sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Entenda como o Banco Panamericano mergulhou na dívida de R$ 2,5 bilhões


O Banco Panamericano anunciou nesta terça-feira (9) que receberá um empréstimo de R$ 2,5 bilhões do Grupo Silvio Santos, seu acionista controlador, para equilibrar as contas da instituição financeira.

A fonte dos recursos será o FGC (Fundo Garantidor de Crédito), uma reserva guardada pelos bancos brasileiros para garantir crédito a acionistas e clientes em caso de problemas com algum associado. O Grupo Silvio Santos, por sua vez, deu como garantia de pagamento para o empréstimo todos os seus bens.

O patrimônio do empresário
Silvio Santos inclui, além do próprio banco, as lojas do Baú da Felicidade, a marca de cosméticos Jequiti, a rede de TV SBT, o Centro Cultural Grupo Silvio Santos, a imobiliária Sisan, a Liderança capitalização (administradora da Tele-Sena), a Braspag (empresa de pagamentos para e-commerce e call center), o Auto Moto Shopping Vimave (venda de veículos) e o Guarujá Jequitimar (hotel), entre outros.

No total, as garantias somam R$ 2,7 bilhões.
O Grupo Silvio Santos terá dez anos para liquidar a dívida com o FGC, com carência de três anos – ou seja, a cobrança só começa após esse prazo. Não haverá incidência de juros sobre esse dinheiro, somente reajustes a partir da inflação do aluguel, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado). Em setembro, o empresário se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, e supostamente, naquela ocasião, discutiu uma ajuda financeira para o banco, que dava indícios de dificuldades para fechar as contas - fato que foi negado por Lula.

Nesta quarta-feira (10), começaram a surgir as principais hipóteses para o “golpe do baú” no braço finance
iro do império de Silvio Santos. A principal suspeita do mercado seria uma suposta fraude nos resultados da empresa - feita por diretores - para melhorar os bônus que os executivos recebem no fim do ano. Essa fraude de R$ 2,5 bilhões, que quase levou o banco Panamericano à falência, pode ter começado há três ou quatro anos, segundo investigação do BC.

Entenda a fraude
O Panamericano, que sempre teve como pilar as operações de crédito consignado e de financiamentos de veículos e de imóveis para as classes C e D, vendia carteiras de crédito para outros bancos - entre eles, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e HSBC -, mas não dava baixa no balanço. Como o banco não levantava os recursos para empréstimos por meio dos depósitos feitos por correntistas, ele vendia parte de suas carteiras, que são como um “pacote” de empréstimos que têm um prazo para ser totalmente devolvido.

Como o banco quer o dinheiro no menor tempo possível, ele “vende” o prazo.
Imagine um pacote de empréstimos que vale R$ 10, mas que será devolvido em R$ 1 por ano, ou seja, nos próximos dez anos. Para ter o dinheiro já, o banco vende tudo por R$ 5 agora, embolsa esse dinheiro e quem comprou assume o risco de os outros R$ 5 serem pagos.

O que ocorreu foi que parte dessas carteiras, mesmo já repassada adiante, continuava entre os ativos do banco, sendo considerada como “pronta para ser vendida”. Mas, na verdade, ela não pertencia mais ao banco.

Fonte:http://noticias.r7.com/economia/noticias/entenda-como-o-banco-panamericano-mergulhou-na-divida-de-r-2-5-bilhoes-20101112.html

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