banco Mundial estabeleceu a linha de miséria em US$ 1,25 ao dia para uniformizar seus estudos, mas cada país deveria definir próprios critérios. "Não me parece adequado que o Brasil adote a mesma linha aplicável a um país como o Haiti, por exemplo."

Tiago Falcão, secretário de Superação da Pobreza Extrema do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), reconhece que mesmo que o Bolsa Família chegue a todos os brasileiros pobres sempre haverá novas famílias que cairão abaixo da linha da miséria.

"Buscamos a superação da miséria do ponto de vista estrutural, para que não existam brasileiros que não sejam atendidos por nenhuma política pública. E estamos tentando encurtar o prazo de resgate dos extremamente pobres."

Falcão diz que a linha de R$ 70 responde a compromisso internacional do governo assumido com as Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDM), que previam a redução à metade da pobreza extrema no país até 2015. Tendo como referência a linha do Banco Mundial, diz Falcão, o governo se "propôs um desafio muito mais complexo, que é a superação da extrema pobreza".

"Era uma meta ambiciosa para o Brasil e, por outro lado, factível. Hoje consideramos que acertamos ao definir a linha de R$ 70".

O secretário diz, no entanto, que se trata de um piso de "carências básicas" que, uma vez definido, poderá ser aumentado levando em conta as disparidades regionais e o quão solidária a sociedade quer ser com os mais pobres.

Para Alexandre Barbosa, professor de história econômica do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, o governo deveria levar em conta outros critérios além da renda em sua definição de miséria. Em 2011, Barbosa coordenou um estudo do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) intitulado "O Brasil Real: a desigualdade para além dos indicadores".

O estudo, que contou com apoio da ONG britânica Christian Aid, afirma que as políticas de transferência de renda melhoraram a vida dos mais pobres, mas não alteraram a estrutura social brasileira. Barbosa é especialmente crítico à ideia de que, com a redução na pobreza, o Brasil está se tornando um país de classe média, tese defendida pela presidente.

"Considerar classe média alguém que recebe entre um e dois salários mínimos, que mora em zona urbana sem acesso a bens culturais nem moradia decente, que leva três horas para se deslocar ao trabalho? Essa é a classe trabalhadora que está sendo redefinida."

Para o professor, a transferência de renda deveria integrar um conjunto mais amplo de ações do governo com foco na redução da desigualdade. Entre as políticas que defende estão reduzir os impostos indiretos sobre os mais pobres, fortalecer cooperativas e agregar valor à produção industrial, para que os salários acompanhem os ganhos em eficiência.

Falcão, do MDS, diz que o governo já tem atacado a pobreza por vários ângulos. Segundo ele, o Cadastro Único – "uma inovação em termos de política social ainda pouco compreendida no Brasil" – revolucionou a formulação de políticas públicas para os mais pobres.

O cadastro hoje inclui 23 milhões de famílias (ou cerca de 100 milhões de pessoas, quase metade da população) e é atualizado a cada dois anos com informações sobre sua situação socioeconômica.

Segundo o secretário, o cadastro tem orientado programas federais de expansão do ensino integral, fortalecimento da agricultura familiar e qualificação profissional, que passaram a atender prioritariamente beneficiários do Bolsa Família.

Para Canuto, vice-presidente do Banco Mundial, manter o Brasil numa trajetória de melhoria dos indicadores sociais não dependerá apenas de políticas voltadas aos mais pobres. Ele diz que o "modelo ultraexitoso" que permitiu a redução da pobreza na última década, baseado no aumento do consumo doméstico e da massa salarial, está próximo do limite.

De agora em diante, afirma Canuto, os avanços terão que se amparar em maiores níveis de investimentos, que reduzam o custo de produzir no Brasil. "É preciso pensar no que é necessário para que, daqui a uma geração, os benefícios de transferência condicionada de renda não sejam mais necessários. Para isso, o foco tem que ser em boa educação, acesso à saúde, emprego de qualidade, melhoria da infraestrutura e espaço para o desenvolvimento do talento empresarial."
Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Pois é dando que se recebe.

Abaixo vocês irão ler um texto de Lara Souza, que visitou algumas comunidades de Inhambupe, ela foi com
Juliana Maggioni.

"É... Como a maioria de vocês sabe, eu entreguei a algumas famílias carentes nesta segunda-feira 04/08/2012, umas roupas e alimentos, doados, só que não foi o bastante (como eu já havia imaginado!), por isso quero continuar pedindo, não pra mim, mas pra eles, para quem precisa e muuuuuuuuuuuuuito. A situação é crítica e só sabe quem passa, quem vê pode até imaginar, mas só quem sente na pele pode explicar. E nessa minha visita a esses locais, encontrei dois casos que mais me chamou atenção.

