
Ao longo dos 30 minutos entre o início e o fim da entrevista coletiva, o técnico foi irônico outras vezes, sempre tendo a imprensa como alvo. Ao ser questionado sobre a folga dos jogadores após o triunfo sobre Costa do Marfin, Dunga, mais uma vez foi duro e ríspido ao criticar o comportamento dos jornalistas após o jogo.
“Folga pra que, para vocês ficarem perseguindo eles pelos shoppings? Não, é melhor ficarmos todos juntos, reservados e descansando no hotel”, disse o treinador.
Ao sair da mesa da entrevista coletiva, ainda muito irritado, fazendo “cara de mau”, Dunga se levantou e continuou pronunciando mais ofensas e palavras impublicáveis, e parou por alguns instantes para discutir com um representante da Rede Globo.
A empresa se manifestou oficialmente na madrugada de ontem, durante seus boletins ao vivo de Johanesburgo, na África do Sul, através do jornalista Tadeu Schimidt, lamentando o clima de hostilidade e frisando que o objetivo da emissora é informar o torcedor brasileiro.
Briga comprada, briga perdida
Ficou claro e definido, após a vitória do Brasil de 3 a 1 sobre Costa do Marfin, que o técnico Dunga comprou briga com a imprensa. O estremecimento já vinha de antes, piorando quando o técnico resolveu blindar a seleção do assédio dos jornalistas na África do Sul. Mas com o seu comportamento na coletiva pós-jogo deste domingo, Dunga cuspiu além da linha. E o gaúcho arranjou encrenca da pior forma possível, mexendo com um dos mais queridos jornalistas esportivos.
A vítima da vez foi o jornalista Alex Escobar, que o repórter Tadeu Schmidt classificou a atitude de Dunga como “comportamento incompatível”. No dia da convocação para a Copa da África, a vítima foi o correspondente da Rádio Gaúcha, Sérgio Guimarães, que foi tratado de forma grosseira pela dupla Dunga e Jorginho. Na verdade, a atitude do técnico é muito mais uma consequência dessa antipatia da mídia contra ele do que um mero descontrole emocional.
Durante a Copa do Mundo de 1990, Dunga foi um dos grandes responsáveis pelo desentendimento dos jogadores por causa da premiação para o título, motivo que levou o Brasil a realizar uma pífia campanha no torneio. Na copa seguinte, Dunga vestiu a carapuça de guerreiro oferendada pelo marketing. Foi campeão nos pênaltis mesmo sendo um medíocre e desde então acredita estar acima do bem e do mal. Como se Romário e Bebeto por lá não tivessem passado.
“O atual técnico tem se destacado por arrogância inexplicável. Se é para fazer o estilo durão, talvez com inveja de Felipão, o faz de maneira cega. As matérias devem refletir nos jornais impressos, como no Sistema Globo de Rádio. Outros veículos e outras mídias deverão seguir pelo mesmo caminho, pois o corporativismo de momento fala mais alto que as barreiras empresariais. E Dunga adentrou de vez pela trilha sem volta da antipatia ampla, geral e irrestrita dos jornalistas. Seja qual for à colocação do Brasil nesta Copa, Dunga perdeu”.
Fonte: http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=51295
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