Adriana com mulheres que tiveram contato com o vírus sika Foto: Divulgação
Faz pouco mais de um ano que o vírus
zika foi identificado no Brasil. E foi em menos tempo ainda que a
antropóloga, pesquisadora e professora Debora Diniz redigiu o livro “Do
sertão nordestino à ameaça global”, da Editora Record, em que faz um
diagnóstico da doença a partir do Nordeste. Por seis meses, ela
acompanhou médicos de “beira de leito”, mulheres afetadas pelo vírus e
cientistas para contar as histórias por trás dos números da epidemia no
país — que passa de dois mil casos, segundo o Ministério da Saúde.
No
livro, ela traz relatos impressionantes, como o considerado “paciente
zero” da microcefalia e do primeiro médico a identificar que uma nova
doença surgia.—
O livro não foi escrito para cientistas e, sim, para que as pessoas
conheçam a biografia de uma tragédia, a epidemia de zika, em que somos a
capital do mundo. É cheio de histórias que, antes dessa publicação, não
haviam sido descobertas. São pessoas que queriam falar por que viviam
em solidão — diz Debora, que também dirigiu o documentário “Zika” (no
Youtube).
Para
colher informações, ela passou períodos em Campina Grande, na Paraíba,
onde conheceu, por exemplo, os pais de Maria Gabriela, que tem
microcefalia, e seus pais Maria Carolina Flor e Joselito Alves dos
Santos. Eles criaram um blog
para contar a história da família
(somostodosmariagabriela.blogspot.com.br). Debora acompanhou consultas,
visitou outros pacientes e participou de seminários. A professora ainda
entrevistou personagens de outros estados nordestinos, cientistas fora
do país, pesquisou em artigos acadêmicos e em veículos de comunicação.
—
Hoje, essas mulheres que tiveram contato com o vírus estão
desamparadas. Elas precisam, muitas vezes, de um favor para levar seus
filhos com microcefalia a um local onde consigam estimulação precoce para eles. Nenhuma das que conheci pôde voltar ao mercado
de trabalho — observa a pesquisadora, que conta ainda no livro as
histórias de nordestinos anônimos, de áreas endêmicas, vítimas do vírus,
que sequer entraram em estatísticas oficiais.
Fonte: Extra/Globo
http://boainformacao.com.br/2016/10/pesquisadora-lanca-a-primeira-biografia-sobre-a-epidemia-de-zika-no-brasil/
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