sábado, 21 de agosto de 2021

Síndrome do Impostor: Quando a dúvida sobre própria capacidade é um sintoma

Por que pessoas com grandes conquistas se sentem inseguras sobre seus próprios feitos? Se você é ativo em redes sociais e costuma ver publicações sobre humor, saúde mental ou trabalho, provavelmente já ouviu falar sobre a síndrome do impostor. O fenômeno é usado para definir pessoas inseguras com a própria capacidade, ao ponto de duvidar que tiveram conquistas pelas habilidades e a desenvolver comportamento de autossabotagem. Apesar de ser comum o assunto surgir em tom de humor, é sério e pode prejudicar o desempenho profissional, acadêmico e até mesmo pessoal.

 

Além da sensação de incapacidade e pensamentos autodepreciativos, a síndrome do impostor se manifesta na dificuldade de receber ou acreditar em elogios, comparações em excesso, autocrítica ou comportamento procrastinador. Embora tenha se tornado comum na internet há pouco tempo, o chamado Fenômeno Impostor começou a ser estudado em mulheres no ano de 1978, com o artigo "Fenômeno do Impostor em Mulheres com Alto Desempenho: Dinâmica e Intervenção Terapêutica".

 

Ao Bahia Notícias, o psicólogo Thiago Mangueira Marcos explica que em toda síndrome há influência do ambiente. "Começou a ser pesquisado em mulheres com alto rendimento, em ambientes como de doutorado ou pós-doutorado. Vinha dessa sensação de ocupar uma vaga para a qual não se sentia competente", conta. Ele relaciona o quadro ao contexto cultural da época, como o questionamento do papel da mulher e a necessidade de provar a própria capacidade.

 

Hoje, a síndrome também é estudada em homens. O psicólogo aponta que é comum onde há competitividade ou constante avaliação, como no ambiente acadêmico, entre profissionais da saúde ou atletas de alto rendimento. Além disso, afirma que é possível a síndrome se manifestar na vida pessoal, como em situações de maternidade. “A pessoa tem o desejo, mas fica se questionando se vai ser uma boa mãe e vai adiando”, detalha.

 

O Fenômeno Impostor ainda não é considerado uma doença e sim um conjunto de sintomas, que pode estar relacionado a outras síndromes, como depressão, ansiedade e baixa autoestima. Nesses casos, é avaliado o contexto de cada situação e o prejuízo que pode ser gerado. “Por exemplo: quando o funcionário assume um cargo de chefia, vem o medo. O natural seria se questionar, sentir o medo e depois decidir dar o melhor. A gente passa por esses questionamentos, mas não desiste, não adota um comportamento autossabotador. E nessa síndrome, teria”, explica.

 

Para tratar a síndrome, é preciso reconhecer o problema e seus impactos e buscar ajuda de um profissional em saúde mental. O psicólogo também indica evitar comparações em excesso; desenvolver o autoconhecimento e a autoaceitação; acolher conquistas, competências e sucessos; se propor gradualmente a fazer as funções das quais tem receio; prestar atenção nos feedbacks; e conversar com alguém confiável. “Quando você conversa com alguém, percebe que não está sozinho nesse processo e pode entender como as outras pessoas estão lidando com isso”.

Fonte: https://www.bahianoticias.com.br/saude/noticia/27419-sindrome-do-impostor-quando-a-duvida-sobre-propria-capacidade-e-um-sintoma.html

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