
Lance do gol contra de Valladares entrou para a história por ser o primeiro a utilizar a tecnologia da linha do gol
Benzema (de costas) foi um dos destaques da vitória francesa no Beira-Rio
Foto:
Diego Vara / Agencia RBS
Sessenta e quatro anos depois, Porto Alegre voltou a ter um dia de
Copa do Mundo. Espécie de filho dos Eucaliptos, o estádio do Inter
utilizado para o Mundial em 1950, o Beira-Rio assistiu à goleada da
França por 3 a 0 sobre a corajosa mas limitada Honduras, na primeira
rodada do Grupo E. Nesta mesma chave, mais cedo, a Suíça bateu o Equador
(a seleção que está morando em Viamão) por 2 a 1.
O Beira-Rio da Copa de 2014 foi uma festa: bandeiras de Portugal
misturadas às da França. Gremistas reforçando o azul de Honduras e dos
Bleus, mas solidários com a dor colorada nas inúmeras homenagens a
Fernandão nas arquibancadas. Torcedores da dupla Gre-Nal conversando
animadamente com os estrangeiros. Camisas de quase todos os times do
Brasil e da Seleção Brasileira, ao lado de torcedores com o fardamento
do Brasil-Pel, mais as bandeiras do Rio Grande do Sul, do Uruguai, do
Equador, da Argentina, e do Chile - estes, eufóricos, apesar de "La
Roja" não visitar Porto Alegre.
Além disso, a Copa é quase um Carnaval. Os franceses deram um show, com suas fantasias de galo, galos de plástico e de pelúcia (em referência ao símbolo da seleção nacional), chepéus de Napoleão e fantasias de Asterix e de Obelix. Os hondurenhos, igualmente festivos, mas sem tanta criatividade para a vestimenta, se destacavam com cartolas ao estilo Chapeleiro Maluco. Todos juntos e misturados e em paz. Um show - que infelizmente não conseguimos ver no Gre-Nal, por exemplo.
Além disso, a Copa é quase um Carnaval. Os franceses deram um show, com suas fantasias de galo, galos de plástico e de pelúcia (em referência ao símbolo da seleção nacional), chepéus de Napoleão e fantasias de Asterix e de Obelix. Os hondurenhos, igualmente festivos, mas sem tanta criatividade para a vestimenta, se destacavam com cartolas ao estilo Chapeleiro Maluco. Todos juntos e misturados e em paz. Um show - que infelizmente não conseguimos ver no Gre-Nal, por exemplo.
Minutos antes do jogo iniciar, o Beira-Rio explodiu em um "Vamo,
vamo, Inter", com vaias dos gremistas, naturalmente. E, depois, em
gritos de "uh, Fernandão". Uma falha no sistema de som do estádio fez
com que os hinos não fossem executados. Uma pequena tragédia para quem
não pôde escutar o mais bonitos do hinos: La Marseillaise.
O maior contingente de torcedores franceses estava localizado na
arquibancada superior, a do Gigantinho. E eles cantaram à capela mesmo,
tentando corrigir o erro da Fifa. Também não foi aceito o pedido do
Inter para que se realizasse o "minuto de silêncio" a Fernandão.
Quando o mineiro Sandro Meira Ricci apitou o começo de jogo, o
Beira-Rio se transferiu para Tegucigalpa. Os brasileiros e todo o resto
do mundo presente ao estádio, com exceção dos franceses, é claro,
pareciam vestir a camisa do time pequeno. E, aos berros de "Honduras,
Honduras, Honduras", as arquibancadas se agitavam com os ataques dos
bravos centro-americanos. Bastavam três toques hondurenhos na bola para
os gritos de "olé, olé". A resposta, com o "allez les Blues", era
repelida com apupos.
O entusiasmo dos "donos da casa", porém, não parecia suficiente para
bater o campeão do mundo de 1998. Com 10 minutos de jogo, a França já
estava se impondo em campo. O goleiro Valladares fez uma grande defesa,
com a bola ainda acertando o travessão, em conclusão de Matuidi,
evitando o 1 a 0.
