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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Na Espanha, Jerônimo conhece tratamento inovador contra o câncer e negocia o uso da tecnologia na Bahia

O tratamento com terapia celular chamado de Car-T Cell foi apresentado ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), em Barcelona, na Espanha. O método, de acordo com o governo, é considerado uma das maiores revoluções da ciência no combate ao câncer. o Em visita à Universidade e ao Hospital das Clínicas de Barcelona, na manhã desta segunda-feira (26), o governador, acompanhado de comitiva baiana, se reuniu com médicos e pesquisadores do método revolucionário e já iniciou tratativas para que a Bahia possa participar de transferência de tecnologia e da aplicação do tratamento.

 

A terapia é direcionada especificamente aos chamados cânceres hematológicos. Leucemia, linfomas e mielomas são os tipos de maior recorrência. Em linhas gerais, o tratamento utiliza células de defesa do próprio paciente, os linfócitos T, que modificadas geneticamente para combater a doença. Após serem modificadas, essas células são chamadas Car-T, por isso o nome dado ao tratamento.

 

“O hospital já desenvolve, de forma avançada, o tratamento Car-T Cell, e nós viemos aqui, hoje, ver a possibilidade de levar esse tipo de serviço para o estado da Bahia. A partir de março, em parceria com as universidades estaduais e federais, já haveremos de fazer um termo de cooperação técnica para que isso possa acontecer na Bahia”, afirmou o governador.

 

Chefe do setor de terapia celular do hospital, o pesquisador e médico Álvaro Urbano apresentou a pesquisa e destacou os resultados promissores que o tratamento tem apresentado em pacientes com diferentes tipos de cânceres hematológicos: “é o tratamento do século XXI. Consiste em aumentar muito, em cerca de 90%, as atividades contra o câncer”.

 

O brasileiro Marco Aurélio Salvino acompanha os estudos e a aplicação da Car-T Cell na Espanha. Professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e coordenador de pesquisas com terapia celular no Brasil, ele destaca que é a primeira vez que um governo estadual brasileiro busca ativamente a parceria e possível cooperação com a iniciativa.

 

“Aqui, em Barcelona, é o modelo, talvez, mais importante do mundo, um modelo de terapia celular pública que deu certo. Hoje, na Espanha, praticamente quem tem necessidade de tratar com terapia celular tem acesso. É a maior revolução contra o câncer hematológico. Mas, infelizmente, é de muita complexidade, muita tecnologia e um alto custo. E é muito, muito, bacana que o governador da Bahia esteja buscando alternativas. Diferente de outros estados, onde não há nenhuma iniciativa de um governador. Isso, de fazer uma busca ativa do próprio governador, é exemplar”, avaliou Marco Aurélio. 

 

Ainda no local, a comitiva baiana, liderada pelo governador, se reuniu com o diretor-geral do Hospital das Clínicas de Barcelona, Josep Maria Campstol. O gerente reforçou e avaliou como de “grande potencial” a cooperação com o governo baiano. Além do governador, a primeira-dama do Estado, Tatiana Velloso; o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico (SDE), Angelo Almeida; e o superintendente de Atração e Desenvolvimento de Negócios da SDE, Paulo Guimarães, participaram desta agenda.

 

Também acompanhou os encontros uma delegação baiana do Senai/Cimatec, formada por Walter Pinheiro, relações corporativas e governamentais; Leone Andrade, diretor de Tecnologia e Inovação e reitor do Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia; e José Luis Gonçalves de Almeida, gerente executivo e coordenador de programas.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/saude/noticia/31353-na-espanha-jeronimo-conhece-tratamento-inovador-contra-o-cancer-e-negocia-o-uso-da-tecnologia-na-bahia


 

sábado, 22 de abril de 2023

Nanopartículas reprogramam células de defesa e barram crescimento de tumor de mama

"E se nós testássemos nossas nanopartículas de óxido de ferro no combate a tumores?", pensou a cientista Camila Sales Nascimento, pós-doutoranda do grupo de Imunologia Celular e Molecular da Fiocruz Minas, em 2017. Seis anos e muito trabalho depois, a resposta foi publicada no International Journal of Pharmaceutics.
 

Os pesquisadores do grupo, liderado por Carlos Eduardo Calzavara, verificaram que as nanopartículas são capazes de alterar a composição de tumores malignos de mama e evitar seu crescimento.
 

Nascimento explica que isso é possível porque até 60% da massa tumoral é composta por células de defesa chamadas macrófagos, com dois perfis distintos. Enquanto o M1 tem características que auxiliam na supressão do tumor, o M2 favorece seu crescimento e o desenvolvimento de metástase -e as nanopartículas de óxido de ferro ajudam a transformar um no outro.
 

"Os macrófagos são as principais células relacionadas à reciclagem do ferro no nosso corpo e o tipo de perfil está ligado à concentração de ferro dentro deles", diz a pesquisadora.
 

