A presidente Dilma Rousseff obteve nesta quinta-feira, 17, uma vitória 
importante no Supremo Tribunal Federal (STF) com o reconhecimento da 
autonomia do Senado para barrar o impeachment contra a petista, mesmo 
após eventual aprovação do processo na Câmara.
 Oito dos onze ministros da Corte admitiram a tese governista de que os 
deputados apenas autorizam o andamento do processo, mas a decisão não 
vincula a instauração do impeachment no Senado. Pela decisão, somente 
aprovação por maioria simples dos senadores instaura o procedimento o 
que geraria afastamento de Dilma do cargo por 180 dias.
 Antes mesmo do final do julgamento, com o indicativo favorável, o 
advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, já comemorava o resultado: 
"O trem entrou nos trilhos. E os trilhos são retos e não tortos", 
afirmou o ministro. O advogado do PT, Flávio Caetano, disse que o STF 
definiu as regras do jogo e invalidou "atos arbitrários" do presidente 
da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
 Para o governo, deixar nas mãos do Senado a definição sobre o 
impeachment traz um alívio inicial no processo porque joga para o futuro
 o eventual afastamento de Dilma - decisão mais drástica e considerada 
praticamente irreversível - e ainda deixa espaço para discussões 
políticas na Casa.
 Até o momento, o Senado tem base aliada mais fiel do que a da Câmara 
dos Deputados, conduzida pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rompido 
com o governo.
 O julgamento desta quinta dividiu o Tribunal em duas linhas. A maioria 
seguiu proposta do ministro Luís Roberto Barroso, que abriu a 
divergência com a decisão do relator, ministro Luiz Edson Fachin. O voto
 de Fachin, apresentado em plenário na quarta-feira, 16, foi 
desfavorável ao governo.
 Ao discutir o papel do Senado, Barroso afirmou que a Casa não é um 
"carimbador de papeis da Câmara". "Não tem sentido, numa matéria de 
tamanha relevância, estabelecer relação de subordinação institucional do
 Senado à Câmara", concordou o decano do Tribunal, Celso de Mello.
 Ficaram vencidos na discussão os ministros Fachin, Dias Toffoli e 
Gilmar Mendes. Os três entendiam que a decisão dos deputados vinculava a
 instauração do processo de impeachment pelo Senado.
 Comissão
 Também por maioria, os ministros derrubaram a eleição da comissão 
especial do impeachment formada na Câmara na semana passada. Em votação 
secreta, os deputados elegeram 39 integrantes para o grupo oriundos de 
chapa formada por oposicionistas e dissidentes da base.
 Os ministros da Corte entenderam, no entanto, que não são admitidas 
candidaturas avulsas e que a eleição deveria ter sido realizada de forma
 aberta, e não secreta. Pelo voto de Barroso, a comissão especial fica 
anulada.
 "Mistério, segredo e democracia não combinam", disse o ministro Luiz 
Fux em voto, ao seguir Barroso. Sem a candidatura avulsa, cada deputado 
que quiser se eleger deverá ser indicado pelo líder partidário o que 
inviabiliza o voto em dissidentes. A eleição para homologar a escolha 
dos líderes, pela definição do Supremo, deve ser secreta.
 No julgamento, os ministros ratificaram o rito que já foi seguido no 
impeachment do ex-presidente e hoje senador Fernando Collor (PTB-AL) e 
rejeitaram, por exemplo, a exigência de defesa prévia da presidente 
Dilma antes da abertura do processo de impeachment.
 O argumento era usado pela base governista para alegar que o ato do 
presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de receber a 
denúncia de impedimento de Dilma deveria ser anulado. O próprio governo 
já admitia que este seria um dos pontos mais difíceis de obter indicação
 favorável no Supremo.
 O ministro Gilmar Mendes, um dos vencidos na discussão, adotou 
posicionamento duro na Corte ao sugerir que o Tribunal estava 
interferindo no processo do impeachment. Ele usou seu pronunciamento 
para fazer críticas à situação atual do País. "Estamos de ladeira 
abaixo, sem governo, sem condições de governar", disse Mendes.
 Nesta sexta, 18, na sessão de encerramento do Judiciário, os ministros ainda devem revisar os votos.
Fonte: http://atarde.uol.com.br/politica/noticias/1733702-senado-tera-palavra-final-sobre-impeachment?direcionado=true