Rio de Janeiro - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) aprovou financiamento de R$ 22,5 bilhões para a construção da
Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). A decisão, tomada
na última reunião da diretoria do banco, na semana passada, foi
anunciada hoje (26) em coletiva de imprensa.
A chefe do Departamento de Energia Elétrica do BNDES, Márcia Leal,
disse que se trata do maior investimento já aprovado pela instituição. O
valor total do empreendimento é R$ 28,9 bilhões. A diferença de R$ 6,4
bilhões virá de aportes da própria Norte Energia, concessionária da
usina.
“Belo Monte é a terceira maior hidrelétrica do mundo em capacidade
instalada, com 11.233 megawatts (MW), atrás da chinesa Três Gargantas e
da Itaipu Binacional, então, em termos nacionais, é o maior projeto.
Leva nove anos para ser implantado, mas começa a gerar energia a partir
do quinto ano, a partir de fevereiro de 2015, e a previsão é que se
conclui na sua plenitude em janeiro de 2019”, explicou.
De acordo com o BNDES, o projeto prevê energia assegurada de 4.571 MW
médios e deve assegurar 33% da expansão de capacidade do país prevista
para o período de 2015 a 2019. A usina será capaz de suprir o
abastecimento de 18 milhões de residências, o que equivale ao consumo
das regiões Sul e Nordeste juntas.
Márcia destaca que, com o processo de otimização do projeto, a área
inundada foi diminuída de 1.225 quilômetros quadrados para 516
quilômetros quadrados, "sem alagamento de terras indígenas”, o que torna
Belo Monte a hidrelétrica brasileira com a melhor proporção entre
capacidade de geração e área alagada, atrás apenas de Xingó e Paulo
Afonso, que utilizam o reservatório de Sobradinho.
A dirigente lembrou que o BNDES já desembolsou R$ 2,9 bilhões para Belo
Monte, em empréstimos-ponte, de curto prazo. Esse valor está incluído
no total de R$ 22,5 bilhões liberado agora, assim como R$ 3,7 bilhões
para a compra de equipamentos dentro do Programa de Sustentação do
Investimento (PSI). O prazo total do financiamento é 30 anos.
Quanto aos aspectos socioambientais do projeto, a chefe do Departamento
de Energia Elétrica destacou a geração de 18.700 empregos diretos e 23
mil indiretos durante a construção, além de arrecadação estimada de R$
183 milhões ao ano em tributos.
“O BNDES vai acompanhar de perto a mitigação e compensação dos impactos
ambientais e os outros projetos, como a adequação da infraestrutura
urbana, programa de capacitação profissional e realocação dos
trabalhadores da obra, mecanismos de transposição de embarcações,
regularização fundiária, realocação de famílias ribeirinhas e
capacitação dos gestores públicos municipais”, informou. Do total
investido, 11,2%, equivalentes a R$ 3,2 bilhões, serão destinado a esse
fim.
O Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRS-Xingu)
vai receber R$ 500 milhões a serem administrados pelo comitê gestor para
melhorar a vida da população dos 11 municípios abrangidos pelo plano.
Além disso, a chefe do Departamento de Políticas, Articulação e
Sustentabilidade da Área de Planejamento do BNDES, Ana Maia, informou
que o banco vai atuar no entorno do empreendimento, oferecendo os
serviços disponíveis para pequenos produtores e empreendedores.
“O banco tem uma atuação calcada na política de entorno, a gente
pretende aumentar ainda mais a presença do banco financiando outros
potenciais clientes da região, tanto no setor público como no setor
privado, para a pegar a dinamização econômica que o projeto traz para a
região. Estamos movidos pelo lado positivo, das oportunidades”.
O BNDES informou também que os investimentos em infraestrutura feitos
pela instituição vão somar R$ 60 bilhões este ano. De acordo com o
superintendente da área de infraestrutura do banco, Nelson Fontes
Siffert, só no setor de energia e logística o crescimento é 20%,
passando de R$ 19 bilhões em 2011 para R$ 23,5 bilhões em 2012.
Siffert explica que a área de infraestrutura envolve mais de um setor
do banco. “A participação do BNDES em infraestrutura envolve a parte de
energia e logística e a parte da Finame [Agência Especial de
Financiamento Industrial], que financia máquinas equipamentos, além da
área social, como saneamento. Estimando todos os setores, devemos chegar
aos R$ 60 bilhões”. Segundo ele, o valor corresponde a 40% do orçamento
do BNDES.
Edição: Davi Oliveira
Fonte: http://www.ebc.com.br/2012/11/bndes-aprova-r-225-bilhoes-para-financiamento-de-belo-monte
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