Considerada a primeira-dama do jornalismo baiano e, acima de tudo, 
uma mulher à frente de seu tempo, morreu nesta quinta, 03, no Rio de 
Janeiro, aos 99 anos, Regina Helena Simões de Mello Leitão. Ela será 
sepultada nesta sexta, 04 no Cemitério São João Batista, no bairro de 
Botafogo, Rio de Janeiro, às 11 horas.
A missa de sétimo dia será celebrada em Salvador. Posteriormente, 
os restos mortais serão trasladados para o mausoléu da família também na
 capital baiana, onde está sepultado o pai e fundador de A TARDE, 
Ernesto Simões Filho.
Regina se destacou no mundo empresarial em uma época em que era 
pouco habitual às mulheres ocuparem cargos executivos. A força de sua 
influência jamais se sobressaiu à discrição com que atuou na defesa dos 
interesses da empresa fundada pelo pai. Nascida em Salvador no dia 28 de
 agosto de 1912, pouco menos de dois meses antes da fundação de A TARDE,
 dona Regina, como era carinhosamente chamada, desde cedo se fez 
presente ao lado do pai em suas lutas políticas. E não foram poucas.
A definição que sintetiza bem a sua personalidade foi feita pelo 
ex-governador da Bahia Waldir Pires, na edição especial que marcou os 98
 anos de A TARDE:  “Uma mulher com rumo, que sabe o que quer fazer. Uma 
mulher firme e afirmativa. Uma mulher contemporânea”.
Desafio - Ao longo do período em que o pai foi 
ministro da Educação de Getúlio Vargas (1951-1953), ela passou a 
acompanhá-lo a eventos e solenidades, devido a problemas de saúde que 
acometiam sua mãe, Helena Simões. Absorveu as inquietações que faziam 
parte do cotidiano do pai, principalmente sendo Simões Filho um 
jornalista combativo, líder político e um homem que buscou a construção 
de uma sociedade mais justa.
Desde a morte de Simões Filho, em novembro de 1957, passou a 
enfrentar com firmeza o desafio de conduzir o destino de A TARDE, tarefa
 que cumpriu com êxito ao longo de 52 anos. Nos últimos dois anos, já 
com a saúde debilitada pela idade, ela deixou de frequentar o jornal.
Esteve à frente de A TARDE no período em que o Brasil passou por 
profundas transformações políticas e sociais, muitas delas turbulentas, 
como o golpe militar de 1964, a redemocratização a partir do final dos 
anos 70 e os novos tempos da economia estabilizada e do real.
Entre os muitos amigos e admiradores, a opinião é unânime: “Foi, 
sem nenhuma dúvida, uma grande figura que teve o dom de fazer prosperar o
 jornal que o pai instituiu. Ela atuou como aglutinadora do jornal. 
Exemplo de equilíbrio, firmeza e sabedoria de conduzir, de vencer 
obstáculos”.
O espírito firme do fundador de A TARDE serviu de inspiração para 
que Regina Simões mantivesse vivo o trabalho construído por seu pai. 
Esta ligação afetiva foi manifestada por ela, durante a homenagem post 
mortem que Simões Filho recebeu em outubro de 1992 da Associação Bahiana
 de Imprensa: “Procuramos ser dignos do ideal de independência que nosso
 pai nos deixou”.
Vida pública - A jornalista e colunista do portal 
R7 Hildegard Angel lembra dos anos da atuação de dona Regina como grande
 dama da sociedade soteropolitana, carioca e também do society 
internacional. “Ela chegou a ser amiga de Greta Garbo e abafava em Paris
 com suas joias deslumbrantes”, escreveu a colunista em seu blog.
Regina Simões herdou da mãe o prazer pelo convívio social e as 
grandes recepções, lembra Hildegard. “Sempre recebia de modo magnífico, 
na Urca, no Rio, em sua casa da Av. Portugal, onde, logo que se casou 
com Mello Leitão, era vizinha dos pais ainda vivos. Era a mais fiel 
hóspede do Plaza Athénée, em Paris, onde tinha suíte cativa, anualmente,
 na sua temporada de férias, em maio e junho, e no Regency, em Nova 
York, onde ia, em outubro, novembro, sempre com a amiga Evelina Chamma”,
 diz Hildegard.
Sabia retribuir os convites para festas memoráveis nos salões 
baianos e cariocas. “Era convidada frequente de jantares e almoços de 
Lily de Carvalho Marinho, Ruth Pinheiro Guimarães, Astréa Campos da 
Silva e Evelina. O que era mais agradável em sua personalidade era seu 
surpreendente senso de humor, sob o véu da austera grande dama social”, 
acrescenta a colunista Hildegard Angel.
*Colaborou Meire Oliveira
Fonte: http://atarde.uol.com.br/cidades/noticia.jsf?id=5833634&t=Morre+aos+99+anos+ex-presidente+do+Grupo+A+TARDE 

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