Se há baixa concentração, prevalece o perfil M2 ao passo que, com uma alta concentração, o M1 torna-se mais abundante. "Aumentando a concentração de ferro intracelular, promovemos uma reprogramação nos genes do macrófago e sua mudança para um perfil M1".
 

Trata-se de uma aplicação bem diferente daquela de 2017, quando o grupo utilizava as nanopartículas de óxido de ferro exclusivamente para purificação de DNA, processo em que o ácido nucleico é isolado de outros componentes celulares.
 

Na época, Nascimento deparou-se com um artigo na Nature sobre o potencial dessas partículas para reprogramar células imunológicas e atacar tumores e questionou Calzavara se não seria interessante testar o modelo usado no laboratório, já que era diferente do mencionado na revista.
 

As nanopartículas empregadas na Fiocruz Minas foram desenvolvidas pela equipe do professor Celso Pinto de Melo, do departamento de Física da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Melo percebeu que elas tinham potencial para purificar DNA, como ocorre em alguns kits comerciais, e buscou o laboratório de Calzavara para testar essa capacidade.
 

"Quando surgiu a ideia de testar em tumores, conversamos com o professor Celso de Melo e eu fui para a UFPE. Fiquei lá nove dias produzindo as partículas de uma forma escalonada para começar os experimentos", recorda a cientista.
 

O passo seguinte foi definir o tipo de tumor que seria analisado.
 

"Como mulher, pensei que o câncer de mama é um dos mais diagnosticados na população feminina em todo o mundo e no interesse de encontrar novas opções de tratamento que auxiliem as terapias atuais", afirma.
 

O primeiro teste foi realizado in vitro, com células derivadas de tumores de mama de pacientes. Os pesquisadores colocaram as células tumorais em contato com as nanopartículas de óxido de ferro e observaram a reprogramação de macrófagos e a liberação de moléculas que induziam a morte celular.
 

O experimento seguinte foi realizado em camundongos. A equipe injetou células tumorais nos animais e logo depois as nanopartículas. Após 21 dias, os cientistas perceberam que a massa tumoral daqueles expostos às partículas tinha cerca de metade do tamanho da dos animais que não receberam o óxido de ferro.
 

Por fim, o terceiro teste foi realizado por Nascimento na Universidade do Porto. A instituição emprega técnicas diferentes, e a pesquisadora pôde avaliar a ação dos macrófagos em um modelo in vitro 3D, com três tipos de células.
 

"É um modelo mais real do que o 2D porque imita o microambiente tumoral", diz a pesquisadora, que viajou com uma bolsa do Programa Institucional de Internacionalização da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
 

O experimento confirmou a reprogramação dos macrófagos e, agora, a técnica está sendo introduzida na Fiocruz Minas. "É uma tecnologia que hoje eu consigo reproduzir aqui no laboratório", afirma a cientista.
 

Para Calzavara, o trunfo da pesquisa foi aplicar nanopartículas de baixo custo de produção e com possibilidade de escalonamento. Além disso, afirma, os resultados abrem espaço para testes com outros tipos de câncer, mas muito ainda precisa ser feito.
 

"Temos uma prova de conceito, e o caminho é longo e demorado", ressalta o coordenador. O grupo precisa avaliar, por exemplo, como deve ser a aplicação, se as nanopartículas interferem em outros aspectos e se funcionam em animais com sistemas mais semelhantes aos do corpo humano.
 

Passar por essas etapas e posteriormente pelos testes em seres humanos vai demandar recursos, equipamentos e expertise que o grupo ainda não possui.
 

"O pesquisador brasileiro enfrenta dificuldade", avalia Calzavara. "Há um 'vale da morte' da pesquisa no país."
 

Por isso, a equipe está aberta a novas parcerias com órgãos ou empresas com capacidade de realizar os ensaios. "A ciência é feita disso hoje em dia, não trabalhamos mais sozinhos", conclui o pesquisador.


Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/folha/noticia/221856-nanoparticulas-reprogramam-celulas-de-defesa-e-barram-crescimento-de-tumor-de-mama

sábado, 26 de novembro de 2022

Bahia pode ter até 38.840 novos casos de câncer em 2023, estima estudo do Inca

Foto: Reprodução / shutterstock

O estado da Bahia pode ter 38.840 casos de câncer no ano que vem, segundo previsão do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O número consta em um estudo do órgão divulgado na última quarta-feira (23).  A estimativa para 2023 entende taxas brutas e foi ajustada para incidência por 100 mil habitantes e pelo número de casos novos de câncer, segundo sexo e localização. 

 

Na Bahia, o tipo de câncer com o maior incidência deve ser o de pele não melanoma: são 10.530, segundo a previsão do Inca. Na sequência aparecem o de próstata com um total de 6.510 casos para o ano de 2023 e o de mama feminina com 4.230 previstos.

 

A Bahia é o sexto estado com o maior número de casos de neoplasias malignas, com 38.840 previstos para o próximo ano. O estado perde para São Paulo com 181.340 casos, Minas Gerais com 78.100, Rio de Janeiro com 72.380, Rio Grande do Sul com 52.620 e Santa Catarina com 39.600 casos previstos.

