Ex-presidente já se 
coloca como candidato a candidato na sucessão da presidente Dilma 
Rousseff. “Só o que eu não posso dizer é que não”, diz ele, sobre 
concorrer em 2018. À sua maneira, ele deixa claro que vai esperar o 
momento certo para assumir formalmente o que já está assumido 
politicamente: "A gente tem de saber o seguinte: a gente faz política, e
 dependendo do que irá acontecer nesses próximos quatro anos, a gente 
vai tomar decisão na hora que tiver de tomar a decisão"
O 
ex-presidente Lula está a um passo do paraíso político. No domingo 26, 
uma vez confirmadas as pesquisas que apontam a vitória da presidente 
Dilma Rousseff, do PT, sobre o senador Aécio Neves, do PSDB, ele será o 
primeiro e único na fila de candidatos do partido às eleições  de 2018.
O próprio Lula já fala com 
desenvoltura sobre o tema, deixando claro que não pode recusar a 
possibilidade de vir a ser o nome do partido para suceder Dilma:
- A única coisa que eu não posso 
dizer é que não, respondeu Lula, nesta semana, em entrevista ao 
radialista Geraldo Freire, da rádio Jornal Jornal, do Recife.
O ex-presidente justificou sua posição:
- Eu não sei qual vai ser a circunstância política de 2018.
Isso significa que o ex-presidente 
já se assume como candidato a candidato. Da condição de ‘Pelé no banco 
de reservas’, ele agora já está no aquecimento para entrar em campo na 
hora exata de concorrer à próxima eleição;
- Estou completando 69 anos de idade. Em 2018, terei 72. É preciso levar isso em conta, contabiliza o ex-presidente.
ANIMAL POLÍTICO - À sua maneira, ele deixa claro que vai esperar o momento certo para assumir formalmente o que já está assumido politicamente:
- A gente tem de saber o seguinte: a
 gente faz política, e dependendo do que irá acontecer nesses próximos 
quatro anos, a gente vai tomar decisão na hora que tiver de tomar a 
decisão, cravou.
O ex-presidente quer mais atores políticos na cena:
- Eu tenho fé em Deus que o Brasil 
vai produzir quadros mais novos, jovens, pessoas com velocidade, com 
mais garra, pessoas mais comprometidas, completa, com modéstia.
O que fica, mesmo, é que Lula é sim 
candidato a candidato em 2018. E ele não está sozinho, bem ao contrário.
 O primeiro a instalar o nome de Lula como candidato do PT à 
Presidência, na sucessão de Dilma, foi o presidente da legenda, Rui 
Falcão:
- O eleitor vai ver os resultados 
(de um eventual segundo governo Dilma) e, certamente, se o presidente 
Lula for o nosso candidato, vai ficar muito feliz.
Em seguida, foi a vez de Dilma apoiar o nome de Lula para a sua sucessão:
- Isso foi dito pelo Rui Falcão (a 
possibilidade de Lula vir a ser candidato). Ele não me disse isso, mas 
se depender de mim, pode ter certeza que eu ajudo, clareou Dilma.
A presidente e o ex passaram os 
últimos quatro anos sobre a mira da mídia tradicional. Uma pauta 
permanente foi a apuração de possíveis divergências entre eles. A cada 
rumor, no entanto, ora Dilma, ora Lula, saiam a campo para desmentidos.
Houve, de fato, um período de maior 
afastamento entre a presidente e o ex. Ocorreu entre outubro do ano 
passado e março deste ano. No final do ano passado, em meio a baixas nos
 indicadores econômicos e ironias na mídia internacional contra o 
ministro Guido Mantega, da Fazenda, o ex-presidente chegou a dizer a 
amigos que uma troca cairia bem para Dilma. Daria, segundo ele, uma 
‘sacudida’ no governo. Mesmo sem jamais ter tido grandes confidentes, em
 algumas conversas Lula citou o nome do empresário Josué Gomes da Silva 
como o mais adequado para assumir o posto e dar novo pique para a 
política econômica. O recado chegou a Dilma, que, como se sabe, manteve 
Mantega contra todas as pressões. Houve, a partir daí, um retraimento de
 Lula. O ex-presidente assumiu uma posição de neutralidade sobre a 
gestão do governo Dilma.
