segunda-feira, 31 de maio de 2010

Marqueteiros recomendam: beijar faz bem aos candidatos

Mário Tonocchi - 30/5/2010 - 19h25

Antônio Cruz/Abr

O velho hábito do candidato de levantar a criança no meio da multidão e dar um beijinho carinhoso nela ainda provoca comoção no eleitor e agrega votos. É o que acreditam especialistas que trabalham com assessoria eleitoral e parlamentar. "O beijo em crianças sempre é bem-vindo.

O ditado antigo 'quem meu filho beija minha boca adoça' ainda é válido", diz o presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos e Assessores Eleitorais (ABCOP), Carlos Manhanelli. Para o consultor, o "beijo eleitoral" também pode ser considerado um gesto natural humano.

"Em campanha, trocar afeto não é diferente de outras formas de comunicação. O marketing atual, inclusive, sempre recomenda um mix de ações de campanha consagradas, com as novas técnicas e metodologias de campanhas eleitorais", afirma o especialista. Também continua valendo o cafezinho na padaria da esquina, o pastel de feira, abraço e aperto de mão.

Autor de duas dúzias de livros sobre marketing político, Luiz Roberto Dalpiaz Rech, de Porto Alegre (RS) vai além e diz que é necessário observar o comportamento do candidato ao longo de sua carreira para determinar se ele pode ou não, por exemplo, sair beijando quem aparece pela frente durante o corpo a corpo com o eleitor. "A Dilma (Rousseff), por exemplo, 'carrancuda' como é conhecida aqui no Rio Grande do Sul, não pode sair beijando a torto e a direito. Já o candidato (José) Serra é mais conhecido e pratica isso há mais tempo. O eleitor reconhece isso", observa.

Rech lembra, no entanto que a candidata do PT está "se soltando mais com o passar do tempo". "Ela está mudando aos poucos para não assustar o eleitor e se aproximar mais dele", diz. "O que não pode é o efeito do desodorante vencido do candidato. E isso pode acontecer com uma pessoa em campanha e isso causa um efeito contrário, de rejeição, no eleitor", conclui.

Já o beijo entre os candidatos adversários quando se encontram em eventos ou debates desperta sensações distintas do beijo eleitoral. Para Manhanelli o eleitor vê o ato como "o famoso beijo da máfia. É um desejo de morte (morte eleitoral) com certeza". Rech também apela para como o candidato é conhecido para permitir ou não que um assessorado seu beije o concorrente ou a concorrente. "Se tenho uma pessoa que não está acostumada a sorrir para os outros. Se é uma pessoa sempre com a cara fechada, ela não pode de uma hora para outra sair por aí rindo à toa. O eleitor verá isso como uma forma do candidato enganar o eleitorado passando uma imagem do que não é".

Internacional -O beijo político mais representativo da era moderna foi eternizado sobre um trecho remanescente do muro de Berlim onde mais de 100 artistas deixaram sua marca depois da queda da muralha. O famoso "Der Bruderkuss", o Beijo Fraterno, retratando o líder soviético Leonid Brejnev e o líder da então República Democrática Alemã (RDA), Erich Honecker refletiu o intenso momento político da época e acabou virando arte. A obra, do artista russo de 48 anos Dmitri Vrubel, foi apagada pelas autoridades alemãs em abril do ano passado.

De acordo com o jornalista, pesquisador e especialista sobre o ato de beijar, diretor de TV e cinema Pedro Paulo Carneiro, o beijo e a política caminham juntos desde a civilização grega. "Em Roma, o gesto também era muito praticado entre políticos", disse. Depois de 13 anos de pesquisa de campo, Carneiro lançou, em 2003, o "Dossiê do Beijo", em que relaciona 484 formas de beijar. Para completar a obra, junto com o psicólogo inglês Marc Thompson, o autor entrevistou cerca de 16 mil pessoas em todo mundo sobre as sensações, curiosidades e histórias do beijo.

Calorias -A obra mostra curiosidades dos beijos como a soma de que 29 músculos são ativados em um ato apaixonado. Nesse caso, o que não acontece com o beijo político, o coração dispara, passando de 70 para 150 batimentos por minuto e o corpo aquece queimando até 15 calorias . A pressão arterial sobe e o nível de serotonina – substância neurotransmissora que dá a sensação de euforia e relaxamento – aumenta nesse momento. Segundo o pesquisador, uma pessoa troca, em média, 24 mil beijos (de todos os tipos, dos maternais aos apaixonados e até roubados) ao longo da vida. E há até o Dia Internacional do Beijo, em 13 de abril.

Fonte: http://www.dcomercio.com.br/Materia.aspx?id=46150

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