Uma família com quatro crianças e uma mãe, onde vivem numa casa miserável e suja, sendo sustentados pela bolsa escola de três das crianças, sua única renda e para matar a fome chupam laranja o dia inteiro... Cena que só vemos em filme de drama: panelas vazias, cadeiras quebradas e velhas, sofá rasgado... As crianças se divertindo como podem numa situação de dar dó. O local parecia mais com um lixão, uma concentração de coisas ruins, uma coisa horrível de se ver, imagine para quem vive lá. Mas o mais irônico é que o que mais tinha na casa era ‘santinho de candidato’ (sinal que já tinham passado por lá e nada fizeram), lamentável!

Outro caso é de um “idoso” que além de ser “deficiente físico”, mora sozinho numa casa humilde e com a ajuda de uma filha que pelo estado do senhor, vai visitá-lo de vez em nunca, ele sobrevive à base da caridade de um vizinho que também não tem condições. Na casa havia somente, um vaso de óleo quase acabando, uma lata de leite ninho enferrujada e vazia, um saco de sal, um resto de vinagre, uma carne PODRE na panela e algumas tripas penduradas... Fogão inutilizado, casa suja, muito suja... No quarto, havia um guarda-roupa quebrado, com quase nada dentro, poucas peças de roupa, uma cama velha com um penico embaixo cheio de merda, sem asseio nenhum e um colchão que mesmo com o plástico cheio de fungos.
Bom, primeiro eu cheguei, dei boa tarde e perguntei se ele aceitava uma ajuda de roupas doadas, ele não entendeu e respondeu: é calça e blusa? Huuum... Mas meu dinheiro atrasa!
Aquilo me cortou o coração! Ele pensou que eu estava vendendo... Quando eu disse que não precisava pagar ele logo aceitou, dizendo que só não ia ao carro pegar porque era aleijado. Triste ver e ouvir essas coisas... Então... Eu dei as roupas e perguntei se eu conseguisse mais ajuda ele aceitava e se eu podia tirar umas fotos da casa para que as pessoas vissem a situação.
Ele não se incomodou e disse: “pode tirar minha ‘fia’, quem precisa não tem essa não! Mas o pior é que ‘os moleque’ pegam tudo que é meu! Um ABSURDO!
Eu tirei as fotos com lágrimas nos olhos e fui embora.

Enfim... O que eu quero passar pra vocês é que nós temos tudo e reclamamos disso. Aquelas pessoas não têm nada, mas mesmo, contudo, com todo o sofrimento, o sorriso estava estampado na cara e a alegria nos olhos brilhando ao receber as doações, e isso não tem preço, é muito gratificante quando se faz de coração!

Eu não sou candidata a nada, nem quero. Muito menos estou tentando me promover em cima da situação alheia, e pra quem perguntou se “baixou o santo de irmã Dulce” em mim também não foi isso, mas quem dera se fosse, pois ela foi uma grande mulher, muito boa e generosa que até hoje ajuda muita gente com suas obras de caridade... O que aconteceu foi que simplesmente eu abri os olhos para a realidade e refleti, parei de pensar só em mim e olhar mais para a necessidade do outro já que eu tenho mais do que eles. Pensar além de futilidades: festas, roupas, sapatos, viagens, passeios, reggaes e me preocupar mais o ser humano que vive em condições péssimas.

E se eu posso ajudar, porque não? Estou sendo solidária e fazendo minha parte sem agredir ninguém, e quem estiver achando ruim... Paciência!

Gente, só LEMBRANDO QUE ISSO AQUI NÃO É UM APELO FANTASIADO, É UMA HISTORIA REAL. Não aumentei nem inventei nada. Tudo isso que disse aqui foi o que eu vi ontem, por isso meu pedido de SOCORRO por aquelas famílias.
Vamos ajudá-los! Um quilo de alimento não vai fazer falta pra ninguém isso eu garanto, pois existem coisas mais caras que só fazem mal a saúde (bebida, cigarro...) e todo mundo gasta dinheiro comprando e porque não proporcionar uma alegria maior a quem necessita de verdade?

Quando eu pergunto: Posso contar com a ajuda de vocês?
Eu não quero só um “curtir”, “conte comigo”, “ótima iniciativa Lara!”, “se todo mundo pensasse como você...” TODO MUNDO POOODEEE! O que eu estou fazendo não é coisa de outro mundo, para ajudar não depende de raça, cor ou classe social e sim de AÇÃO!

Quero ver vocês junto comigo, doando. Não precisa ninguém se deslocar de sua residência até o local da entrega, basta fazer sua parte, CONTRIBUINDO com o que não lhe serve mais ou um alimento pra matar a fome de quem não come a dias, de quem não sabe quando ou se vai comer.".

POR FAVOR, pensem nisso, é muito triste ver gente como a gente nessa precariedade toda!
" pois é dando que se recebe..."