Neste tempo e espaço políticos, 
surgiu o hoje famoso, sempre anônimo e que terminou sendo o frustrado 
movimento ‘volta, Lula’. Em diferentes  encontros informais do 
ex-presidente com empresários, uma menção ao assunto, da parte dos 
interlocutores dele, era quase obrigatória, mesmo feita em tom de 
brincadeira ou mais seriamente. A ideia era testar a reação de Lula até o
 limite do conveniente.
VOLTA QUE NÃO EMPLACOU - Num
 desses momentos, no auge do burburinho sem fontes, Lula cedeu, abrindo 
uma janela para a possibilidade de concorrer no lugar da presidente. A 
frase atribuída a ele, em março deste ano, em quase todas as colunas 
políticas, até agora não foi desmentida:
- Estou pronto, só não posso magoar a Dilma.
Lula tem radares sobre todas as 
mídias. Ele é municiado a respeito dos principais fatos, notadamente os 
que envolvem seu nome, muitas vezes ao dia. O ex-presidente, assim, não 
deixa passar sem desmentidos nada que, atribuído a ele, ele próprio 
considere impreciso ou inverídico. Mas aquela passou.
A marolinha do ‘volta, Lula’, para 
ter se tornado uma onda verdadeira,  precisaria ter sido adensada por 
dirigentes do partido. E isso nunca aconteceu. Em sua maneira de 
levar, dentro do PT, os preparativos para a convenção nacional que 
indicou Dilma à reeleição, o presidente Rui Falcão promoveu uma série de
 encontros nacionais numerosos para  afirmar, confirmar e reconfirmar o 
nome da presidente como o único existente. Lula, mais de uma vez, 
declarou com todas as letras que a vez era mesmo dela.
Enquanto isso, Dilma corria nas 
pesquisas de opinião na faixa dos 40% de intenção, sempre à frente de 
Aécio Neves e do então pré-candidato do PSB, Eduardo Campos. Sem abrir 
qualquer margem para a discussão de seu nome, a presidente manteve a 
primazia, levada até a vitória em primeiro turno e para o teste decisivo
 do domingo 26.
CHEFIA DA OPOSIÇÃO - Caso
 as projeções das pesquisas não se confirmem – o que seria uma grande 
surpresa em razão das tendências aferidas de crescimento da presidente e
 perda de pontos para o senador -, ainda assim Lula terá um futuro 
operoso pela frente. Ele chefiará a oposição. Uma de suas missões, nesse
 caso, será garantir as eleições de 2018. Aécio, afinal, declarou-se 
contrário à reeleição e defendeu um mandato de cinco anos para o cargo. 
Isso levaria o pleito para 2019. Com mais um ano de mandato sobre os 
cinco pretendidos, a depender de negociações no Congresso, a nova 
disputa iria para 2020.  
A dar a lógica, com Dilma vitoriosa,
 Lula pretende se colocar em campo para a convocação de uma assembleia 
constituinte exclusiva. Ele defende a eleição de um grupo único para 
fazer uma reforma política. E já deixa claro que os participantes desse 
grupo, em seu modelo, não poderão ser candidatos em seguida ao 
parlamento.
- Temos de acabar com essa bagunça 
de 28 partidos. Não dá mais para continuar assim, precisamos de uma 
reforma política urgente, tem manifestado o ex-presidente.
Ele também já anuncia que quer estar muito próximo da presidente Dilma na gestão do governo.
Nesta reta final de campanha, Lula 
foi o responsável pela linha geral da campanha, de comparação entre os 
resultados das gestões petistas frente aos alcançados pelos governos do 
PSDB. A partir desse posicionamento, a candidatura de Dilma passou a 
crescer sobre a de Aécio, o que não ocorrera, com clareza, até então. 
Além disso, Lula subiu nos palanques, deu seus motes engraçados para o 
público, como ao chamar o adversário de “filhinho de papai” e jogou todo
 o seu carisma na transferência de votos para Dilma. Na noite deste 
domingo, o ex-presidente não tem dúvidas de que irá colher exatamente o 
que plantou – uma presidente reeleita com um candidato de continuidade 
já posicionado, o velho e bom Luiz Ignácio Lula da Silva.
Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/poder/158197/Lula-de-novo-em-2018.htm