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quarta-feira, 1 de março de 2023

Governador da Bahia repudia xenofobia de vereador gaúcho contra baianos e acusa apologia à escravidão

O governador Jerônimo Rodrigues repudiou, nesta terça-feira (28), a fala em plenário de um vereador gaúcho com ataques ao povo da Bahia, fazendo uso de xenofobia e apologia à escravidão. Numa postagem nas redes sociais, o líder estadual classificou de desumano, vergonhoso e inadmissível o comentário do político, acusado de racismo por diversos internautas.

Leia o pronunciamento na íntegra:

“Hoje, um vereador do Rio Grande do Sul, além defender o trabalho escravo nas vinícolas do estado, ainda foi xenofóbico com baianas e baianos. Eu repudio veementemente a apologia à escravidão e não permitirei que se refiram à nossa gente com preconceito. (+) 

É desumano, vergonhoso e inadmissível ver que há brasileiros capazes de defender a crueldade humana. Determinei, portanto, a adoção de medidas cabíveis para que o vereador seja responsabilizado pela sua fala.

Enquanto eu for governador, atos e falas que desrespeitem o nosso povo não serão permitidas. O @governodabahia seguirá enfrentando o trabalho escravo e combatendo toda forma de violência e discriminação.”

Entenda o caso
O vereador Sandro Fantinel (Patriota) de Caxias do Sul (RS) questionou, durante uma sessão nesta terça, as condições de trabalho escravo em que foram encontrados 207 trabalhadores em vinícolas na Serra Gaúcha, na sexta passada. A polícia confirmou que a grande maioria deles veio de cidades da Bahia.

Na fala, Fantinel culpa os empregados pelas condições em que foram encontrados. “Um agricultor me ligou e pediu para eu ver um alojamento onde ficam os trabalhadores temporários e não dava para entrar do fedor de urina, da imundície que eles deixaram em uma semana. E a culpa é de quem? O patrão vai ter que pagar o empregado para fazer limpeza para os bonitos? Temos que botar eles em um hotel cinco estrelas para não termos problema com o Ministério do Trabalho?”, questionou, antes de citar os baianos.

Em seguida, se dirigindo às empresas agrícolas e aos agricultores gaúchos, conclamou que “não contratem mais aquela gente lá de cima”, se referindo aos baianos.

Ele ainda comparou os baianos aos argentinos, com comentários ainda mais preconceituosos e racistas. “Nunca tivemos problema com um grupo de argentinos. Agora com os baianos, que a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema. E que isso sirva de lição. Que vocês deixem de lado esse povo que está acostumado com Carnaval e festa”, sugerindo a contratação dos argentinos, segundo ele, por serem “limpos, trabalhadores, corretos e quando vão embora ainda agradecem pelo trabalho”.

No final, Fantinel ainda questiona a condição de escravidão que foi denunciada, mencionando que quatro trabalhadores que estavam no local não queriam ir embora.

Foto: Divulgação. Também estamos no Instagram (@sitealoalobahia), Twitter (@Aloalo_Bahia) e Google Notícias.
Fonte: https://aloalobahia.com/notas/governador-da-bahia-repudia-xenofobia-de-vereador-gaucho-contra-baianos-e-acusa-apologia-a-escravidao 

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Bahia registrou 138 denúncias desde 2019 sobre trabalho escravo; 16% foram fiscalizadas

A descoberta do caso em que uma mulher grávida foi resgatada em condições de trabalho análogo a escravidão, na cidade de Santa Terezinha, no Recôncavo baiano (veja aqui) ocorreu a partir de denúncia encaminhada pela Promotoria de Justiça. Apesar disso, desde 2019, a Bahia recebeu 138 denúncias sobre possíveis casos como esse, porém apenas 16% delas foram fiscalizadas.

 

Os dados foram obtidos pela Fiquem Sabendo, agência de dados especializada no acesso a informações públicas, com a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), vinculada à Secretaria de Trabalho (STRAB) e subordinada ao Ministério do Trabalho e Previdência (MTP).

 

Das 138 denúncias desde 2019 sobre trabalho análogo a escravidão, 23 delas foram fiscalizadas pelos órgãos competentes. Em toda a Bahia, denúncias deste tipo foram registradas em 67 cidades do estado. 

 

Como exemplo, no Brasil, em julho de 2022, foram 170 denúncias registradas sobre a temática, nenhuma delas foi fiscalizada. No mês anterior, em junho de 2022, foram 147 denúncias no Brasil com 2 fiscalizações.

 

MPT DA BAHIA

Ao Bahia Notícias, o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Luís Carneiro, órgão que também faz a fiscalização desse tipo de conduta, apontou que a "caracterização do trabalho escravo doméstico não é apenas somente um desregramento entre trabalhador e empregado".

 

"Os números precisam ser examinados. As denúncias chegam de diversas formas. Nem sempre as denúncias são confirmadas no final. Quando se fala em trabalho escravo doméstico é muito forte. É algo que é uma chaga social ainda existente e tem muita repercursão", disse ao BN. 

 

Carneiro ressaltou que o "ambiente que deveria propiciar condições mais próximas" muitas vezes o MPT se depara com agressões. "Submeter, geralmente mulheres negras, uma prática discriminatória. Ela se caracteriza por uma condição sub humana, não pode ser vulgarizada. Não é qualquer arranhamento ou relação. São práticas cruéis, privação do direito de ir e vir", completou. 

Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/noticia/271532-bahia-registrou-138-denuncias-desde-2019-sobre-trabalho-escravo-16-foram-fiscalizadas.html