Em uma partida renhida, as faltas duras de lado a lado começaram a
dar o tom da estreia. O que faltava em técnica, sobrava em força física e
energia para os hondurenhos. Daí a dificuldade francesa em chegar ao
gol e o temor em perder o jogo em um contra-ataque. A segunda bola na
trave da França surgiu em cabeceio de Griezmann. O gol parecia ser uma
questão de tempo.
Aos 25 minutos, a Copa ganhou contornos de Gauchão. Palacios pisoteou
Pogba, que revidou com um chute. O banco hondurenho quase invadiu o
gramado, revoltado, e um empurra-empurra se seguiu em campo. Resultado:
amarelo para os dois brigões. Se no Brasileirão sequer os minutos do
jogo podem ser mostrados nos telões, no Mundial, além do cronômetro, a
partida é transmitida ao vivo, com direito a replay para comprometer o
árbitro, em caso de erro.
Aos poucos, com a evidente falta de qualidade de Honduras (talvez a
mais fraca seleção do Mundial), a torcida passou a vibrar com os lances
da França. Quando Palacios cometeu um pênalti infantil em Pogba e foi
expulso, os franceses começaram a cumprir o seu destino: vencer na
estreia. Aos 44, o atacante do Real Madrid Benzema colocou a bola
embaixo do braço e, em seguida, posicionou-a na cal. Foi vaiadíssimo.
Mas fez o gol e, ao correr para comemorar, escutou o Beira-Rio sair de
Tegucigalpa e se transferir para Paris a fim de comemorar o gol.
No segundo tempo, logo aos três minutos, uma confusão histórica.
Benzema completou cruzamento de Valbuena, a bola acertou a trave e
correu quase sobre a linha, quando o goleiro Valladares acabou tocando-a
ao gol. Sandro Meira Ricci marcou o gol e voltou atrás, pois não foi
informado pela tecnologia da linha do gol, que deveria ter denunciado o
gol ao árbitro. Ricci somente confirmou o 2x0 após assistir ao replay no
telão do estáido.
Com a vantagem, a França passou a jogar com maior tranquilidade,
enquanto Honduras tentava descontar em um contra-ataque. Com o jogo
aparentemente decidido, a torcida passou a se preocupar mais em fazer a
ola. Mas, aos 27, mais uma pausa por Karim Benzema. Após jogada
ensaiada, o rebote sobrou para Benzema acertar uma pancada no ângulo de
Valladares. Um golaço, e a estreia de franceses e honduremnhos se
transformou em goleada. Calados, os antes entusiasmados hondurenhos
viram os franceses entoar o "allez les Bleus", com o apoio de
dissidentes gaúchos, que viraram a casaca em meio ao jogo. Afinal, o
Beira-Rio da Copa foi uma festa.
Copa do Mundo — 1ª rodada do Grupo E — 14/6/2014
FRANÇA (3)
Lloris; Debuchy, Varane, Sakho, Evra; Cabaye (Mavuba, 19'/2°),
Matuidi, Valbuena (Giroud, 32'/2º), Pogba (Sissoko, 11'/2º), Griezmann;
Benzema
Técnico: Didier Deschamps
HONDURAS (0)
Valladares; Beckeles, Bernárdez (Osman Chavez, int.), Figueroa,
Izaguirre; Wilson Palacios, Garrido, Najar (Claros, 12'/2º), Espinoza;
Bengtson (Garcia, int.), Costly.
Técnico: Luiz Fernando Suárez
Gols: Benzema (F), aos 44min do 1° tempo; Valladares (H)(contra), aos 3min e Benzema (F), aos 27min do 2º tempo.
Cartões amarelos: Evra, Pogba, Cabaye (F); Palacios, Garcia, Garrido (H).
Expulsão: Palacios (H).
Público: 43.012 torcedores.
Arbitragem: Sandro Meira Ricci, auxiliado Emerson de Carvalho e Marcelo van Gasse (trio brasileiro).
Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre.
Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/copa-2014/noticia/2014/06/com-dois-de-benzema-franca-bate-honduras-no-beira-rio-4527335.html
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