Temer e seu governo não passam
recibo mas sabem que a greve geral desta sexta-feira terá
conseqüências. O recado foi claro: é ampla e geral a insatisfação dos
brasileiros com as reformas que tiram direitos e com os rumos do
governo. E sabendo ler um recado social tão claro, muitos deputados não
votarão a favor da reforma previdenciária. Ainda mais se governo
cumprir a ameaça de demitir os apadrinhados dos que votaram contra a
reforma trabalhista ou dela se ausentaram, substituindo-os por indicados
de governistas leais.
O recado foi claríssimo. O país
parou, o centro funcional das grandes cidades ficou vazio, os
transportes não rodaram, as lojas que abriram pela manhã desistiram,
escolas públicas e particulares não tiveram aulas e o serviço público
não teve expediente, inclusive em Brasília, noves fora os gabinetes de
Temer e dos ministros. Apesar destas evidências, o ministro da Justiça,
Osmar Serraglio, avaliou a greve geral como “um grande fracasso”. Ele
sabe que não foi e sabe também que não pode passar recibo. Mas a verdade
é que as coisas ficarão mais difíceis para o governo no Congresso,
especialmente na votação da reforma previdenciária. O deus mercado, a
quem o governo serve, e que já se havia ressabiado com a vitória pífia
na reforma trabalhista, deve ter entendido isso também.
A situação já não foi fácil para
Temer na na votação da reforma trabalhista, na quarta-feira, quando o
governo obteve 296 votos, precisando de apenas 257. Tratava-se de um
projeto de lei. Mas para aprovar a emenda constitucional da
Previdência, precisará de 308 votos, e para este quórum, naquela votação
faltaram 12 votos. Além dos que votaram contra, 40 governistas não
compareceram. Ora, se não quiseram se expor na trabalhista, porque irão
comprar briga com eleitorado votando a favor de uma reforma ainda mais
odiada, como a previdenciária, e depois de uma manifestação tão forte
como a desta sexta-feira?
Na quarta-feira, como o placar
mostrou, Temer teria perdido se o que estivesse em pauta fosse uma PEC. E
o risco de derrota aumentou muito depois da greve geral. Se ele
retaliar governistas demitindo indicados, será pior ainda. Quando o
Planalto usa o chicote contra as bancadas, o resultado quase sempre é o
aumento da insurgência. Ainda mais quando as ruas dizem aos deputados,
como disseram com a greve geral, que elas vão cobrar nas urnas o voto
que derem agora.
Fonte: http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/292849/Greve-geral-aconteceu-e-afetar%C3%A1-novas-vota%C3%A7%C3%B5es.htm
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