Foto: Reprodução
“O
mercado está inflacionado”. A reclamação vem de um candidato a
deputado, que prefere o anonimato. Segundo ele, o valor mínimo pago por
um voto é R$ 20, porém, na maioria dos casos, a média está entre R$ 80 e
R$ 100. “Depende da cidade e de qual liderança está vendendo”, afirma.
Ele, que preferiu tirar a tropa de apoiadores de alguns municípios,
lista os piores locais. “O sul da Bahia está um terror. É a região mais
complicada. Coaraci é um absurdo. E a região de Campo Formoso também
está terrível”, pontua. Segundo ele, áreas como o Recôncavo e Irecê, por
exemplo, estão menos caras. “Quem tem ou teve prefeitura nas mãos está
gastando muito. Os empresários que são candidatos também", completa.
Para outro postulante a parlamentar, que estreia nas urnas, as
tentativas de coerção assustam. “Tem a galera que é direta. Que diz 'fui
candidato a tal coisa e tenho X votos. Se você quiser eu trabalho para
você e o percentual é em cima disso'. Se trabalha só para o estadual é
esse valor, se incluir o federal, racha”, revela. O valor cobrado,
segundo o novato, é entre R$ 50 e R$ 75 – nos bastidores, a lei de “quem
paga mais leva os votos” é padrão.
“A tradição era que prefeito não pedisse nada. Agora, eles dizem
que não querem nada, mas dizem que os vereadores precisam ser ajudados.
A oposição das cidades sempre quer, principalmente se for ex-prefeito”,
relata a fonte ouvida pelo Bahia Notícias. Além daqueles que detêm o
controle de prefeituras e de empresários, outra fonte de recursos para a
campanha é institucionalizada. “Tem candidato ligado a sindicato que
contrata gente e coloca material ‘a rodo’. Quando comparam, eu respondo:
esse dinheiro não é dele. Só não posso dizer de onde é”, aponta. A
estratégia dos candidatos ligados à sindicato aparece também nas vendas
indiretas. “Os que falam indiretamente dizem que podem arrumar um grupo
para trabalhar pro candidato. E aí ganham um percentual em cima desse
valor”, explica um dos candidatos consultados. Apesar da reclamação, no
entanto, todos os candidatos que conversaram com a reportagem ainda não
desistiram - como outros tantos já fizeram.
Ainda assim, têm uma fórmula para acabar com o mercado paralelo de
votos. “Se não tiver uma reforma ampla, não vai existir mais o político
nato. E o voto distrital vai piorar. As eleições tem que ser únicas, de
vereador a presidente”, defendeu um dos entrevistados, opinião
semelhante à do governador Jaques Wagner.

Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/noticia/159331-assedio-eleitoral-votos-no-interior-variam-entre-r-20-e-r-100.html
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