quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Desabamento deixa 8 mortos em São Mateus


Orlando Filho/DGABCDesmoronamento de um prédio em construção na manhã de ontem, na Avenida Mateo Bei, em São Mateus, na Zona Leste da Capital e divisa com Santo André, matou oito pessoas e deixou 26 feridos. A obra estava em situação irregular. As vítimas foram levadas para hospitais da região e três homens foram socorridos ao CHM (Centro Hospitalar Municipal) de Santo André com escoriações e ferimentos leves. Dois seguiam em observação até o início da noite de ontem.
Das pessoas retiradas dos escombros pelos bombeiros, havia pelo menos sete internadas em estado grave. Um deles, Halisson Teixeira da Silva, 22 anos, teve a perna esquerda amputada. Médicos avaliavam, no início da noite, a possibilidade de amputar a outra. Internado no Hospital Santa Marcelina, ele corria risco de morrer. No mesmo hospital, Francisco Diego Borges Vasconcelos, 29, teve traumatismo craniano.
Ao todo, 70 homens e dois cães farejadores participaram do resgate durante todo o dia. “Os operários disseram que cerca de 35 pessoas trabalhavam no local. É com base nisso que fazemos as buscas”, afirmou o Comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Reginaldo Campos Repulho. Ainda de acordo com as vítimas, a maioria era de operários que vieram do Nordeste. Eles voltariam assim que a obra fosse finalizada.
Além dos feridos, cinco veículos foram atingidos, outros dois parcialmente prejudicados, e seis imóveis – quatro residências e dois comércios – foram interditados pela Defesa Civil. De acordo com o coordenador executivo do órgão, José Koki Kato, a interdição prejudicou 15 pessoas, cadastradas por assistentes sociais para receber auxílio. Segundo a prefeitura da Capital, a obra estava irregular e já havia recebido multas por falta de documentação que somam cerca de R$ 104 mil.
TESTEMUNHAS
Por volta das 8h35, comerciantes e vizinhos ouviram um grande estrondo, acompanhado de uma cortina de fumaça branca. “Estava no estoque quando ouvi o barulho. Achei que fosse um caminhão grande, mas quando saí o prédio estava no chão”, afirmou a comerciante Idelma de Almeida.
A dona de casa Vania Gomes mora a 40 metros da obra e disse que, quando chegou ao local, viu uma pessoa ferida e vizinhos andando sobre os escombros para tentar ajudar. “Em frente ao prédio tinha um homem com fratura exposta nos dois pés. Foi assustador.”
Durante a procura por vítimas, o clima era de desespero entre os familiares. Francisco Feitosa Filho e sua esposa passaram o dia todo nas redondezas porque tinham três parentes trabalhando na construção. “Meu irmão era mestre de obras, meu sobrinho ajudante de pedreiro e meu filho, que tinha problemas respiratórios, trabalhava no almoxarifado.”
Moradores afirmam que os operários trabalhavam para reforçar as bases da construção. No prédio funcionaria uma loja de roupas.
Os trabalhos entre os escombros continuariam na madrugada em busca de outros desaparecidos. (com Agências)
Dano estrutural pode ter causado colapso

O desabamento total de imóvel ontem, no bairro São Mateus, pode ter sido ocasionado por dano estrutural, na opinião do presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos do Grande ABC, Luiz Augusto Moretti. “Pelas imagens, o que parece é que mexeram na estrutura do prédio. Isso vem acontecendo com frequência e pode fazer um imóvel ruir.” O especialista cita o caso de prédio que caiu no Rio de Janeiro em janeiro do ano passado, e do Edifício Senador, que desabou em São Bernardo em fevereiro de 2012.
Moretti destaca que toda obra deve ter engenheiro responsável. “Os vizinhos devem denunciar obras irregulares. No caso de condomínios, isso também é papel do síndico.”
A fiscalização oficial, que deve ser feita pelas prefeituras e pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), muitas vezes é falha por falta de profissionais, conforme o coordenador do curso de engenharia civil da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Kurt Amann. “O ideal seria ter número de fiscais que conseguisse percorrer todos os prédios do município a cada dois meses, o que não ocorre hoje.”
Segundo o especialista, porém, no caso do desabamento em São Mateus, a fiscalização poderia ter sido inútil. “Se fosse detectável, poderia ter poupado vidas, mas não o desabamento do prédio. Para isso, a fiscalização deveria ter sido feita antes da construção da segunda laje, que ruiu.”
As prefeituras da região foram questionadas, no fim da tarde de ontem, sobre o número de fiscais e obras, mas não se manifestaram. (Camila Galvez)

Fonte:http://www.dgabc.com.br/Noticia/478578/predio-desaba-e-mata-sete-em-sao-mateus?referencia=ultimas-editoria

Nenhum comentário:

Postar um comentário