
Das pessoas retiradas dos escombros pelos bombeiros, havia pelo menos
sete internadas em estado grave. Um deles, Halisson Teixeira da Silva,
22 anos, teve a perna esquerda amputada. Médicos avaliavam, no início da
noite, a possibilidade de amputar a outra. Internado no Hospital Santa
Marcelina, ele corria risco de morrer. No mesmo hospital, Francisco
Diego Borges Vasconcelos, 29, teve traumatismo craniano.
Ao todo, 70 homens e dois cães farejadores participaram do resgate
durante todo o dia. “Os operários disseram que cerca de 35 pessoas
trabalhavam no local. É com base nisso que fazemos as buscas”, afirmou o
Comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Reginaldo Campos Repulho.
Ainda de acordo com as vítimas, a maioria era de operários que vieram do
Nordeste. Eles voltariam assim que a obra fosse finalizada.
Além dos feridos, cinco veículos foram atingidos, outros dois
parcialmente prejudicados, e seis imóveis – quatro residências e dois
comércios – foram interditados pela Defesa Civil. De acordo com o
coordenador executivo do órgão, José Koki Kato, a interdição prejudicou
15 pessoas, cadastradas por assistentes sociais para receber auxílio.
Segundo a prefeitura da Capital, a obra estava irregular e já havia
recebido multas por falta de documentação que somam cerca de R$ 104 mil.
TESTEMUNHAS
Por volta das 8h35, comerciantes e vizinhos ouviram um grande
estrondo, acompanhado de uma cortina de fumaça branca. “Estava no
estoque quando ouvi o barulho. Achei que fosse um caminhão grande, mas
quando saí o prédio estava no chão”, afirmou a comerciante Idelma de
Almeida.
A dona de casa Vania Gomes mora a 40 metros da obra e disse que,
quando chegou ao local, viu uma pessoa ferida e vizinhos andando sobre
os escombros para tentar ajudar. “Em frente ao prédio tinha um homem com
fratura exposta nos dois pés. Foi assustador.”
Durante a procura por vítimas, o clima era de desespero entre os
familiares. Francisco Feitosa Filho e sua esposa passaram o dia todo nas
redondezas porque tinham três parentes trabalhando na construção. “Meu
irmão era mestre de obras, meu sobrinho ajudante de pedreiro e meu
filho, que tinha problemas respiratórios, trabalhava no almoxarifado.”
Moradores afirmam que os operários trabalhavam para reforçar as bases da construção. No prédio funcionaria uma loja de roupas.
Os trabalhos entre os escombros continuariam na madrugada em busca de outros desaparecidos. (com Agências)
Dano estrutural pode ter causado colapso
O desabamento total de imóvel ontem, no bairro São Mateus, pode ter sido ocasionado por dano estrutural, na opinião do presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos do Grande ABC, Luiz Augusto Moretti. “Pelas imagens, o que parece é que mexeram na estrutura do prédio. Isso vem acontecendo com frequência e pode fazer um imóvel ruir.” O especialista cita o caso de prédio que caiu no Rio de Janeiro em janeiro do ano passado, e do Edifício Senador, que desabou em São Bernardo em fevereiro de 2012.
O desabamento total de imóvel ontem, no bairro São Mateus, pode ter sido ocasionado por dano estrutural, na opinião do presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos do Grande ABC, Luiz Augusto Moretti. “Pelas imagens, o que parece é que mexeram na estrutura do prédio. Isso vem acontecendo com frequência e pode fazer um imóvel ruir.” O especialista cita o caso de prédio que caiu no Rio de Janeiro em janeiro do ano passado, e do Edifício Senador, que desabou em São Bernardo em fevereiro de 2012.
Moretti destaca que toda obra deve ter engenheiro responsável. “Os
vizinhos devem denunciar obras irregulares. No caso de condomínios, isso
também é papel do síndico.”
A fiscalização oficial, que deve ser feita pelas prefeituras e pelo
CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), muitas vezes é
falha por falta de profissionais, conforme o coordenador do curso de
engenharia civil da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Kurt Amann. “O
ideal seria ter número de fiscais que conseguisse percorrer todos os
prédios do município a cada dois meses, o que não ocorre hoje.”
Segundo o especialista, porém, no caso do desabamento em São Mateus, a
fiscalização poderia ter sido inútil. “Se fosse detectável, poderia ter
poupado vidas, mas não o desabamento do prédio. Para isso, a
fiscalização deveria ter sido feita antes da construção da segunda laje,
que ruiu.”
As prefeituras da região foram questionadas, no fim da tarde de
ontem, sobre o número de fiscais e obras, mas não se manifestaram. (Camila Galvez)
Fonte:http://www.dgabc.com.br/Noticia/478578/predio-desaba-e-mata-sete-em-sao-mateus?referencia=ultimas-editoria
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