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quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Diretores e gerentes de bancos negros ganham 34% menos que brancos

A desigualdade racial no mercado de trabalho brasileiro se mantém expressiva, com trabalhadores pretos ou pardos em cargos de direção e gerência recebendo, em média, 34% menos que seus colegas brancos nas mesmas funções. A constatação faz parte do levantamento Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados referentes a 2024.

 

Segundo o estudo, o rendimento mensal dos diretores e gerentes brancos é de R$ 9.831, enquanto o dos negros (pretos e pardos) é de R$ 6.446. A diferença é de R$ 3.385.

 

Apesar de uma ligeira redução na disparidade desde o início da série histórica em 2012 (quando negros recebiam 39% menos), a diferença se manteve praticamente estável em relação a 2023, quando era de 33%. A população preta e parda, que o Estatuto da Igualdade Racial define como população negra, representa mais da metade (55,5%) da população brasileira, segundo o Censo 2022. Na média, o trabalhador branco recebeu R$ 4.119 mensais, enquanto o preto ou pardo recebeu R$ 2.484, uma diferença de 65,9% a mais para os brancos.

 

A desigualdade também é evidente na distribuição dos cargos. O grupo de maior rendimento médio, diretores e gerentes (R$ 8.721), é ocupado por 17,7% das pessoas brancas, mas por apenas 8,6% dos pretos e pardos.

 

Na outra ponta, o grupo com menor rendimento médio, ocupações elementares (R$ 1.454), emprega 20,3% dos trabalhadores negros, mas apenas 10,9% dos brancos.

 

A pesquisa revela que a obtenção de diploma de ensino superior não é suficiente para eliminar o abismo salarial. Entre os brancos com faculdade concluída, o rendimento por hora chegava a R$ 43,20. Já para os negros com o mesmo nível de escolaridade, o valor era de R$ 29,90. Essa diferença de 44,6% é a maior disparidade salarial verificada entre todos os segmentos de escolaridade.

 

O pesquisador João Hallak Neto, responsável pelo estudo, pondera que, além da escolaridade, fatores como área de atuação e progressão de carreira explicam a disparidade.

 

A população preta ou parda também vivencia maior informalidade no mercado de trabalho, definida como trabalhadores sem carteira assinada, conta-própria ou empregadores que não contribuem para a previdência social. Enquanto a taxa de informalidade no país é de 40,6%, a dos negros é de 45,6%, significativamente superior à dos brancos, que marca 34%.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/noticia/311175-diretores-e-gerentes-de-bancos-negros-ganham-34-menos-que-brancos

terça-feira, 13 de maio de 2025

Atlas da Violência: Número de pessoas negras mortas em 2023 equivale a mais de 92% dos homicídios registrados

O Atlas da Violência 2024 revelou um dado alarmante e revelador sobre o perfil das vítimas da violência letal no Brasil: mais de 92% das pessoas assassinadas em 2023 eram negras. Das 6.616 mortes registradas no país, 6.088 foram de pessoas negras (pretas e pardas), enquanto apenas 420 vítimas eram não negras (brancas, amarelas e indígenas). A disparidade racial salta aos olhos e escancara a face estrutural do racismo no país.

 

A Bahia, mais uma vez, lidera o ranking nacional, com o maior número de pessoas negras assassinadas: 6.088 mortes, praticamente a totalidade das vítimas de homicídio no estado em 2023. O número posiciona a Bahia muito à frente dos demais estados. Em segundo lugar, aparece o Rio de Janeiro, com 3.195 pessoas negras mortas; seguido por Pernambuco (3.106), Ceará (2.711) e Pará (2.291).

 

Em contraste, quando o recorte se volta para as vítimas não negras, o cenário muda completamente. O estado com o maior número de pessoas não negras assassinadas foi o Rio Grande do Sul, com 1.466 mortes, seguido por São Paulo (1.452), Rio de Janeiro (1.039), Paraná (1.309) e Minas Gerais (701). A Bahia, apesar de liderar em número de homicídios totais, ocupa apenas a oitava posição no ranking de mortes de pessoas não negras, atrás de estados como Pernambuco e Santa Catarina.

 

A desigualdade racial também se expressa com intensidade no recorte de gênero. Em 2023, 411 mulheres negras foram assassinadas no Brasil, representando a grande maioria das mulheres vítimas de homicídio. Já o número de mulheres não negras mortas foi de 47, uma diferença quase dez vezes maior, refletindo a vulnerabilidade agravada enfrentada por mulheres negras no país.

 

As taxas de homicídios a cada 100 mil habitantes também revelam o abismo racial: enquanto a taxa para pessoas negras é de 50,8 homicídios por 100 mil habitantes, a taxa para pessoas não negras é de apenas 13,6. Essa diferença de quase quatro vezes mais confirma que ser negro no Brasil segue sendo um fator de risco à vida, resultado do racismo estrutural e da desigualdade socioeconômica.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/noticia/304613-atlas-da-violencia-numero-de-pessoas-negras-mortas-em-2023-equivale-a-mais-de-92-dos-homicidios-registrados

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Ministério Público tem 82% de procuradores e promotores brancos; só 16% são negros, diz pesquisa

Pessoas brancas são a ampla maioria (82%) entre os mais de 13 mil procuradores e promotores que compõem o Ministério Público brasileiro.
 

Já o número de profissionais negros representa apenas 16% do total.
 

Os dados de uma pesquisa étnico-racial realizada pelo Conselho Nacional do Ministério Público em parceria com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
 

A conclusão geral do levantamento é a de que há desigualdades de gênero e raça em todas as posições de trabalho existentes no Ministério Público.
 

A situação é mais evidente nos cargos mais altos, de promotores e procuradores, e também quando há um cruzamento por gênero.
 

De acordo com a pesquisa, há apenas 81 mulheres negras que ocupam essas funções entre as cerca de 5.000 procuradores e promotoras de Justiça que atuam no Ministério Público.
 

As pessoas brancas são maioria também entre os servidores (65%), contra 30,1% de negros.
 

A maior presença de negros está no grupo de estagiários: são 32,3%, contra 58,1% de brancos.
 

Um número ainda assim bem abaixo da população negra no Brasil, que representa 56% do total.
 

As mulheres são maioria nos dois grupos: elas representam 67% dos estagiários, e 53,1% dos servidores.
 

O objetivo da pesquisa, segundo o MP, é mapear o perfil dos trabalhadores da instituição e detectar desigualdades para que possam ser desenvolvidas medidas a fim de combatê-las.
 

"O mapa étnico-racial ora apresentado é uma das mais importantes conquistas do Ministério Público dos últimos 10 anos. Conseguimos entregar a sociedade um conjunto de dados para que sejam tomadas medidas efetivas de igualdade étnica e racial", afirma Otavio Luiz Rodrigues Jr., do Conselho Nacional do Ministério Público.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/232741-ministerio-publico-tem-82-de-procuradores-e-promotores-brancos-so-16-sao-negros-diz-pesquisa