sábado, 20 de janeiro de 2018

Exame de sangue diagnostica câncer

Novo método é capaz de apontar oito tipos de tumores 

Miami, EUA. Um novo exame de sangue para o câncer se mostrou promissor para detectar oito tipos diferentes de tumores antes de que eles se espalhem para outras partes do corpo, oferecendo esperança de detecção precoce. No entanto, mais estudos são necessários antes que o teste, chamado CancerSEEK, possa se tornar amplamente disponível, por um custo projetado de cerca de US$ 500, aponta o estudo, publicado na revista científica americana “Science”.
A análise, liderada por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, envolveu 1.005 pacientes cujos cânceres – já pré-diagnosticados com base em seus sintomas – foram detectados com uma taxa de precisão de cerca de 70% no total. Os cânceres foram detectados nos ovários, fígado, estômago, pâncreas, esôfago, cólon ou reto, pulmão e mama.
Para cinco desses tipos de câncer – ovário, fígado, estômago, pâncreas e esôfago – não há exames de rastreio disponíveis para pessoas de risco médio. O exame foi capaz de detectar esses cinco tipos com uma faixa de sensibilidade de 69% a 98%. Em 83% dos casos, o exame foi capaz de delimitar onde, anatomicamente, o câncer estava. O teste é não invasivo e baseado na análise combinada de mutações de DNA em 16 genes de câncer, bem como dos níveis de dez biomarcadores de proteínas circulantes. “O objetivo é detectar o câncer antes que a doença seja sintomática”.
Ressalvas. Especialistas de fora do estudo alertam que mais pesquisas são necessárias. “Parece promissor, mas com várias ressalvas. Uma quantidade significativa de pesquisa adicional se faz necessária”, ressalta Mangesh Thorat, vice-diretor da Unidade de Ensaios Clínicos Barts da Universidade Queen Mary, de Londres.
“A sensibilidade do teste no câncer de estágio 1 é bastante baixa, cerca de 40%, e mesmo nos estágios 1 e 2 combinados parece ser em torno de 60%. Portanto, o exame ainda vai deixar escapar uma grande proporção de cânceres no estágio em que queremos diagnosticá-los”, explica Thorat.
Nicholas Turner, professor de oncologia molecular no Institute of Cancer Research, em Londres, por sua vez, lembra que a taxa de falso positivo de 1% do teste pode parecer baixa, mas “pode ser uma preocupação significativa para o rastreamento da população”. “Algumas pessoas podem ser avisadas que têm câncer, mas talvez não tenham a doença”.

 

Especialistas recomendam cautela, mas validam mérito

Miami. Apesar da ressalva, Nicholas Turner reconhece que o artigo pode ser interpretado como um “passo ao longo do caminho para um possível exame de sangue para detectar câncer”. “E os dados apresentados são convincentes a partir de uma perspectiva técnica sobre o exame de sangue”, complementa.

Professor de epidemiologia do câncer na Universidade de Cambridge, Paul Pharoah é mais incisivo. “Não acho que esse novo teste realmente tenha movido o campo da detecção precoce muito para frente. Continua sendo uma tecnologia promissora, mas que ainda deve ser comprovada”. Vale lembrar que outras pesquisas estão em curso para desenvolver exames de sangue que possam detectar o câncer. 

Fonte: http://www.otempo.com.br/interessa/sa%C3%BAde-e-ci%C3%AAncia/exame-de-sangue-diagnostica-c%C3%A2ncer-1.1564794

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