sábado, 21 de novembro de 2020

Baianos consomem menos alimentos ultraprocessados, mas comem poucas frutas

Dendê, moqueca, vatapá, acarajé. Quando o assunto é comida não há dúvidas de que a Bahia se destaca no Brasil e no mundo. Mas a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que os baianos não têm bons hábitos alimentares, mesmo tendo o segundo menor índice do país de pessoas que consomem grande quantidade de alimentos ultraprocessados.

 

Apesar do dado em relação a comida industrializada, a proporção de pessoas que consomem a quantidade recomendada de frutas ou hortaliças também é pequena: 9,1% na Bahia e 11,9% em Salvador. O que resulta em um quadro geral de rotina alimentar ruim e preocupante, segundo avaliação de nutricionistas ouvidas pelo BN.

 

Os resultados da pesquisa do IBGE foram divulgados na quarta-feira (18). Eles mostram que em 2019, na Bahia, apenas 6,5% da população adulta reconheceu consumo alto de alimentos como biscoitos, bolos e salgadinhos de pacote, presunto, salsicha, mortadela, e outros incluídos na categoria de ultraprocessados. O índice equivale a 730 mil pessoas de 18 anos ou mais que consumia, em um dia, cinco ou mais itens desse tipo de alimentos.

 

O percentual da Bahia é maior apenas do registrado no Maranhão (6,3%), e menos da metade do verificado no Brasil como um todo, onde 14,5% dos adultos tiveram um alto consumo deste tipo de alimento no ano passado.

 

A nutricionista Mariana Cristina, especialista em emagrecimento e alimentação saudável voltada para o tratamento e remissão de doenças crônicas, ressalta que o baiano precisa melhorar a qualidade da alimentação. “Não está nem péssima, já que o índice de consumo de ultraprocessados não é tão alto, mas também não é ideal porque é baixo o número daqueles em que as frutas e hortaliças fazem parte da rotina alimentar”, justificou.

 

Diante dos dados, a especialista acredita que a maioria das pessoas no estado baseia a alimentação em produtos processados. Essa categoria inclui os alimentos que contam com um processo industrial, mas em que a quantidade de ingredientes e de intervenções é menor.

 

Sobre as categorias dos alimentos, a especialista explica que existem aqueles in natura, que são as frutas, legumes, verduras, hortaliças; os minimamente processados, que precisam de alguma intervenção, a exemplo de queijos, conservas, atum e pão; os processados, que passam por um processo industrial; e por fim os ultraprocessados.

 

“Por exemplo, você tem um abacaxi, ele é in natura, o processado é um doce de abacaxi em calda, e o ultraprocessado o suco em pó”, descreve a nutricionista.

 

Tanto para Mariana Cristina, quanto para Yanna Alves de Carvalho, nutricionista com 15 anos de experiência, os maus hábitos alimentares dos baianos se devem à praticidade proporcionada por produtos ultraprocessados. E essa não é uma característica só de quem vive por aqui. As facilidades desse tipo de alimento e a rotina corrida das pessoas são fatores que influenciam na escolha e opção por eles.

 

Comida in natura deveria ser a base da alimentação, sugerem as nutricionistas. Porém requer tempo para preparar, planejar e organizar as porções e refeições para o dia.  

 

Os dados da pesquisa ainda revelam que o índice de homens com alto consumo de industrializados é maior do que entre as mulheres. E quando se observa a idade, os mais jovens, com idade entre 18 e 24 anos, ingerem este tipo de comida quase cinco vezes mais do que os idosos.

 

A diferença se mostra ainda maior em Salvador, onde o percentual entre os jovens é de 27,4%, nove vezes o identificado entre os idosos (3%).

 

Yanna acredita que esse último dado se deve ao hábito. “Para as pessoas com idade mais avançada esse não foi um hábito adquirido na infância, até porque a população de adultos nem conheceu esses produtos na infância. As crianças e os jovens de hoje logo cedo têm acesso, que não era visto antigamente”, explicou a especialista em nutrição clínica funcional e esportiva.

 

O percentual de adultos com alto consumo de ultraprocessados é mais expressivo em Salvador do que no estado como um todo: 10,5% ou 241 mil pessoas de 18 anos ou mais, identificou o IBGE. Ainda assim a capital baiana tem a quarta menor proporção entre as demais, acima apenas de Natal, no Rio Grande do Norte e seus 9,1%, Teresina, no Piauí, com 9,5% e São Luís, no Maranhão (10,3%).

Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/saude/noticia/25266-baianos-consomem-menos-alimentos-ultraprocessados-mas-comem-poucas-frutas.html 

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