
O relatório Mulheres do Mundo 2010, publicado pela ONU (Organização das Nações Unidas) nesta quarta-feira (20), mostra que há 57 milhões de homens a mais que mulheres em todo o mundo. A informação contradiz o mito de que o sexo feminino é predominante. Mas há grandes diferenças entre regiões: enquanto faltam homens na Europa, eles são maioria na Índia, por exemplo.
Veja o álbum sobre a situação das mulheres no mundo
O estudo aponta que, na maior parte dos países, existe mais  concentração de mulheres do que de homens. É o caso do Brasil, onde há  97 homens para cada 100 pessoas do sexo feminino.
No entanto, nos lugares mais populosos do mundo - como China, Índia e  Bangladesh - a proporção de homens é maior, desequilibrando o número  global. Entre os chineses, por exemplo, há 108 indivíduos do sexo  masculino para cada 100 mulheres. Na Índia, a proporção é de 107 para  100.
A pesquisa indica que tal disparidade “pode ser uma consequência de uma  preferência nesses países para se ter filhos homens, em vez de mulheres,  e a detecção precoce do sexo do feto, que leva a abortos”.
Na China comunista, a política do filho único para controlar o  crescimento da população completou 30 anos no mês passado. Ela gerou uma  onda de abortos maciços e assassinatos de bebês mulheres. A ONU aponta  que o número total de meninos chineses com até 20 anos excedia em quase  21 milhões o de meninas no ano 2000.
Mas as mulheres continuam sendo a maioria entre a população idosa em  todas as regiões do mundo. Elas são mais de 50% da população total com  mais de 60 anos. A pesquisa destaca o caso do Leste Europeu, onde a taxa  é de 63%, e do sul da África, que concentra 59% de idosas.
Mulheres morrem mais por doenças cardiovasculares
Outro mito derrubado pelo relatório é em relação à saúde da população. O  documento diz que “as mulheres são mais propensas a morrer de doenças  cardiovasculares, especialmente na Europa”. Dados de 2004, compilados  pelo relatório, mostram que, naquele ano, 32% das mulheres morreram de  doenças do coração, contra 27% dos homens.
Sobre o consumo de álcool, um levantamento feito em oito países em  desenvolvimento mostra que os argentinos tiveram o maior índice de  bebedores frequentes: perto de 90% das mulheres e quase 100% dos homens,  entre 18 e 29 anos.
O Brasil aparece em quarto lugar entre os oito países pesquisados, com  pouco mais de 40% das mulheres e 60% dos homens dizendo beber  usualmente, na mesma faixa de idade. Em último, ficou a Nigéria, país em  que metade da população segue o islamismo, que proíbe bebidas  alcoólicas.
Ao menos 12% já sofreram violência física
As mulheres continuam sendo as maiores vítimas da violência no mundo. Ao  menos 12% delas sofreram abusos físicos ao menos uma vez na vida,  mostra o relatório.
Em algumas regiões, como a Zâmbia, o índice chega a 60%. No Brasil, onde  agora são protegidas pela lei Maria da Penha, 30% delas já sofreram  algum tipo de violência sexual do próprio parceiro.
A mutilação genital feminina, ainda comum em países muçulmanos do norte  da África, vem diminuindo. Mesmo assim, em vários países a porcentagem  de mulheres ente 15 e 49 anos que foram submetidas à mutilação genital é  extremamente alta. Na Guiné e Eritreia, por exemplo, a taxa se aproxima  de 100%.
Mulheres estudam e ganham menos
Embora tenha aumentado o número de meninas no ensino primário, de 79% em  1999 para 86% em 2007, a desigualdade entre os sexos ainda continua.
Em alguns países no qual a fé e costumes islâmicos são a base da  sociedade, como no Paquistão, quase 70% das meninas estão fora da  escola.
Elas também ganham menos que os homens e fazem jornadas de trabalho mais  longas. O salário das mulheres representa, em média, de 70% a 90% do  que ganham seus colegas do sexo masculino.
Mesmo com avanços, poder está concentrado em mãos masculinas
Embora a desigualdade tenha diminuído em vários quesitos, como mostra o  relatório, a diferença entre os sexos em cargos de poder ainda é grande.  Em 2009, apenas 14 mulheres ocupavam a posição de chefe de governo ou  de Estado entre todos os países do mundo.
Nas empresas, só 13 das 500 maiores corporações do mundo têm uma mulher no cargo de principal executivo.
O primeiro país a ter conseguido um equilíbrio de gênero no Parlamento  nacional é a Ruanda, com as eleições de 1995. Isso pode ser  atribuído "em parte ao foco e coordenação dos esforços para resolver a  questão de gênero durante a reconstrução após o conflito político [que  levou a um massacre], também associado ao fato de a maioria dos  sobreviventes do conflito anterior ser de mulheres”.
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