 

Já no Brasil, devem ser registrados 704 mil novos casos de câncer por ano de 2023 a 2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência (reveja aqui). 

 

SITUAÇÃO EM SALVADOR

A capital baiana teve previstos pelo Inca um total de 8.980 casos de câncer para o ano de 2023. Salvador também teve os de pele não melanoma com maior prevalência entre os soteropolitanos, com 1.620 novos pacientes previstos. 

 

Na sequência aparecem o câncer de mama feminina com 1.340 casos, o de próstata com 1.200, e o em outras localizações no corpo com a estimativa de 1.130 novas ocorrências. 


Fonte: https://bahianoticias.com.br/saude/noticia/29903-bahia-pode-ter-ate-38840-novos-casos-de-cancer-em-2023-estima-estudo-do-inca

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Adolescente que criou teste para detectar câncer rejeita rótulo de nerd

Jack Andraka, 16, nasceu em Crownville, Maryland, nos EUA. No ano passado, ele recebeu o grande prêmio da Feira Internacional de Ciência e Engenharia, nos EUA, por sua pesquisa sobre um novo método para diagnosticar câncer de pâncreas.
Em novembro, deu uma palestra sobre inovação no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e, na semana passada, escreveu um artigo para o "New York Times" sobre o ensino de ciência. Jack, que é gay, quer se tornar referência para jovens cientistas que pertençam a minorias.
Leia o depoimento dele à Folha.
*
Já estive quatro vezes na Casa Branca com o presidente Obama e fui convidado a dar palestras em conferências médicas na França, na Itália, na Austrália e no Reino Unido, quase sempre falando sobre inovação e a importância de se estimular o interesse científico nas escolas.

Jack Andraka dá palestra em conferência TED nos EUA no início deste ano
Jack Andraka dá palestra em conferência TED nos EUA no início deste ano Aos 15 anos, desenvolvi um teste que consegue diagnosticar precocemente o câncer de pâncreas. Meu tio morreu por causa disso e fiquei pensando no que eu podia fazer. Diferentemente das mulheres com tumor de mama, as vítimas desse câncer só têm o diagnóstico muito tarde, com uma alta taxa de mortalidade. Só 5% sobrevivem.
Desenvolvi um sensor usando papel-filtro e nanotubos para detectar proteínas ligadas ao câncer rapidamente, cem vezes mais que outros testes [ver ao lado].
Ganhei o primeiro prêmio da Feira Internacional de Ciência e Engenharia (ISEF) no ano passado, no maior evento para cientistas pré-universitários, e não parei.
ESTÍMULO
Depois de procurar mais de 200 cientistas e centros de estudos e ser rejeitado por todos, fui abrigado pelo Anirban Maitra, pesquisador de câncer de pâncreas da Universidade Johns Hopkins, um dos maiores centros de pesquisa no mundo.
Minha escola é normal, ninguém estava preparado para me estimular ou ajudar nas pesquisas. O ensino científico ainda é fraco e raro. Ler artigos em publicações especializadas é caríssimo.
Meu laboratório mesmo é a garagem de casa, onde meu pai tinha uma marcenaria e, desde crianças, meu irmão e eu podemos fazer mil testes e usar ferramentas que nosso pai sempre nos deu ou emprestou. Lembro de uma maquete com um rio de brinquedo onde a gente aprendeu física e como os objetos flutuam. Meu irmão mais velho ganhou prêmios científicos antes de mim.
Pouca gente da minha idade se interessa por ciência. Sou gay, contei aos meus pais e amigos quando tinha 13 anos, e quero servir de exemplo para jovens gays. Há pouca mulher, pouco gay, poucas minorias em geral fazendo ciência. É um clube de garotos heterossexuais (ri).
Nunca sofri preconceito, mas as minorias trarão outras questões, outros problemas, enriquecerão a ciência.
"NERDICE"
A mídia tem um papel enorme. Aquele seriado "The Big Bang Theory" mostra nerds e cientistas como gente antissocial, os estranhos que não sabem se relacionar. A série "Bones" é melhor, mostra que ciência é legal.
Não sou um nerd clichê. Pratico esportes, tenho amigos, não me sento escondido no canto.
Ainda não sei nem que faculdade vou cursar. Só sei que quero continuar com pesquisas. Fui procurado por quatro grandes laboratórios que querem comercializar a minha invenção. Estou vendo qual é o melhor. Depois vem uma longa fase de testes e a aprovação pela FDA [agência reguladora de remédios dos EUA]. Leva de 5 a 10 anos até poder ser comercializado.
As escolas estão atrasadas em estimular a ciência. Encontrei vários estudantes brasileiros nas feiras de que participei. O "Team Brazil" era bem animado. Eles têm bastante apoio por lá?

Editoria de Arte/FolhapressFonte: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/12/1388790-adolescente-que-criou-teste-para-detectar-cancer-rejeita-rotulo-de-nerd.shtml