segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A lição que vem das urnas


Paulo Roberto Sampaio-Diretor de Redação

A primeira e grande lição que vem das urnas este ano no Estado é que a Bahia mudou. Vive uma nova era, com um modelo novo de governar e este modelo foi aprovado pela maioria da sociedade. A reeleição do governador Jaques Wagner não pode ser considerada apenas consequência de uma onda vermelha, como teria ocorrido há quatro anos. Desta vez, a onda não passou de uma marola e o que realmente empurrou o governador para mais um período à frente dos destinos do Estado foi o trabalho realizado e as prioridades eleitas para emblemar o seu governo.

A vitória obtida em 1º turno é a afirmação da velha máxima defendida por Wagner de que a Bahia é ‘a terra de todos nós’, aliando, para isso, desenvolvimento com democracia e inclusão social. Verdade que os resultados contabilizados neste primeiro mandato poderiam ser melhores. Wagner perdeu parte da primeira metade do seu governo arrumando a casa e se não foi feliz na escolha de alguns auxiliares, fruto da devoção ao aparelhamento da máquina, mania equivocada do seu partido, teve o bom senso de extirpar aqueles que ao seu lado estavam apenas por possuir uma estrelinha no peito. E aos poucos sua gestão foi se firmando como realizadora.

A vitória ora conquistada, dizem seus aliados, foi do povo. Dos herdeiros do dois de julho, que reafirmaram a vocação democrática e libertária da Bahia. E sem dúvida foi mesmo. Erros ou defeitos observados na atual gestão, um fato é inequívoco: a Bahia é hoje uma terra livre e prevalece o princípio republicano. Wagner cumpriu, enquanto governador, a essência do seu discurso ainda em 2006 e esta conquista ninguém a tira dele.

A esquerda democrática, ainda que salpicada de antigos integrantes do centro e até da direita conservadora, provou que está no caminho para a construção de uma Bahia forte e reconhecidamente desenvolvida. Um modelo de gestão que tem como prioridade fazer mais por quem mais precisa.

A vitória de Jaques Wagner, a eleição dos dois senadores – Walter Pinheiro e Lídice da Mata –, a expressiva votação da petista Dilma Rousseff para Presidência da República e a conquista da maioria das bancadas parlamentares consolidaram a hegemonia política na Bahia do governador, iniciada em 2006.

Os que não souberam entender sua proposta acabaram ficando pelo meio do caminho e, neste caso, dois grandes tropeços se evidenciaram: o do ex-ministro Geddel Vieira Lima, que ao romper com o antigo aliado imaginou construir com pernas próprias o caminho para o poder no Estado, e o do senador Cesar Borges, que trocou uma eleição certa por uma aventura desastrosa e pagou talvez o preço mais caro neste pleito.

Enfim, assim é a política. Dos derrotados espera-se que saibam assimilar o recado das urnas e construam ao longo dos próximos anos um discurso que venha efetivamente ao encontro dos anseios da sociedade. Ao governador reeleito, que abdique, de vez, do caminho do aparelhamento do Estado para que a Bahia possa crescer com grandeza como esperam todos os baianos.

Fonte: http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=61255

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