"Ele teve a intenção de matar, pois conhecia os riscos", afirma delegado sobre motorista de carreta
O sono de Ana Paula da Silva, 23 anos, foi
interrompido às 6h por um forte impacto sofrido pelo
ônibus em que viajava com seu filho de 2 anos, Guilherme
Gohan da Silva. “Eu acordei desesperada, com medo de que
algo tivesse acontecido com meu filho, mas ele estava
bem”, lembrou. “Quando olhei ao redor, comecei a gritar
por ajuda, estava tudo destruído. Eu fiquei em pânico,
até que um homem que estava do lado de fora me ajudou a
sair. Estar viva é uma bênção divina”, afirmou. O
cenário que Ana Paula viu era assustador. Bancos e
ferros retorcidos, janelas quebradas, malas e roupas
espalhadas. O ônibus em que ela viajava estava partido
ao meio. O motorista e mais nove passageiros morreram na
hora. Outros três morreram no hospital, totalizando 13,
e 16 continuavam internados até as 22h. O impacto havia
sido com um trator que caiu de uma carreta e atingiu o
coletivo de frente no km 322 da BR-110, entre Alagoinhas
e Inhambupe. Com a força da colisão, um corpo foi parar
do outro lado da pista, no mato. Ana Paula e o filho –
que moram em Paulo Afonso e voltavam de uma visita à
casa da irmã da jovem, em Belo Horizonte – foram os
únicos passageiros que saíram ilesos. O ônibus, da
empresa Gontijo (placa GSV 4620), saiu de São Paulo às
23h de sábado e tinha como destino final Paulo Afonso,
onde deveria chegar às 13h10 de ontem. Dos 2.280 km de
viagem, já havia cumprido 2 mil. Já o caminhão (placa
JQT 9144) conduzido por Joniçon Lima Santos, 43, havia
sido contratado pela empresa São Luiz Terraplanagem para
fazer o transporte de um trator esteira de Inhambupe
para uma obra em Alagoinhas – viajaria, portanto, 38
quilômetros. Porém, faltando dez quilômetros para chegar
em Alagoinhas, após uma curva, a máquina, de 35
toneladas, se desprendeu e caiu do caminhão, invadindo a
pista contrária em um trecho em descida. No outro
sentido, finalizando a subida, vinha o ônibus, conduzido
por Josevaldo Lima da Silva, 33 anos. Ele havia assumido
a direção em Feira de Santana. Segundo testemunhas, ele
ainda tentou jogar para o acostamento a fim de desviar
do trator. Mas não deu tempo. O caminhão não foi
atingido. Em depoimento, Joniçon explicou que seguia a
uma velocidade entre 40 e 60 km/h. De acordo com o
coordenador do Departamento de Polícia Técnica (DPT) de
Alagoinhas, Luís Mascarenhas, a perícia concluiu que o
acidente foi consequência de um ato negligente do
caminhoneiro e da empresa para qual ele trabalhava, pois
o trator seguia sem amarras de segurança e, no momento
da frenagem o equipamento se desprendeu com facilidade,
causando a tragédia. De acordo com a polícia, o ônibus
seguia a cerca de 70 km/h. Joniçon foi autuado em
flagrante e teve o mandado de prisão preventiva expedido
pela Vara Criminal de Alagoinhas no fim da tarde,
segundo o titular da 2º Coordenadoria Regional do
Interior, Jobson Marques. Segundo ele, além do
caminhoneiro, a empresa também será acionada. “No
depoimento, Joniçon tentou responsabilizar a empresa
pelo acidente, mas ambos são culpados, pois não tiveram
a cautela mínima exigida”, explicou o delegado. “Ao
conduzir o equipamento sem segurança, ele teve a
intenção de matar, pois conhecia os riscos”, afirmou.
Josevaldo trabalhava desde 2012 na Gontijo e deveria
guiar o veículo até o destino final, após a quarta e
última troca de motorista, em e Feira de Santana. Antes
do acidente, o ônibus havia feito paradas em Belo
Horizonte (MG), Governador Valadares (MG) e Vitória da
Conquista. A Gontijo lamentou a tragédia e informou que,
apesar de não ser responsável pelo acidente, está
prestando assistência às vítimas.
Atendimento
O Samu conduziu 19 feridos ao Hospital Regional
Dantas Bião, em Alagoinhas. Segundo a instituição, três
morreram após dar entrada no centro cirúrgico. Outros
quatro — Maria São Pedro, Amauri Matos, Olindina
Vicentina e uma mulher identificada como Aurizete —
foram transferidos para o Hospital das Clínicas de
Alagoinhas (HCA). Em nota, o Hospital Regional Dantas
Bião ainda informou que “os demais pacientes seguem
internados, alguns em estado grave”. Os nomes das
vítimas, nem o estado de saúde foram informados. Além do
nome do motorista de ônibus, confirmado pela empresa, de
acordo com o DPT, até a noite de ontem só foram
identificados os corpos de José Silva Santos e Terezinha
Ribeiro da Silva. Segundo o coordenador do DPT, Luís
Mascarenhas, em função do estado dos corpos, alguns só
poderão ser reconhecidos através da análise das
impressões digitais. O trabalho de perícia, limpeza da
pista e retirada dos veículos durou cerca de sete horas.
A via só foi liberada às 13h.
(Informações do site Correio da Bahia)
Fonte: http://www.aragaonoticias.com.br/
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