Ninguém reluta em levar o filho para  tomar uma vacina contra sarampo ou paralisia infantil, mas na hora de  cuidar da própria saúde, muitos adultos negligenciam as campanhas de  vacinação. Não é apenas o organismo da criança que está sujeito à  doenças que o corpo não está preparado para combater.
Em todas as fases de nossa vida, estamos suscetíveis a infecções por  vírus e bactérias que, se não tratadas, podem causar muitos problemas.  “Faz parte da cultura dos brasileiros achar que vacinação é assunto de  criança. Mesmo que esse quadro esteja mudando, os adultos ainda não  tratam as vacinas com seriedade”, diz o infectologista Paulo Olzon, da  Unifesp. 
 As doenças crônicas que se manifestam mais na vida adulta são fortes  indicadores de que o indivíduo precisa se vacinar. “As pessoas que estão  em grupos de risco, como as pessoas com mais de 60 anos ou aquelas que  têm doenças crônicas, devem sempre estar informadas sobre a vacinação”,  explica o especialista.
 Existem vacinas tanto para bactérias como para vírus. “No primeiro  caso, a vacinação é feita para controlar surtos epidemiológicos. Já no  caso dos vírus, a imunização normalmente dura a vida toda, sendo  necessárias apenas algumas doses de reforço para garantir que a doença  não vai mais voltar”, diz Paulo Olzon. 
 Dupla tipo adulto - para difteria e tétano
 A difteria é causada por uma bactéria, que é contraída pelo contato  com secreções de pessoas infectadas. Ela afeta o sistema respiratório,  causa febres e dores de cabeça, em casos graves, pode evoluir para uma  inflamação no coração.  A toxina da bactéria causadora do tétano  compromete os músculos e leva a espasmos involuntários.
  A musculatura respiratória é uma das mais comprometidas pelo tétano.  Se a doença não for tratada precocemente, pode haver uma parada  respiratória devido ao comprometimento do diafragma, músculo responsável  por boa parte da respiração, levando a morte. Ferir o pé com prego  enferrujado que está no chão é uma das formas mais conhecidas do  contágio do tétano.
 A primeira parte da vacinação contra difteria e tétano é feita em  três doses, com intervalo de dois meses. Geralmente, essas três doses  são tomadas na infância. Então confira a sua carteira de vacinação para  certificar-se se a vacinação está em ordem. Depois delas, o reforço deve  ser feito a cada dez anos para que a imunização continue eficaz. É  nesse momento que os adultos cometem um erro, deixando a vacina de lado.   
 Tríplice-viral - para sarampo, caxumba e rubéola
 Causado por um vírus, o sarampo é caracterizado por manchas vermelhas  no corpo. A transmissão ocorre por via respiratória. De acordo com  dados do Ministério da Saúde, a mortalidade entre crianças saudáveis é  mínima, ficando abaixo de 0,2% dos casos. Nos adultos, essa doença é  pouco observada, mas como a forma de contágio é simples, os adultos  devem ser imunizados para proteger as crianças com quem convivem.
 Conhecida por deixar o pescoço inchado, a caxumba também tem  transmissão por via respiratória. Mesmo que seja mais comum em crianças,  a caxumba apresenta casos mais graves em adultos, podendo causar  meningite, encefalite, surdez, inflamação nos testículos ou dos ovários,  e mais raramente no pâncreas.
 
Já a rubéola é caracterizada pelo aumento dos gânglios do pescoço e por  manchas avermelhadas na pele, é mais perigosa para gestantes. O vírus  pode levar à síndrome da rubéola congênita, que prejudica a formação do  bebê nos três primeiros meses de gravidez. A síndrome causa surdez,  má-formação cardíaca, catarata e atraso no desenvolvimento.
O adulto deve tomar a tríplice-viral se ainda não tiver recebido as duas  doses recomendadas para a imunização completa quando era criança e se  tiver nascido depois de 1960. O Ministério da Saúde considera que as  pessoas que nasceram antes dessa data já tiveram essas doenças e estão  imunizados, ou já foram vacinados anteriormente.
 Mesmo que todos com essas características devam ser vacinados, as  mulheres que pretendem ter filhos, que não foram imunizadas ou nunca  tiveram rubéola devem tomar a vacina um mês antes de engravidar, já que a  rubéola é bastante perigosa quando acomete gestantes, podendo causar  deformidade no feto.  
