terça-feira, 22 de junho de 2010

Rixa. Paz da seleção está sob risco


Os ânimos exaltados e a violência do segundo tempo do jogo do Brasil contra a Costa do Marfim não se resumiram ao campo do Estádio Soccer City, na cidade de Johanesburgo, na África do Sul. O clima de violência e rivalidade contaminou o técnico da seleção brasileira, Dunga, que no final da partida, após a expulsão do meia Kaká, chamou o árbitro de "ladrão", e xingou o atacante Drogba, da Costa do Marfim. Depois, na entrevista coletiva após a partida, o sangue do treinador do Brasil ainda estava quente e o alvo foi a imprensa, principalmente a de seu próprio País.

Durante a entrevista, Dunga acusava os jornalistas de ter cobrado a saída de Luis Fabiano do time titular, quando viu o repórter da Rede Globo de Televisão, Alex Escobar, que conversava ao telefone com um colega, balançar a cabeça, discordando dos argumentos do técnico brasileiro. Nesse momento, o treinador da seleção interrompeu a frase para interpelar o jornalista: “Algum problema?”.

O treinador recebeu como resposta: “Nem estou olhando para você, Dunga”. Inconformado com o que ouviu, o treinador replicou bem baixo, mas os microfones do sistema de som da sala de entrevistas da seleção brasileira captaram: “Besta, burro, cagão!”, criando um clima de tensão e desconforto entre todos os que estavam presentes na coletiva.

Ao longo dos 30 minutos entre o início e o fim da entrevista coletiva, o técnico foi irônico outras vezes, sempre tendo a imprensa como alvo. Ao ser questionado sobre a folga dos jogadores após o triunfo sobre Costa do Marfin, Dunga, mais uma vez foi duro e ríspido ao criticar o comportamento dos jornalistas após o jogo.

“Folga pra que, para vocês ficarem perseguindo eles pelos shoppings? Não, é melhor ficarmos todos juntos, reservados e descansando no hotel”, disse o treinador.

Ao sair da mesa da entrevista coletiva, ainda muito irritado, fazendo “cara de mau”, Dunga se levantou e continuou pronunciando mais ofensas e palavras impublicáveis, e parou por alguns instantes para discutir com um representante da Rede Globo.

A empresa se manifestou oficialmente na madrugada de ontem, durante seus boletins ao vivo de Johanesburgo, na África do Sul, através do jornalista Tadeu Schimidt, lamentando o clima de hostilidade e frisando que o objetivo da emissora é informar o torcedor brasileiro.

Briga comprada, briga perdida

Ficou claro e definido, após a vitória do Brasil de 3 a 1 sobre Costa do Marfin, que o técnico Dunga comprou briga com a imprensa. O estremecimento já vinha de antes, piorando quando o técnico resolveu blindar a seleção do assédio dos jornalistas na África do Sul. Mas com o seu comportamento na coletiva pós-jogo deste domingo, Dunga cuspiu além da linha. E o gaúcho arranjou encrenca da pior forma possível, mexendo com um dos mais queridos jornalistas esportivos.

A vítima da vez foi o jornalista Alex Escobar, que o repórter Tadeu Schmidt classificou a atitude de Dunga como “comportamento incompatível”. No dia da convocação para a Copa da África, a vítima foi o correspondente da Rádio Gaúcha, Sérgio Guimarães, que foi tratado de forma grosseira pela dupla Dunga e Jorginho. Na verdade, a atitude do técnico é muito mais uma consequência dessa antipatia da mídia contra ele do que um mero descontrole emocional.

Durante a Copa do Mundo de 1990, Dunga foi um dos grandes responsáveis pelo desentendimento dos jogadores por causa da premiação para o título, motivo que levou o Brasil a realizar uma pífia campanha no torneio. Na copa seguinte, Dunga vestiu a carapuça de guerreiro oferendada pelo marketing. Foi campeão nos pênaltis mesmo sendo um medíocre e desde então acredita estar acima do bem e do mal. Como se Romário e Bebeto por lá não tivessem passado.

“O atual técnico tem se destacado por arrogância inexplicável. Se é para fazer o estilo durão, talvez com inveja de Felipão, o faz de maneira cega. As matérias devem refletir nos jornais impressos, como no Sistema Globo de Rádio. Outros veículos e outras mídias deverão seguir pelo mesmo caminho, pois o corporativismo de momento fala mais alto que as barreiras empresariais. E Dunga adentrou de vez pela trilha sem volta da antipatia ampla, geral e irrestrita dos jornalistas. Seja qual for à colocação do Brasil nesta Copa, Dunga perdeu”.


Fonte: http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=51295

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