sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Europa enfrenta ameaça das bactérias super-resistentes

Bactérias multirresistentes a antibióticos estão cada vez mais presentes em diversos países da Europa. O alerta foi dado pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, sigla em inglês), responsável por monitorar as doenças na União Europeia. Segundo um comunicado emitido pelo órgão, nos países onde a situação está mais crítica a resistência dessas bactérias chega a 50% dos casos.

De acordo com Marc Sprenger, diretor do ECDC, na região os índices de resistência à última linha de antibióticos pela bactéria Klebsiella pneumoniae mais do que dobraram para 15%, em 2010 — frente a 7% há cinco anos. "Precisamos declarar uma guerra contra essas bactérias resistentes. Do contrário, muitas pessoas adoecerão e nós não teremos antibióticos para tratá-las", disse em entrevista à agência Reuters.

A bactéria K. pneumoniae é uma das causas comuns de pneumonia e de infecções do trato urinário e da corrente sanguínea em pacientes internados. Essa bactéria é ainda resistente a uma classe de remédios chamada carbapenema (antibiótico mais potente conhecido), que são usados normalmente como uma última linha de defesa no tratamento médico. Segundo o ECDC, diversos membros da União Europeia estão relatando que entre 15% e 50% das infecções sanguíneas causadas pela K. pneumoniae são resistentes ao carbapenema.

Uso inadequado — Em grande medida, a resistência ao antibiótico é impulsionada pelo mau uso dessas drogas, que levam as bactérias a desenvolverem novas maneiras de sobreviver. Especialistas afirmam que os médicos que fazem os cuidados primários são em parte responsáveis pela prescrição desnecessária de antibióticos, e os hospitais pelo seu uso em excesso. "Cerca de 50% de todas as vezes que um antibiótico é usado em um hospital ele está sendo usado de maneira inapropriada", afirma o ECDC.

Ao mesmo tempo, existem poucos antibióticos sendo estudados. O panorama preocupa especialistas, já que apenas algumas grandes companhias farmacêuticas, como GlaxoSmithKline e AstraZeneca, ainda mantêm pesquisas sobre antibióticos e programas em desenvolvimento. Segundo Sprenger, os países com os maiores índices de infecções multirresistentes, como Grécia, Chipre, Itália, Hungria e Bulgária, também tendem a ser os que apresentam índices mais elevados de uso de antibióticos. "Em geral, o que se vê é que a alta resistência anda de mãos dadas com o alto consumo."

Ásia — Em um relatório de risco emitido sobre um gene conhecido como New Delhi metallo-beta-lactamase, ou NDM-1 (faz a bactéria ser altamente resistente a quase todas as drogas), o ECDC afirmou que 106 casos de infecções envolvendo o gene foram notificados em 13 países europeus até o fim de março deste ano. Até o fim de 2010, haviam sido registrados 77 casos nos mesmos 13 países.

A maioria dos casos — 68 dos 106 — aconteceu na Grã-Bretanha. Desses, 25 foram em pessoas que haviam viajado ou sido hospitalizadas na Índia ou no Paquistão. O gene NDM-1 é frequentemente encontrado em bactérias como a K. pneumoniae e E. coli. "Os genes nessas bactérias são importados de todo o mundo, então é muito importante fazer a triagem de todos os pacientes que vêm do exterior, especialmente de áreas onde há alta prevalência, como a Índia", disse Sprenger à Reuters.

Fonte: http://camacarinoticias.com.br/leitura.php?id=146802

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