 Contra a hepatite B
 A Hepatite B é transmitida pelo sangue, e em geral não apresenta  sintomas. Alguns pacientes se curam naturalmente sem mesmo perceber que  tem a doença. Em outros, a doença pode se tornar crônica, levando a  lesões do fígado que podem evoluir para a cirrose. “A imunização contra  essa doença é importante, pois ela pode causar problemas sérios, como  câncer no fígado”, diz Paulo Olzon.
 De acordo com o especialista, há algumas décadas, o tipo B da  hepatite era o mais encontrado, já que ela pode ser transmitida através  da relação sexual e as pessoas não tomavam cuidado com a prevenção de  doenças sexualmente transmissíveis. Depois de uma campanha de vacinação e  imunização, e da classificação da hepatite C pelos médicos, ela não  pode ser vista como epidemia, mas ainda é preciso tomar cuidado com essa  doença. 
 Até os 19 anos, todas as pessoas podem tomar a vacina contra hepatite  B, gratuitamente, em qualquer posto de saúde. A aplicação da vacina  também continua de graça, quando o adulto faz parte de um grupo de  risco. “Pessoas que tenham contato com sangue, como profissionais de  saúde, podólogos, manicures, tatuadores e bombeiros, ou que tenham  relacionamentos íntimos com portador da doença são as mais expostas a  essa doença”, diz o especialista. Fora isso, qualquer adulto pode  encontrar a vacina em clínicas particulares. 
 Pneumo 23 - Pneumonia 
 O pneumococo, bactéria que pode causar a pneumonia, entre outras  doenças, pode atacar pessoas de todas as idades, principalmente  indivíduos com mais de 60 anos. “Pessoas com essa idade não podem deixar  de tomar a vacina pneumo 23”, diz Paulo Olzon.
 A pneumonia é o nome dado a inflamação nos pulmões causada por  agentes infecciosos (bactérias, vírus, fungos e reações alérgicas).  Entre os principais sintomas dessa inflamação dos pulmões, estão febre  alta, suor intenso, calafrios, falta de ar, dor no peito e tosse com  catarro. Adultos com doenças crônicas em órgãos como pulmão e coração  -alvos mais fáceis para o pneumococo, devem tomar essa vacina sempre que  há uma campanha de vacinação.
  Mesmo que ela seja uma das vacinas mais importantes para ser tomadas  é a única vacina do calendário que não é oferecida em postos de saúde. É  preciso ir a um Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais, em  locais como o Hospital das Clínicas e a Unifesp.  
 Contra a febre amarela
 A febre amarela é transmitida pelo mesmo mosquito transmissor da  dengue, o Aedes aegypti. A doença tem como principais sintomas febre,  dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia  (pele e olhos amarelados) e hemorragias. “Se a febre amarela não for  tratada, pode levar a morte”, explica o especialista.
 Por ser uma doença grave, e com alto índice de mortalidade, todas as  pessoas que moram em locais de risco devem tomar a vacina a cada dez  anos, durante toda a vida. Quem for para uma dessas regiões precisa ser  vacinado pelo menos dez dias antes da viagem. No Brasil, as áreas de  risco são: zonas rurais no Norte e no Centro-Oeste do país e alguns  municípios dos Estados do Maranhão, do Piauí, da Bahia, de Minas Gerais,  de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
 Mesmo que os efeitos colaterais mais sérios sejam muito raros, a  vacina contra febre amarela deve ficar restrita aqueles indivíduos que  moram ou irão viajar para algum lugar de risco. “Nesse sentido, a  preocupação dos médicos está relacionada ao risco de reação alérgica  grave ou anafilática, que pode levar a morte os pacientes propensos”,  explica o infectologista Paulo Olzon.
 Contra o influenza (gripe)
 A vacina contra gripe deve estar na rotina de quem está com mais de  60 anos. “Muitas pessoas deixam de tomá-la com medo da reação que ela  pode causar. Mas isso é um mito, já que a suposta reação do corpo não  tem nada a ver com a vacina, e sim com a própria gripe. Isso porque, o  vírus da gripe fica semanas em nosso corpo sem se manifestar e a  proteção da vacina não é imediata como as pessoas imaginam”, diz o  especialista.
A gripe é transmitida por via respiratória, leva a dores musculares e a  febres altas. Seu ciclo costuma ser de uma semana. Pessoas com mais de  60 anos podem tomar a vacina nos postos de saúde, enquanto os mais  jovens podem ser vacinados em clínicas particulares.
“Os idosos que não querem esperar até a campanha anual de vacinação  contra a gripe podem tomar a vacina em clínicas particulares em todas as  épocas do ano”, diz Paulo Olzon. Por Minha Vida
Fonte:http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=70795