A taxa média de juros nas operações de
crédito ao consumidor atingiu em dezembro, com a terceira queda
consecutiva, o menor patamar histórico. Segundo o boletim de operações
de crédito do BC (Banco Central), publicado ontem, o percentual chegou a
34,6% ao ano. Em novembro, a taxa média ficou em 34,84% ao ano e em
outubro, 35,8%.
O resultado de dezembro apresentou redução
de 9,2 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior.
Na comparação com o último mês de 2010, o decréscimo foi menos
acentuado, de seis pontos percentuais.
Em relação
aos anos anteriores, 2012 foi o ano que o consumidor, na média dos
meses, enfrentou as menores taxas de juros nas operações de crédito. E o
salto para baixo foi marcado
em abril (41,8%) e maio (38,8%), pois apresentaram redução de,
respectivamente, 2,5 e 2,9 pontos percentuais contra os meses
anteriores. A última diminuição mais acentuada ocorreu em janeiro (55%)
de 2009, de 2,86 pontos percentuais.
O ano
passado foi marcado pela guerra dos bancos pelos clientes pessoa física,
cujas armas foram reduções de juros nas operações ao consumo. Em abril,
o BB (Banco do Brasil) e a Caixa Econômica Federal deram os primeiros golpes na batalha.
Na avaliação do professor
de Cálculo e Finanças da PUC-Minas (Pontifícia Universidade Católica) e
do Centro Universitário UNA, Leopoldo Garjeda Fernandes, o
posicionamento dos bancos públicos foi primordial para iniciar uma
competição no mercado financeiro, pois as instituições privadas, para
não perder clientes, também reduziram suas taxas.
"Acredito que essa competição foi o
principal fator que estimulou a redução da média da taxa de juros nas
operações de crédito aos consumidores", disse Fernandes. Ele considerou
que a diminuição da taxa Selic, juros básicos nacionais, contribuiu
também, mas em pequena parcela.
Desde 31 de
agosto de 2011 até 10 de outubro de 2012, o governo federal reduziu a
Selic em todas as reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), que
ocorre a cada 45 dias. Ela passou de 12,5% ao ano para 7,25% e se
manteve até a última reunião, realizada na semana passada. "A taxa Selic
é muito menor do que as cobradas dos consumidores, que chegam a 100% ao
ano. Então, teve pouca contribuição na queda", opinou Fernandes. O cheque especial, por exemplo, encerrou 2011 com taxa média de 141% ao ano.
Mas, segundo o BC, justamente o cheque
especial foi uma das duas modalidades que mais contribuíram para o
decréscimo das taxas médias, com redução mensal de 3,4 pontos
percentuais, para os atuais 141% ao ano.
A outra linha de empréstimo é o
financiamento de veículos, cujos juros caíram 0,5 ponto percentual em
relação a novembro e atingiram 19,9% ao ano, menor taxa histórica. O CDC
(Crédito Direto ao Consumidor) para outros bens também forçou a
contração da taxa média para pessoa física. A modalidade passou de 58,3%
para 57,4% ao ano. Por outro lado, as operações de crédito pessoal
ficaram mais caras. O custo médio passou de 38% ao ano, em novembro,
para 38,8% em dezembro.
Inadimplência nos empréstimos sobe e chega a 7,9%
Se por um lado a taxa de juros caiu, a
inadimplência subiu um ponto percentual em relação a novembro e encerrou
dezembro em 7,9%. É a sexta vez no ano que o BC (Banco Central) apura
este percentual de atrasos acima de 90 dias, que é o maior patamar para
2012.
Os consumidores reduziram a inadimplência
nos financiamentos de veículos, passando de 5,6% em novembro para 5,3%
em dezembro. O saldo de crédito nessas operações, que é o quanto tem
emprestado e ainda não foi liquidado, encerrou o ano em R$ 187,4
bilhões, portanto os atrasos acima de 90 dias atingiram R$ 9,9 bilhões.
Nas operações de cheque especial, a
inadimplência atingiu 14%. Já o crédito pessoa, com taxa de juros
menores do que a modalidade de limite da conta-corrente, os atrasos
acima de 90 dias ficaram em 6,4%.
Fonte: http://www.dgabc.com.br/News/6005667/juros-atingem-menor-patamar-da-historia.aspx
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