sábado, 24 de novembro de 2012

MP que muda concessões de energia gera polêmica

A proposta para antecipar as concessões de energia elétrica para os contratos que terminam em 2015 e 2017, oferecidas pelo governo, abalaram os papéis de diversas companhias do setor, mas atingiram principalmente a Eletrobras, que deve aceitar a oferta do governo. Com isso, a estatal terá prejuízos por diversos anos, acreditam os investidores.
O medo do mercado ficou evidente nos últimos dias de negociação das bolsas. Apenas na última quarta-feira (21), as ações da Eletrobras fecharam em queda de 19,98%, no quarto pregão consecutivo de baixa, na pior queda diária da história do papel. Desde o último dia 11, as ações da estatal têm balanço negativo de mais de 25%.
Unir o interesse do setor privado, mantendo os investimentos, mas continuar com a redução dos preços para aumentar a competitividade. Esta parece ser a grande contradição que envolve o setor, acredita Mariano Francisco Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).
"Eu entendo o lado do setor privado, mas precisamos reduzir os preços. A nossa indústria está sofrendo, temos que aumentar o poder real dos consumidores, desonerando os seus salários. Eu entendo a contradição, mas não vejo esta conjunção como algo inevitável", afirma. A contradição que se refere é a possível que de investimentos que o setor sofrerá, caso haja diminuição de lucro.
Porém, para ele, não haverá perda de lucros, pois o retorno dos investimentos "eram muito elevados antes, em qualquer parâmetro de comparação internacional ou nacional", acredita Laplane.
Divergências
Apesar de todos os especialistas ouvidos pelo Jornal do Brasil concordarem que a redução das tarifas de energia são "fundamentais", a forma como o governo vem agindo no setor divide os especialistas.
O economista Julio Gomes de Almeida, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acredita que o governo aplicou medidas "muito duras", mas para poder renegociá-las mais tarde, em busca de uma solução. Para ele, o maior problema da proposta é "reduzir a capacidade de investimento das empresas do setor". Segundo o especialista, é importante que esta capacidade seja preservada, "ou não teremos energia amanhã", afirma.
"As empresas não são obrigadas a aceitar a proposta do governo, mas tudo isso, esta mudança repentina na forma de concessão gera uma grande incerteza no mercado", analisa o economista Maurício Canêdo Pinheiro, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV/RJ). Para ele, outras formas poderiam aliar os interesses, como redução ainda mais acentuada de tributos. 
Todos também concordam, no entanto, que a redução de tributos é essencial para atingir os objetivos. "A MP vai promover uma redução dos impostos sim, mas ainda há muito mais gordura para queimar neste quesito", reforça Pinheiro. 
Recuperação na bolsa
Apesar do receio, os papéis da Eletrobras negociados nesta sexta-feira (23) na Bolsa de Valores de São Paulo, começam a ser recuperar. Às 16h, as ações apresentavam avanço de 10,27%. 

Fonte: http://www.jb.com.br/economia/noticias/2012/11/23/mp-que-muda-concessoes-de-energia-gera-polemica/

carlosbritto.com

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