sexta-feira, 4 de maio de 2012

Morre aos 99 anos ex-presidente do Grupo A TARDE

Considerada a primeira-dama do jornalismo baiano e, acima de tudo, uma mulher à frente de seu tempo, morreu nesta quinta, 03, no Rio de Janeiro, aos 99 anos, Regina Helena Simões de Mello Leitão. Ela será sepultada nesta sexta, 04 no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, às 11 horas.
 
A missa de sétimo dia será celebrada em Salvador. Posteriormente, os restos mortais serão trasladados para o mausoléu da família também na capital baiana, onde está sepultado o pai e fundador de A TARDE, Ernesto Simões Filho.
 
Regina se destacou no mundo empresarial em uma época em que era pouco habitual às mulheres ocuparem cargos executivos. A força de sua influência jamais se sobressaiu à discrição com que atuou na defesa dos interesses da empresa fundada pelo pai. Nascida em Salvador no dia 28 de agosto de 1912, pouco menos de dois meses antes da fundação de A TARDE, dona Regina, como era carinhosamente chamada, desde cedo se fez presente ao lado do pai em suas lutas políticas. E não foram poucas.
 
A definição que sintetiza bem a sua personalidade foi feita pelo ex-governador da Bahia Waldir Pires, na edição especial que marcou os 98 anos de A TARDE:  “Uma mulher com rumo, que sabe o que quer fazer. Uma mulher firme e afirmativa. Uma mulher contemporânea”.
 
Desafio - Ao longo do período em que o pai foi ministro da Educação de Getúlio Vargas (1951-1953), ela passou a acompanhá-lo a eventos e solenidades, devido a problemas de saúde que acometiam sua mãe, Helena Simões. Absorveu as inquietações que faziam parte do cotidiano do pai, principalmente sendo Simões Filho um jornalista combativo, líder político e um homem que buscou a construção de uma sociedade mais justa.
 
Desde a morte de Simões Filho, em novembro de 1957, passou a enfrentar com firmeza o desafio de conduzir o destino de A TARDE, tarefa que cumpriu com êxito ao longo de 52 anos. Nos últimos dois anos, já com a saúde debilitada pela idade, ela deixou de frequentar o jornal.
 
Esteve à frente de A TARDE no período em que o Brasil passou por profundas transformações políticas e sociais, muitas delas turbulentas, como o golpe militar de 1964, a redemocratização a partir do final dos anos 70 e os novos tempos da economia estabilizada e do real.
 
Entre os muitos amigos e admiradores, a opinião é unânime: “Foi, sem nenhuma dúvida, uma grande figura que teve o dom de fazer prosperar o jornal que o pai instituiu. Ela atuou como aglutinadora do jornal. Exemplo de equilíbrio, firmeza e sabedoria de conduzir, de vencer obstáculos”.
 
O espírito firme do fundador de A TARDE serviu de inspiração para que Regina Simões mantivesse vivo o trabalho construído por seu pai. Esta ligação afetiva foi manifestada por ela, durante a homenagem post mortem que Simões Filho recebeu em outubro de 1992 da Associação Bahiana de Imprensa: “Procuramos ser dignos do ideal de independência que nosso pai nos deixou”.
 
Vida pública - A jornalista e colunista do portal R7 Hildegard Angel lembra dos anos da atuação de dona Regina como grande dama da sociedade soteropolitana, carioca e também do society internacional. “Ela chegou a ser amiga de Greta Garbo e abafava em Paris com suas joias deslumbrantes”, escreveu a colunista em seu blog.
 
Regina Simões herdou da mãe o prazer pelo convívio social e as grandes recepções, lembra Hildegard. “Sempre recebia de modo magnífico, na Urca, no Rio, em sua casa da Av. Portugal, onde, logo que se casou com Mello Leitão, era vizinha dos pais ainda vivos. Era a mais fiel hóspede do Plaza Athénée, em Paris, onde tinha suíte cativa, anualmente, na sua temporada de férias, em maio e junho, e no Regency, em Nova York, onde ia, em outubro, novembro, sempre com a amiga Evelina Chamma”, diz Hildegard.
 
Sabia retribuir os convites para festas memoráveis nos salões baianos e cariocas. “Era convidada frequente de jantares e almoços de Lily de Carvalho Marinho, Ruth Pinheiro Guimarães, Astréa Campos da Silva e Evelina. O que era mais agradável em sua personalidade era seu surpreendente senso de humor, sob o véu da austera grande dama social”, acrescenta a colunista Hildegard Angel.
 
*Colaborou Meire Oliveira
 
Fonte: http://atarde.uol.com.br/cidades/noticia.jsf?id=5833634&t=Morre+aos+99+anos+ex-presidente+do+Grupo+A+TARDE

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