Em muitos hospitais não há equipe obstétrica completa e treinada para auxiliar o parto normal.
Quando a fotógrafa Daniela Toviansky, de 35 anos,
ficou grávida, passou a frequentar aulas de hidroginástica com outras
gestantes em estágios próximos de gravidez. Ela lembra que, entre uma
aula e outra, todas manifestavam um desejo em comum: ter filhos por
parto normal. "Todas acabaram fazendo cesárea", conta Daniela, que se
tornou a exceção. Seu bebê, Sebastião, nasceu após 40 semanas de
gestação e da forma como ela queria.
O que aconteceu com as
colegas da fotógrafa é uma amostra fiel da situação vivida por muitas
grávidas no Brasil hoje, especialmente entre as classes mais altas, em
um processo que muitos especialistas vêm chamando de "a indústria da
cesárea brasileira".
Com 52% dos partos feitos por cesarianas -
enquanto o índice recomendado pela OMS é de 15% -, o Brasil é o país
recordista desse tipo de parto no mundo. Na rede privada, o índice sobe
para 83%, chegando a mais de 90% em algumas maternidades. A intervenção
deixou de ser um recurso para salvar vidas e passou, na prática, a ser
regra.
Um caso extremo chamou a atenção há três semanas, quando a
gaúcha Adelir Lemos de Goes, uma mãe de 29 anos de Torres (RS), foi
obrigada por liminar da Justiça a ter seu bebê por cesárea. Ela foi
levada à força ao hospital quando já estava em trabalho de parto,
provocando debates acalorados sobre até onde a mãe o poder de decisão
sobre o próprio parto.
O caso também levou centenas de pessoas a
saírem às ruas, em cidades do Brasil e do exterior, para protestar. A
manifestação foi batizada de "Somos Todas Adelir - Meu Corpo, Minhas
Regras."
Mas por que e desde quando o Brasil começou a mergulhar
nesta verdadeira epidemia de cesáreas? Falhas profundas na
regulamentação do sistema de saúde do país e uma lógica perversa na
gestão de profissionais e obstetras que, por questões financeiras,
acabaram perdendo o hábito de fazer partos normais são algumas das
causas, agravadas principalmente pela falta de informação que cerca o
assunto.
Fonte: http://saude.ig.com.br/minhasaude/2014-04-14/desvalorizacao-de-parto-normal-torna-brasil-lider-mundial-de-cesareas.html
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